16º dia – de Salto Kama Mero a Ciudad Guayana

Neste dia tentaria percorrer a maior distância possível em direção ao norte da Venezuela, mas a preocupação com a gasolina ainda permanecia. Vários postos não tinham combustível e quando tinha ou estava para receber havia filas enormes esperando abastecimento.

Antes de sair voltei à cachoeira e encontrei quatro carros 4×4 estacionados com barracas de camping no teto. Não tinha escutado eles chegarem durante a noite.

No início eu continuei percorrendo a Gran Sabana, com neblina molhada e fria. Depois a estrada me fez descer por muitas curvas atravessando uma floresta densa e úmida. A temperatura, por causa da garoa que caía, ainda era amena. As curvas eram fechadas, a estrada tinha alguns buracos de demandavam atenção. Para piorar, muito óleo derramado na pista molhada. Carros velhos, caindo aos pedaços, com gasolina muito barata não motiva o proprietário a consertar o vazamento.

Passei por mais postos com filas e não parei. Ainda tinha gasolina suficiente para percorrer uma boa distância.

Agora a estrada passava por uma região de baixa altitude e a temperatura subiu. Cheguei a uma cidade chamada Quilômetro 88. Ruas esburacadas, lama em toda parte e muito movimento de carros, motos e pessoas. Procurei o posto e disseram que não tinha gasolina. Um senhor exibia duas garrafas de combustível sobre caixotes. Fui lá e comprei os 7 litros que ele tinha por um preço muito baixo.

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De volta à estrada, os buracos aumentaram. Algumas pessoas “adotam” buracos colocando terra sobre eles e pedindo contribuições de quem passa. Pessoas vendem produtos nos muitos quebra-molas que existem em cada vila que a estrada corta. Muitas barreiras militares, mas fui parado apenas uma vez pelo exército. Quebrei a regra de não olhar para os militares, o soldado me mandou parar e revistou toda a bagagem.

Vi ao longo da estrada várias pessoas vendendo gasolina em garrafas pet, mas achava melhor comprar diretamente na bomba.

Segui viagem até a cidade mineira de El Callao. Na entrada da cidade ultrapassei o caminhão que chegava com o precioso líquido. Fui para o posto e havia uma fila enorme de carros esperando. Me indicaram esperar em cima da calçada, pois a fila para motos era diferente. Em poucos minutos havia dezenas de motociclistas ao meu lado. Muitas perguntas sobre a moto e a viagem. Um discurso a favor do nacionalismo do Maduro. O cara disse que eles tinham liberdade de falar e criticar o governo, enquanto que no Brasil as pessoas eram vigiadas e não tinham liberdade para protestar.

Uma confusão na hora de começar o abastecimento. Soldados do exército tentavam controlar a fila, mas não conseguiam, carros, motos furavam com a conivência de empregados do posto. Finalmente consegui abastecer e nem me cobraram o combustível.

Viagem de moto pela Venezuela 07

Uma parada para descansar e conversa com pessoas. Todos repetindo as mesmas advertências para não viajar à noite, não parar em qualquer lugar e não parar de forma alguma se alguém pedir ajuda na estrada.

Muito calor e estrada esburacada. Difícil transitar com tranquilidade por causa da possibilidade de bater as rodas em um desses buracos. Cada cidade maior que passava crescia o número de motos pequenas com 2, 3, 4 pessoas em cima, todos sem capacetes. Carros velhos, grandes, muscle car americanos dos anos 60, literalmente enferrujados e com peças amarradas por cordas. Mas também tem carrões novos, grandes pickups e SUVs transitando em altas velocidades. Alguns parados no acostamento com a suspensão danificada.

Cheguei a Ciudad Guayana e resolvi ficar por aqui. Rodei um pouco pela cidade, em uma região comercial bonita e organizada, com shopping centers e edifícios modernos e encontrei um da rede Best Western. Caro para os padrões locais, mas precisava de um pouco de luxo para recuperar as energias.

Jantei em um dos restaurantes do térreo do hotel. Amanhã tenho que procurar combustível.

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