18º dia – de Caracas a Santa Bárbara

O plano para o dia previa percorrer cerca de 860 km entre Caracas, a capital da Venezuela, e a cidade de Cúcuta na Colômbia. Um grande desafio, ainda mais considerando as estradas que tinha percorrido nos últimos dias, que não permitiram a viagem render como gostaria.

Com esta meta na cabeça, saí do ótimo hotel onde estava hospedado na capital e fui para a estrada. Percorri as ruas do centro da cidade, ainda tranquila por causa do horário. O comércio ainda não tinha aberto. Poucas pessoas caminhavam nas calçadas. Numa larga avenida, o fluxo de carros era maior, mas não atrapalhou minha passagem.

Tinha incluído na rota do GPS um posto de gasolina que ele indicava que estava na rota ativa. Peguei a autopista e o aparelho indicou entrar em uma alça para o posto. Abasteci rapidamente e voltei para a estradinha. Mas não tinha retorno por perto, de forma que tive que percorrer uma longa distância até conseguir pegar um retorno que era até arriscado. A estrada corta uma favela da capital. A passagem pelo local foi tranquila, mas ao retornar havia um grande número de carros que andavam vagarosamente, de forma que tive que percorrer cerca de 3 km pelo corredor.

De volta à autopista, uma excelente estrada, que percebi foi muito bem construída, mas aparentemente há algum tempo não recebe manutenção e alguns buracos começam a aparecer. O fluxo de veículos era intenso, mas a velocidade era alta. Mantive os 130 km/h com segurança e ainda era ultrapassado constantemente pelos veículos mais novos. A região de Caracas é muito bonita, com montanhas cobertas de florestas.

Passei por Valência e Carabobo, onde a auto pista deu lugar a uma estrada de mão dupla. Deste ponto em diante ficou mais lenta a progressão. Pista simples, muitos caminhões e quebra molas, muitos. Na entrada e na saída de cada vila. E também os postos de controle da polícia, Guarda Nacional e Exército. Nenhum deles me parou neste dia, usei a técnica de olhar para o outro lado, ensinada pelo pastor que conheci quando entrei na Venezuela, Em Santa Helena.

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Parei na sobra em uma dessas pequenas vilas que passei e logo depois parou um carro com uma família dentro perguntando se precisava de alguma coisa. Agradeci falando que parei para beber água e eles seguiram viagem. Pouco depois parou em belíssimo Mustang preto. O motorista, José Manoel, também perguntou se precisava de ajuda. Disse que era motociclista também. Perguntou para onde ia e disse que tinha um primo motociclista em Barinas, onde eu passaria, que poderia me ajudar com gasolina se precisasse. Por coincidência, conhece o Edgardo, motociclista venezuelano com quem troquei mensagens antes de iniciar a viagem. O José Manoel me passou seu cartão e disse que se precisasse de qualquer coisa era para ligar. Voltamos a nos encontrar em um posto de gasolina mais à frente, onde parei para abastecer.

A viagem continuou mais lenta que gostaria, mas pelos cálculos, conseguiria chegar a Cúcuta por volta das 17h. Só que não deu. Quando cheguei a Barinas, passei por 4 postos e nenhum tinha gasolina. Havia filas com carros, caminhonetes e caminhões esperando o líquido chegar, sem previsão. Tinha combustível no tanque que daria para rodar mais de 150 km, mas achei melhor não seguir, pois a notícia era de que até a fronteira a situação era pior. Continuei rodando procurando um posto até encontrar um onde havia uma grande fila. Entrei pela contra-mão na frente de um soldado da Guarda Nacional, mas ele não falou nada. Tinha uma fila de motocicletas e entrei nela. Abasteci, paguei o equivalente a R$ 0,30 pelos 7 litros que o frentista colocou no tanque e voltei para a estrada. Com a procura e espera na fila, perdi mais de uma hora. Não daria para chegar à fronteira de dia.

A cidade tem uma ótima estrutura, passei em frente a hotéis com ótima aparência, mas ainda era cedo para parar. Segui viagem.

Viagem de moto pela Venezuela

A gasolina que tinha no tanque dava para chegar à fronteira, mas fui observando os postos para ver se algum deles tinha gasolina. Se tivesse, pararia para ter maior segurança para viajar. Mas nenhum tinha. E passei por vários.

A estrada passou a acompanhar uma cadeia de montanhas. É um trecho da Cordilheira dos Andes que se divide e chega à Venezuela. As montanhas apareciam negras no horizonte e cobertas por nuvens espessas.

Na cidade de Socopo vi dois hotéis com excelente aparência, mas queria rodar um pouco mais, pelo menos até 17h. Estabeleci que a partir das 16h30 pararia no primeiro hotel de boa aparência que encontrasse à beira da estrada. Encontrei um na cidade de Santa Bárbara. Simples e com cheiro forte de cigarro no quarto, mas suficiente para uma noite. Apesar das dificuldades consegui percorrer 660 km neste dia.

Para jantar, caminhei à beira da estrada até uma venda, onde um casal fazia pratos prontos. Pedi um que eles chamaram de parrillada. Carne de boi assada na grelha, com alface picado, tomate, beringela à milanesa, queijo ralado e molho.

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