Hoje o dia foi incrível, mas o final deixou um gosto amargo. Saímos de Bordeaux, passamos por Bayonne e Biarritz, ainda na França, e cruzamos a fronteira com a Espanha, seguindo por San Sebastián até Bilbao, onde passamos a noite. Mas tivemos uma dor de cabeça inesperada com o hotel que havíamos reservado pela internet: um Fórmula 1.
Depois de um café da manhã reforçado, arrumamos a bagagem e pegamos a estrada. Eram cerca de 10h30, e o tempo estava fechado. Sem o sol, o frio apertou, obrigando-nos a vestir a segunda pele sob a jaqueta. Optamos pela autoestrada para acelerar a viagem, pois queríamos aproveitar o dia para conhecer algumas cidades pelo caminho.
A estrada, como as outras que pegamos na França, era impecável: asfalto liso, bem sinalizada e segura. No entanto, diferente das rodovias anteriores, esta estava cheia de caminhões, muitos com placas de Portugal e Espanha. Era um claro indício de que nos aproximávamos da Península Ibérica, atravessando uma das principais rotas de transporte de mercadorias vindas do norte da Europa.
Nossa primeira parada foi Bayonne, uma cidade charmosa que mistura influências francesas e bascas. Passeamos por suas ruas estreitas, ladeadas por prédios coloridos e repletas de vasos de flores. No centro, encontramos uma igreja do século XIII e uma feira de produtos artesanais no pátio interno, onde provamos algumas delícias locais.






De lá, seguimos para Biarritz, um sofisticado balneário no Atlântico francês. O lugar tem uma vibe parecida com algumas praias brasileiras, mas com aquele toque de elegância típico da França — até os guarda-sóis têm estilo. Aproveitamos para dar um mergulho e curtir a paisagem antes de seguir viagem.












Atravessamos a fronteira para a Espanha, nosso quinto país na viagem. A transição foi tão discreta que nem parecia uma mudança de país. Nada de placas ou avisos, nem mesmo uma oportunidade para aquela foto clássica na fronteira. Seguimos direto para San Sebastián, uma das joias do País Basco, conhecida por sua bela praia da Concha e sua gastronomia renomada. Ali, jantamos uma deliciosa paella de frutos do mar, um clássico da região.

Como de costume, fiz a troca da bandeira na moto: tirei a da França e coloquei a da Espanha. No entanto, pouco depois, enquanto jantávamos, uma manifestação pela independência do País Basco tomou as ruas. Diante da tensão, achei melhor esconder a bandeira espanhola antes de seguirmos viagem.


Uma curiosidade é que no País Basco se fala o euskera, um idioma totalmente diferente do espanhol. As placas de trânsito e as informações estão sempre nos dois idiomas, e algumas palavras parecem indecifráveis para quem não conhece.

Seguimos viagem sob chuva, o que nos fez reduzir o ritmo. Ainda bem que as estradas espanholas são excelentes. O tempo gasto nas cidades que visitamos foi maior do que prevíamos, e acabamos chegando a Bilbao depois das 23h.
E foi aí que nossa noite começou a azedar. Havíamos reservado um hotel Fórmula 1 pela internet e, ao chegar, encontramos uma placa informando: “Saí, retorno em 10 minutos”. O problema é que várias pessoas já estavam esperando muito mais do que isso. Quando a recepcionista finalmente apareceu, tivemos que aguardar a fila. Para nossa surpresa, ela pediu documentos de todos os hóspedes, inclusive crianças. Foi a primeira vez desde que entramos na Europa que exigiram nosso passaporte. O check-in demorou tanto que já passava da meia-noite quando conseguimos nosso quarto.
Para piorar, descobrimos que o preço anunciado na internet não incluía toalhas, sabonete ou internet. Quer uma toalha? São 3 euros. Sabonete? 5 euros. Internet? Mesma coisa. Achamos um absurdo, pegamos as toalhas e dispensamos o sabonete. Internet, nem pensar.
Quando entramos no quarto, veio outra decepção: era de fumante, e o cheiro de cigarro impregnado deixava claro que alguém havia fumado ali com a janela fechada. Além disso, havia apenas um travesseiro para a cama de casal, e o beliche não tinha roupa de cama nem travesseiro. Fui reclamar na recepção, mas a funcionária, de forma impaciente e quase grosseira, disse que estava tudo de acordo com os termos do contrato.
Já perto da 1h da madrugada, Vanildo foi tentar resolver a situação. Não sei como, mas ele conseguiu um travesseiro e um lençol. Ficamos ali, jurando nunca mais nos hospedar em um Fórmula 1.
Para completar a sequência de problemas, ainda tive um episódio digno de comédia (ou tragédia). Para quem não conhece, os hotéis Fórmula 1 são um modelo de hospedagem econômica, com quartos pequenos, banheiros compartilhados e serviços automatizados. Já estava exausto quando fui tomar banho. Entrei no box, fechei a porta, liguei o chuveiro e… a luz apagou. Enrolei-me na toalha, abri a porta, e a luz voltou. Comecei o banho de novo, e puf! Apagou de novo. Por algum motivo, o sistema desligava a luz depois de alguns segundos com a porta fechada. No fim, tomei o resto do banho no escuro e fui dormir, puto da vida.
Amanhã mesmo vou preparar uma mensagem para a Accor, dona da rede, reclamando do serviço. Economia não deveria ser sinônimo de descaso com o hóspede.

No vídeo abaixo, você confere as imagens que registramos durante este dia de altos e baixos.
Números do dia:
- Distância percorrida no dia – 346 km
- Distância percorrida até o dia – 3.553 km
Despesas do dia:
- Café da manhã em Bordeaux – 4,80
- Gasolina Bayonne – 20,98 Euros, 14,18 l, 1,48 / l, 294 km, 20,7 km / l
- Lanche Bayonne – 9,95
- Pedágio Bayonne – 2,00
- Pedágio Hendaye Biriatou – 0,90
- Pedágio Oiartzun – 1,95
- Jantar em San Sebastian – 20,00
- Churros em San Sebastian – 2,50
- Hospedagem Bilbao – 17,90
- Toalha Bilbao – 3,00
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