4º dia – Nako – Kaza

Acordei muito cedo, perto das 4 horas da manhã e fiquei fazendo hora na cama. Quando amanheceu eu saí para uma longa caminhada pelo entorno da vila que é pequena, mas tem uma boa quantidade de hostels, casas e um belo monastério budista com paredes de pedras. Quando retornei para o hotel o Ankur estava me esperando.

Comi Pharanta com chá e depois levei a bagagem para a moto. Quando saímos já eram quase 9 horas.

Viagem de Moto pelo Himalaia - Spiti Valley

A estrada que percorríamos era a NH 505 e tinha as mesmas características do dia anterior: estreita e de terra, cascalho, algumas poças d`água para atravessar e longos trechos com muitas pedras espalhadas sobre a pista. Alguns quilômetros depois pegamos asfalto, mas a viagem não rendia por causa da quantidade de curvas fechadas e buracos na pista.

Rodamos alguns quilômetros e tivemos que parar porque alguns trabalhadores iriam provocar um deslizamento de pedras de uma montanha. Esperamos alguns minutos debaixo de um sol muito forte. As pedras rolaram a encosta e logo liberaram nossa passagem por uma estrada coberta de pedras grandes e roliças.

Enquanto esperávamos a liberação da estrada, vários curiosos foram conversar com o Ankur para perguntar sobre nossa viagem e sobre mim.

Seguimos mais alguns quilômetros e numa encosta havia um engarrafamento. Passamos por vários carros e caminhões parados, muito próximos de precipícios e descobrimos que era um acidente, sem consequências graves. Um carro bateu de frente com um caminhão em uma curva fechada.

Seguimos viagem e quando passávamos por uma cidade havia novo bloqueio, dessa vez para obras na estrada. Passamos pelos carros parados, mas um caminhão bloqueava nossa passagem. Tivemos que parar e esperar liberarem a pista. Enquanto isso eu comecei a fotografar uma plantação de maçãs ao lado de onde estávamos. Alguém avisou ao motorista do caminhão que nos bloqueava e ele chegou seu veículo alguns metros para a frente, abrindo espaço suficiente para as duas motos passarem. Passamos pelo trecho em obras sobre muita lama e seguimos viagem.

Às 11h30 tínhamos percorrido cerca de 60 km. Chegamos à cidade de Tabo e paramos em um restaurante para comer alguma coisa. Descansamos um pouco e depois continuamos.

Viagem de moto pelo Himalaia - Spiti Valley

Apesar nas condições da estrada não serem boas, as paisagens do Himalaia pelas quais estávamos passando eram fantásticas. Vários picos nevados emolduravam o alto das montanhas arenosas. O verde existia apenas em vales próximos ao leito do rio Spiti. A altitude variava de 3 a 4 mil metros. Algumas encostas que percorríamos tinham inclinação incrível e o rio corria de 800 a mil metros abaixo da estrada, no fundo do vale. Em outros momentos a estrada acompanhava o rio muito de perto. A temperatura às vezes era amena, às vezes fria ou quente, variando muito durante o dia.

Depois que passamos pela cidade de Dhankhar, a estrada melhorou muito e conseguimos imprimir uma boa velocidade nas motos, entre 60 e 70 km/h. Mas não durou muito. Cerca de 20 km depois a estrada voltou a ficar muito difícil.

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Chegamos a Kaza por volta das 15 horas. Paramos no centro da cidade e o Ankur foi tentar comunicar com um conhecido, mas a internet não estava funcionando.

Finalmente ele conseguiu contato com o amigo que enviou o dono de um hotel até onde estávamos e nos guiou até o seu hotel. Muito simples, sem água quente, sem internet, mas um bom preço. Na hora que chegamos também não tinha energia.

O rapaz sugeriu ao Ankur que fôssemos com as motos até Hikkim, uma pequena vila nas montanhas onde ficava a agência dos Correios mais alta do mundo. Disse que ficava a cerca de 15 km e a estrada era muito boa. Pegamos as motos e seguimos o caminho que ele havia indicado. Os 7 primeiros quilômetros que percorremos foi por uma estrada boa realmente, mas o asfalto acabou e começou um cascalho bravo. O lugar não chegava nunca. Saímos às pressas e eu acabei esquecendo de colocar as luvas. Na medida em que rodávamos, subíamos as montanhas e esfriava. O sol começou a se pôr e esfriou mais ainda. Resolvemos retornar, pois não achamos o lugar e minhas mãos estavam congelando.

Viagem de Moto pelo Himalaia - Spiti Valley

Chegamos à cidade já de noite e eu morrendo de frio. Quando chegamos à rua do hotel que estávamos, acabei freando com a roda da frente em cima de um cascalho solto sobre o asfalto, a moto tombou em câmera lenta e eu saí “catando cavaco”. Não tive nenhum arranhão, mas tomei um bom susto.

Fui tentar tomar banho, mas não consegui por causa do frio. Acabei apenas passando um pano molhado no corpo.

Estava acontecendo um festival no pátio de uma escola nos fundos do hotel. Subimos para a laje e ficamos vendo a movimentação e escutando a música alta. Aproveitei para tirar fotos do céu e da Via Láctea.

O Ankur me disse que no dia seguinte teria que iniciar o retorno para casa e queria que eu fosse com ele para atravessarmos a Kunjon Top juntos. Seria o trecho de estrada mais difícil e perigoso até então e ele não queria percorrê-lo sozinho. Eu tinha planejado ficar um dia na cidade para conhecer os monastérios budistas da região, principalmente o Ki Monastery e lhe falei que não poderia retornar no dia seguinte. Ele acabou concordando em seguir viagem sozinho. Percorremos 153 km no dia.

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