17º dia – de Ciudad Guayana a Caracas

Depois da bagagem pronta demorei mais que queria para sair do hotel. Já eram mais de 8h quando estava entrando no posto de gasolina próximo ao hotel. Havia uma fila enorme de carros, que chegava a mais de 200 metros. Resolvi ver se atendiam moto sem entrar na fila.

Entrei cheguei perto da bomba e perguntei para o rapaz onde era a fila para motos. Ele apontou para um espaço à frente de onde eu estava, entre as duas filas de carro e disse para levar a moto até lá. Empurrei, abri rapidamente a boca do tanque e ele encheu de gasolina. Perguntei quanto era e ele disse para pagar qualquer valor. Peguei 5 notas de 100 mil soberanos, a moeda antiga da Venezuela que não vale nada e dei para ele. Na hora pensei que estava dando cerca de R$ 2,00. Na verdade dá cerca de R$ 0,03 para cerca de 7 litros de gasolina.

Fui para a estrada mais tranquilo com o tanque cheio.

Peguei uma pista duplicada muito boa. Não tinha rodado nem 3 quilômetros quando passei por um entroncamento onde dois soldados do exército estavam descendo de uma moto e começando a bloquear a estrada. Acabei passando e fiquei olhando pelo retrovisor qual seria o motivo. À frente vi alguns carros saindo da pista que eu estava, atravessando o canteiro central para retornar pela outra pista. Parei e vi que debaixo de um viaduto havia um grupo de pessoas bloqueando a estrada nos dois sentidos. Fogo foi ateado em alguma coisa, levantando muita fumaça. Segui os carros e parei perto de um grupo de pessoas que estava observando do outro lado da pista. Um deles disse que era uma manifestação de trabalhadores. Depois disse que moto não tinha problema que eu poderia seguir. Meio desconfiado, fui para a pista marginal do outro lado e segui devagar até o viaduto. Havia uma passagem entre os manifestantes e eu segui por alí. Ninguém impediu, então segui em frente e passei.

Mais à frente um grupo vinha se juntar ao que bloqueava a estrada empunhando bandeiras com a sigla MST. Segui viagem, passando por pneus queimados debaixo de outro viaduto, mas não havia ninguém por perto.

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Segui pela estrada duplicada por cerca de 50 quilômetros, quando ela virou pista simples. Em estado regular, com alguns buracos e irregularidades que deixavam a condução desconfortável.

Depois peguei pista duplicada novamente, mas por uma distância curta. Pista simples com muitos buracos, trânsito de muitos carros e caminhões. Um leve chuvisco que não chegou a molhar, mas ajudou a aliviar um pouco o calor, que estava forte.

Parei na cidade de El Tigre, onde parei em um posto onde não havia fila. A mesma resposta para quanto era. Pague o quanto quiser, o valor é tão baixo que não custa nem metade de um copo de água. Dei 10 soberanos para o frentista, o equivalente a R$ 0,68.

Comprei duas garrafas de água mineral de 500 ml de uma menina que estava no meio da pista pelo equivalente a R$ 5,40, caro para os padrões venezuelanos. A moeda aqui me faz muita confusão porque são duas em circulação com valor nominal alto e cotação muito baixa.

Não passei por nada interessante no dia para fotografar, exceto uma ponte muito bonita que atravessa o rio Orinoco, mas procurei o mirante e não consegui localizar, apesar de haverem placas no local.

Viagem de moto Venezuela 01

Passei também por uma espécie de templo, em frente ao qual tirei uma foto da moto. O litoral eu só vi de relance e o mar não estava na cor azul que caracteriza a região caribenha.

O GPS é que me pregou uma peça ao me desviar para uma estrada vicinal ao invés de um trecho de autopista. Bonita a estrada, muito arborizada. Mas um soldado do exército me disse que a região que eu passava era perigosa, por isso não deveria parar de forma alguma.

Esse soldado, inclusive, me deixou estressado hoje. Mais cedo fui parado por um soldado da Guarda Nacional que pediu os documentos e quando viu minha habilitação disse que ela não valia na Venezuela. Respondi rispidamente que valia sim, Senhor, tanto quanto uma habilitação venezuelana vale no Brasil. Ele ficou calado e me liberou de imediato. Quando cheguei no posto de controle do soldado acima, ele me parou, pediu que eu abrisse o baú traseiro e começou a remexer em tudo e deixar revirado. Eu perdi a paciência e falei que não era contrabandista, era turista visitando o seu país e turistas trazem dinheiro e emprego para o povo, por isso eles deveriam ter mais respeito com os turistas e não ficar desconfiando. Ele assustou, parou de mexer e só pediu para abrir as malas laterais, sem mexer em nada e me liberando em seguida.

Depois que saí dessa estrada vicinal peguei uma ótima estrada duplicada, com alguns buracos que exigiam atenção, mas a viagem rendeu bem a partir desse momento.

Em Caracas procurei um hotel bom para gastar o que estou economizando com a gasolina. Amanhã vou tentar chegar à fronteira com a Colômbia. Vamos ver se consigo sair cedo.

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