Dia 10 – San Pedro de Atacama – Antofagasta

O trecho entre San Pedro de Atacama e Antofagasta era de 330 km. Pela primeira vez, o combustível do reservatório foi para o tanque da moto antes da saída, pois não havia necessidade de transporta-lo cheio.

A natureza selvagem do deserto de Atacama era sentida em cada curva da bem conservada e sinalizada estrada. No Chile, a velocidade máxima é de 100 km/h.

Ar seco e morno, a 23ºC. Um cachecol de tecido leve para impedir que a areia soprada pelo vento forte se acumule no pescoço. Óculos escuros e protetor solar no rosto.

Viagem de moto Bolivia Chile Argentina 076CH27: San Pedro de Atacama – Calama – Antofagasta

O deserto do Atacama é considerado o mais árido não polar do planeta, com cerca de 105 mil km²: 1.600 km de comprimento e 180 km de largura. Essa região, que até a Guerra do Pacifico (1879-1883) pertencia à Bolívia – que atualmente reivindica na corte da Haia acesso soberano ao Pacífico -, na qual o Chile combateu e venceu o Peru e a Bolívia, é rica em minerais como cobre, ouro, ferro, prata, salitre, lítio e outros.

Viagem de moto Bolivia Chile Argentina 076Antofagasta

A região combina aridez e nichos férteis em vales. Preponderantemente, a vegetação é escassa ou inexistente, em razão da influência da corrente de Humboldt, que apenas proporciona neblina pouco úmida denominada “comanchaca”. Há cactos, arbustos e outras espécies semidesérticas no meio de relevo conformado por montanhas e planícies multicolores que evidenciam o tipo de mineral nelas contidos. Por exemplo, o tom esverdeado indica cobre; marrom, ferro; branco, salitre, lítio e boro; rosado, prata etc.

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A cidade de Calama, distante 100 quilômetros de San Pedro de Atacama, é um oásis, literalmente, em razão do rio Loa, abastecido por aguas das montanhas. O abundante minério de cobre e o rio Loa que a banha se unem e dão nome ao conhecido no Brasil time de futebol chileno: o Cobreloa. A cerca de 20 km da cidade, há o maior parque de energia fotovoltaica do Chile e os seus painéis solares se estendem ao largo da rodovia por muitos quilômetros. Em vários pontos da rodovia, especialmente na Ruta 5, também há parques com geradores eólicos. Se o vento no deserto do Atacama já é forte, nesses locais são ainda mais fortes. Por isso, aí estão instalados, obviamente.

Em Calama, tentou-se, sem sucesso, adquirir o seguro obrigatório chileno denominado SOAPEX, para veículos com placa estrangeira. Na internet, diz ser obrigatório no Chile, mas o sistema impedia inserir placa do Brasil. Na fronteira, deixaram passar sem exigi-lo. Obrigatório ou não obrigatório? Na dúvida, foi possível adquiri-lo na cidade seguinte, Antofagasta, na agência de turismo governamental. Custou USD$ 12, por até 10 dias (o prazo mínimo). Não foi exigido em nenhum momento.

Viagem de moto Bolivia Chile Argentina 076Antofagasta

Reabastecido em Calama, rumo à próxima parada, com pernoite: Antofagasta. Pouco depois de Sierra Gorda, a rodovia se une à Ruta 5, a Panamericana, a mais longa do Chile. Os cerca de 20 km da R5 até Antofagasta, no litoral, foram muito frios. A neblina cobria a visão e, às 16h30, a pilotagem passou a ser por instrumentos: a tela do GPS mostrava o contorno da estrada. Era a “comanchaca” ao vivo.

Viagem de moto Bolivia Chile Argentina 076Antofagasta

A porção litorânea de Antofagasta é muito agradável e a primeira visão do Pacífico renovou o ânimo da viagem. Pelicanos, gaivotas e outras aves e leões marinhos são avistados em colônias formadas em rochas a beira-mar.

A opção foi buscar por hotel próximo ao mar, com restaurante especializado em frutos do mar. Antes disso, um rápido passeio de moto mostrou o velho porto, o mercado de peixe, as estações ferroviárias antigas e modernas (o cobre ainda é exportado por essa cidade) e muitas empresas com nomes da Ásia. Afinal, é para lá que a cidade está voltada e naturalmente vocacionada.

Risoto marinho e salmão ao molho de camarão foram os escolhidos para o jantar, acompanhados de Pisco sauer.

Buenas noches.


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