6º dia: Rio Branco – Puerto Maldonado

Acordamos cedo, tomamos um bom café da manhã no hotel que estávamos hospedado, o Gameleira, arrumamos a bagagem e quando íamos sair o dono do hotel nos perguntou se não queríamos lavar o para-brisas das motos. Estava tão sujo que ele ficou com pena da gente… Fomos muito bem atendidos neste hotel, recomendamos para quem passar por Rio Branco.

Pegamos estrada e foram 330 km de uma estrada simples, com pouco movimento, mas com trechos intercalados de muito bons com outros cheios de buracos. Mas conseguimos desenvolver bem a viagem, chegando na fronteira menos de quatro horas depois. Interessante é que de vez em quando passamos por umas placas enormes indicando “Perigo a X metros” e nenhuma delas vimos nada de anormal na estrada, enquanto que em outros lugares com uns buracos enormes não tinha sinalização nenhuma.

É importante salientar para quem planeja uma viagem por estas bandas que entre Rio Branco e Assis Brasil existe um posto a mais ou menos 80 quilômetros de Rio Branco e o seguinte fica 160 quilômetros depois, o que para motos de baixa autonomia pode ser um problema.

Tivemos que passar na Polícia Federal para carimbar nossos passaportes de saída do país. Era a primeira vez que isto acontecia comigo, das outras vezes não foi exigido. Depois fizemos a entrada na aduana peruana, um processo bem rápido que não demorou nem cinco minutos e quando fomos registrar a entrada das motos foi uma novela. Tivemos que tirar xerox do passaporte, do documento da moto, da carteira de motorista e de um documento recebido da imigração. Um fiscal que parecia que nunca tinha feito isto antes pegou os documentos conferiu demoradamente e depois foi preencher no computador nossos dados. Para cada campo era uma eternidade. Eu fiquei olhando agoniado sobre os ombros dele. Foi uma hora para cada moto. Perdemos duas horas de nossas vidas. E para piorar, no meio do processo ele começou a dar umas indiretas de que deveríamos ir tomar uma cerveza com ele… Como já havia lido a respeito deste sujeito através do relato de outros motociclistas que passaram por aqui, tirei 20 Reais da carteira e coloquei junto com os documentos. Se antes ele era ríspido e inconveniente passou a ser amável e interessado, mas não menos incompetente para preencher os documentos. Continuou a mesma moleza.

Liberados, pegamos uma ótima estrada, muito bem cuidada, sinalizada, com pouquíssimo movimento e margeada por uma floresta que começa a dar sinais de interferência do homem, mas bem mais conservada que no Brasil. Ao longo da estrada existem diversas pequenas comunidades de cinco a dez casas e em cada uma delas a estrada recebe em torno de cinco quebra molas. Como foram umas 20 comunidades, você faça as contas quantos quebra molas passamos nestes duzentos e poucos quilômetros. De tempos em tempos avistamos uma placas de limite de velocidade de 60 km/h sem nenhum motivo aparente. Estes foram fatores que tornaram a viagem mais lenta.

Na estrada encontramos uma quantidade enorme de pessoas conduzindo pequenas motos sem capacete e até com quatro pessoas em cima, os famosos tuc tucs e também muitos animais soltos, como bois, vacas e ovelhas.

Abastecemos pela primeira vez em território peruano e a aparência do griffo (posto) não era muito boa, mas não tinhamos opção. Não aceitava cartão, ou seja, pagamento só em “efectivo”. Sorte que havíamos feito câmbio de Reais em Soles na fronteira.

O dia foi o mais quente até agora em nossa jornada, pegamos chuva por uns 10 minutos faltando 40 km para nosso destino que na verdade foi um refresco para o calor.

E meu GPS, que já vinha dando uns sinais de erro, parece que pifou de vez. Provavelmente vamos ter que seguir viagem usando mapas de papel.

Estamos hospedados em um hotel muito bom, com umas espécies de cabanas interligadas que fica bem no centro da cidade, a maior desde a fronteira até Cuzco, nosso próximo destino. O hotel se chama Cabaña Quinta. Muito interessante, mas a internet é uma droga, cai toda hora e a velocidade é de tartaruga. Ficamos pela primeira vez num mesmo quarto porque não havia apartamentos individuais disponíveis. O hotel está cheio de uma excursão de americanos. Tem uma sinfonia de sapos no jardim.

Jantamos no restaurante anexo ao próprio hotel, pratos muito bons e baratos. Foi a comemoração pelo aniversário do Marcelo que foi hoje.

Números do dia:

Distância: 605 km
Total percorrido: 4.303 km
Consumo: 37,847 l
Média de 18,197 km / l
Preço médio: R$ 2,754 / l
Gasto combustível: R$ 104,25
Hospedagem: R$ 48,28
Lanches: R$ 10,00
Jantar: R$ 15,86

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