23º dia – Temuco – Los Andes

Peguei estrada com o céu nublado, temperatura agradável e prometendo chuva para o trecho da Rodovia Pan Americana que iria percorrer hoje no Chile. Os primeiros quilômetros da minha viagem foram com neblina fraca, que não chegou a atrapalhar a viagem, mas as mãos sofreram um pouco com o frio. E a motoca ultrapassou os 100.000 km na estrada.

Depois o céu abriu e apareceu o sol, que elevou um pouco a temperatura. A paisagem ao longo da Ruta 5 continuou monótona como ontem. E foi assim nas primeiras horas.

Viagem de moto Argentina

Faltando cerca de 70 km para chegar a Santiago, parei no acostamento para comemorar com minha motoca os seus 100.000 km percorridos. E o lugar não poderia ser melhor, na Ruta Nacional 5, famosa Via Pan Americana, cercado pelas montanhas da Cordilheira dos Andes. Desde que peguei esta Harley-Davidson Heritage Softail Classic com o meu amigo Paulo Góis, a três anos e 10 meses, ela foi a principal componente nas viagens que fiz pela América do Sul. Fizemos juntos vários passeios pelas cidades mineiras, paulistas e cariocas, percorremos estradas de 20 dos 26 estados brasileiros, atravessamos as dunas de Jericoacoara (literalmente), o Sul do Brasil, o sertão e o litoral nordestino, atravessamos a Cordilheira dos Andes em várias passagens, conhecemos o Peru, Bolívia, Chile (duas vezes) Argentina (duas vezes) Paraguai e Uruguai. Conhecemos o Machu Picchu, Salar de Uyuni, Deserto do Atacama, a Terra do Fogo, o Atlântico e o Pacífico, o Rio São Francisco e um monte de outros lugares lindos que nunca imaginei um dia conhecer. Além de chamar a atenção por onde passa ela nunca me deixou na mão nesse tempo todo. Às vezes me perguntam por que não troco minha moto por uma mais nova. Trocar para quê? Ela me leva onde quero. Confio nela. E com o dinheiro que teria que investir na troca, eu gasto com mais viagens.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Seguimos viagem. Ela ficou tão satisfeita com a homenagem que passou a consumir menos gasolina.

Um pouco adiante vimos um acidente que me pareceu bem grave. Um caminhão bateu em um carro, deixando-o muito danificado. Estavam tirando os ocupantes do carro quando passei.

Viagem de moto Argentina

Antes de entrar em Santiago, resolvi seguir em frente e adiantar um pouco a viagem, pelo menos para amanhã.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Parei na cidade de Los Andes, pedi indicação no Centro de Informações Turísticas. Um senhor que atendia ligou para um hotel e acertou pelo telefone uma vaga no Hotel Gênova. Quando cheguei na porta achei que tinha entrado numa furada, mas os quartos são muito bons e tem até piscina, onde entrei para tirar um pouco do calor. A água estava gelada.

Mais tarde saí para comer algo. Cheguei a uma praça onde havia uma feirinha, com várias barraquinhas vendendo bugigangas chinesas, fantasias de carnaval, frutas, sucos, comidas, tiro ao alvo, brinquedos e muito mais. Acabei comprando um suco de frutilla (Morango). Tamanho gigante.

Depois entrei em um restaurante próximo onde pedi um prato de lomo ao pobre. Gigante, não dei conta de comer tudo. O arroz estava muito bom, a carne também, mas os argentinos sabem fazer uma melhor.

{loadmodule mod_custom,Anúncios Google Artigos}

Ao chegar ao hotel recebi uma mensagem que me chocou. Me avisava que meu amigo e companheiro na viagem que resultou no livro A caminho do céu, o Marcelo Penna Guerra, havia falecido prematuramente hoje em Belo Horizonte. Há poucos dias trocamos mensagens e ele falava que gostaria de ter feito essa viagem comigo. Como estava com uma filhinha recém nascida, havia preferido não participar dessa aventura. Com certeza, se tivesse vindo, a viagem teria sido muito mais interessante e teríamos muito mais a falar quando voltássemos para casa. Que Deus me dê serenidade para continuar minha viagem e que conforte a sua esposa Renata e sua filhinha Isabela.

{gallery}0115/caminho/andes{/gallery}


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *