Hoje foi um dia nos Pirineus: entre castelos, curvas e cabras. Partimos de Pau (nome curioso, né?), uma charmosa cidade no sudoeste da França, aos pés dos Pirineus. Antes de seguir viagem, demos uma volta pela cidade e fomos conhecer o Château de Pau — um castelo imponente, bem no coração da cidade, que já foi residência de Henrique IV, o rei francês que ficou famoso por dizer que “Paris valia uma missa”. A cidade é linda, cheia de parques bem cuidados, monumentos históricos e uma vista privilegiada das montanhas ao fundo.





De lá, pegamos a estrada rumo a Arrout, passando por Lourdes, Bagnères-de-Bigorre e Bagnères-de-Luchon. Que trajeto incrível! Todas essas cidades estão cravadas na base dos Pirineus, aquela cadeia de montanhas que separa a França da Espanha e que guarda algumas das estradas mais espetaculares da Europa. Evitamos as autoestradas de propósito — preferimos seguir pelas routes départementales, que serpentem montanha acima e montanha abaixo, com curvas fechadas de tirar o fôlego. Algumas tinham mais de 180 graus e só mesmo na primeira marcha pra dar conta! E o asfalto? Impecável. Francês é caprichoso mesmo: tudo sinalizado, bem conservado, mesmo com a geografia desafiadora.

A primeira parada foi em Lourdes. E que loucura! A cidade estava lotada de peregrinos do mundo todo. E não é pra menos: foi aqui que, em 1858, a jovem Bernadette Soubirous disse ter visto a Virgem Maria numa gruta. Desde então, Lourdes virou um dos destinos religiosos mais visitados do planeta. Mas o movimento atrapalhou um pouco — calçadas e ruas tomadas por gente, o que tornou a passagem meio cansativa.


Seguimos então por Bagnères-de-Bigorre e depois Bagnères-de-Luchon, duas pequenas cidades termais que estavam no nosso roteiro mais pelas estradas do que por elas mesmas. Mas não se engane — ambas têm um charme particular. Bigorre, por exemplo, tem águas termais conhecidas desde os tempos romanos, e Luchon é famosa pelo seu vapor natural de enxofre, com spas históricos que já receberam nobres e artistas europeus. Atravessar essa região é como andar por um cartão-postal, com a paisagem mudando a cada curva.


Parávamos toda hora pra tirar fotos e filmar, claro. Isso atrasou um pouco a chegada a Arrout, uma vila tão pequena que dá pra contar as casas nos dedos — deve ter pouco mais de 20, no máximo. Foi lá que ficamos hospedados na casa de amigos do Vanildo.

E que experiência! Estávamos em uma autêntica vila francesa, aos pés dos Pirineus, com uma família que cria cabras e produz queijos artesanais e doces com frutas colhidas no próprio quintal. Eles também acolhem crianças carentes durante o verão. Um estilo de vida simples, mas cheio de propósito e beleza. Foi um daqueles dias que fazem essa viagem ser absolutamente inesquecível. Nunca imaginei que um dia viveria algo assim.


O dia amanheceu nublado, com uma garoa fina. Quando terminamos o café da manhã e arrumamos tudo, a chuva deu uma trégua. Mas como estava tudo molhado, vestimos as capas. Depois que o asfalto secou, tiramos. Em Lourdes, choveu outra vez — fraco, mas suficiente pra colocar a capa de novo. Minutos depois, parou, e tiramos mais uma vez. Não voltou a chover até Arrout, mas o frio apertou, e tivemos que reforçar as roupas pra segurar o tranco.

O vídeo abaixo mostra um pouco do que registramos nesse dia. As imagens falam por si só.
Números do dia:
- Distância percorrida no dia – 205 km
- Distância percorrida até o dia – 4.048 km
Despesas do dia:
- Café da manhã em Pau – 5,00
- Lanche (no lugar do almoço) – 4,50
- Gasolina – 19,20 Euros, 14,09 l, 1,363 / l, 303 km, 21,5 km/l
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