25º dia – Mendoza – Villa Maria

Foi ficar um dia sem elogiar a motoca e ela fez birra e tentou me deixar na mão no meio do nada. Mas com uma conversa ao pé do tanque, um pouco de carinho e criatividade, conseguimos fazer as pazes e seguir nossa viagem pela Argentina e em direção ao Brasil.

Viagem de moto Argentina

Peguei estrada antes das 8 horas. Uma belíssima estrada, duplicada e bem sinalizada. Como ia na direção nordeste, o sol batia bem de frente e dificultava a visão em alguns momentos. Andei muitos quilômetros vendo à minha direita as montanhas da Cordilheira dos Andes e uma em especial, com o pico nevado, imagino que era o Aconcágua.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Planejei abastecer na cidade de La Paz, mas quando cheguei ao posto havia uma fila imensa, que saia do posto, percorria a marginal e entrava pela estrada. Parei no acostamento e passou um caminhão com placa do Brasil buzinando. Olhei no GPS e vi que a cidade de San Luis estava a uma distância que eu tinha autonomia para percorrer sem problema. E mostrava muitos postos naquela cidade. Segui em frente.

Viagem de moto Argentina

Pouco depois a estrada voltou a ser duplicada e com postes de iluminação em toda a sua extensão, até chegar à capital da província. Limite de velocidade de 120 km/h. Dessa vez a estrada percorria uma região com muita plantação de milho, soja, alfafa e criação de gado.

Cheguei a San Luis e entrei na cidade para abastecer. Nesse posto haviam muitas motos, parecia um encontro. Segui viagem e vi que na estrada, depois da cidade, havia um posto que se tivesse deixado para abastecer nele não precisaria entrar na cidade. Alguns trechos em obras, com desvios por estrada de terra, mas curtos. Em seguida, outra estrada excelente, igualmente duplicada, iluminada e com limite de 120 km/h.

Depois peguei uma estrada simples, mas bem conservada, movimentada, mas longas retas que permitiam as ultrapassagens com facilidade.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Parei para abastecer na cidade de Las Perdices. Quando fui ligar a moto, ela não ligou. Girei a chave, mas não dava sinal de vida, não acendia nada. Quando girava para o lado contrário, o que permite ligar acessórios, ela funcionava, mas para o lado da ignição não dava nenhum sinal. Imaginei que era um problema de mal contato na chave de ignição. Peguei as ferramentas e desmontei o painel. O frentista do posto veio olhar o que eu estava fazendo. Enquanto mexia na moto ele conversava. Falava rápido e eu não entendia metade do que ele falava. Mas entendi que na cidade havia um cara que tinha uma Harley e perguntou se queria que o chamasse para me ajudar. Agradeci e disse que iria tentar ver o que era primeiro. Tirei o plugue e vi que estava bem sujo. Limpei com o canivete, coloquei de volta, testei e nada. Fiz e refiz e nada. Coloquei fios de cobre sobre os contatos e também não funcionou. Será que é mesmo um problema na chave ou em outro componente? Resolvi fazer uma ligação direta usando um pedaço de fio que levo na bagagem e a moto ligou a injeção. Decidi seguir em frente com a ligação direta, sem a chave de ignição, que ficou guardada no alforje. Prendi o fio com fita isolante e segui viagem. Rômulo “MacGyver” em ação.

Viagem de moto Argentina

Andei alguns quilômetros e percebi que, apesar do motor funcionar aparentemente normal, velocímetro, hodômetro, setas e piscas não funcionavam. Comecei a ficar preocupado. Se esses componentes não funcionavam, outros também poderiam estar desligados, inclusive a bateria poderia não estar carregando e se descarregasse e faltasse energia para o módulo de injeção enquanto a moto estivesse em movimento poderia desligar o módulo e a moto parar de repente. Na cidade seguinte, Villa Maria, parei em um lugar para analisar melhor o que estava funcionando ou não. Farol, lanterna e farol de milha estavam funcionando, mas nada do painel, exceto o LED do ponto morto. Parecia que o motor havia ligado com a chave de ignição na posição acessórios. Resolvi seguir para um hotel e pensar com calma o que fazer. Ao ligar a moto, uma engasgada, mas funcionou em seguida.

Segui para o centro da cidade onde o GPS indicava alguns hotéis. O primeiro não tinha uma aparência boa. Fui para o seguinte onde fechei por uma noite. Me deixaram colocar a moto na lavanderia, entrando pela porta da frente. Manobra complicada. Não sei como tirar amanhã cedo.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Depois de um banho, peguei todas as ferramentas e a chave que estavam na moto, levei para o quarto e comecei a desmontar a peça. Tudo muito sujo e oxidado. Limpei as peças de cobre com uma lixa de unha, remontei tudo, levei e instalei na moto. Funcionou na primeira tentativa. Os últimos quilômetros não foram registrados no módulo.

Mais relaxado, fui a uma lanchonete onde pedi um caneco de Chope e um baita de um sanduíche.

{gallery}0115/caminho/maria{/gallery}


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *