Dia 14 – Viña del Mar

Tomado o café matinal, às 9h, pela primeira vez na viagem, a moto estava sem os baús laterais. Apenas o Top Case foi mantido. Estava leve como há muito não ocorria. Os pneus estavam desgastados, especialmente o traseiro.

Pensou-se em substitui-los. Seria perda de precioso tempo, pois ainda estavam em condições seguras de uso.

Turismo pelas ladeirentas ruas da cidade, com motor e freio postos continuadamente a prova. A porção costeira entre Reñaca e Viña del Mar foi a primeira a ser percorrida. Plana, agradável e bem conservada. Chama a atenção a organização do trânsito chileno e a educação dos motoristas. Uma motocicleta com placas do Brasil, no inverno, não poderia passar sem chamar a atenção. Historicamente, há boas relações entre o Brasil e Chile e a cordialidade do povo segue o mesmo caminho. Assim foi percebido.

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Logo, o trecho costeiro Viña del Mar e Reñaca foram percorridos até Valparaiso, a maior das três cidades e a capital Legislativa e Cultural do Chile. Realmente, tem mais e melhor infraestrutura, destacando-se na parte moderna da cidade a arquitetura dos edifícios incrustrados em encostas de colinas que conformam a Cordilheira da Costa, defronte ao mar.

No centro antigo, denominado Casco Histórico, centrado no porto e na praça Sotomayor, oferece caminhadas aos pés de jacarandás (são da família do Ipê), por armazéns, lojas e restaurantes/bares antigos; visões de atracadouros, guindastes, navios de carga e militares e milhares de contêineres empilhados no porto, que tem forma de ferradura. Ao longe, avistam-se os contornos de Reñaca, Viña del Mar e Concón. Nesse local, o calçamento é preponderantemente de paralelepípedos e ainda se veem segmentos de trilhos que antigamente permitiam a circulação de bondes.

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Da praça Sotomayor sentido Sul, logo avista-se o elevador Artillería, de 1893, com estrutura e dois carros de madeira ainda original, dizem, que até 1967 transportavam os cadetes da Escola Naval, atualmente o Museu Nacional Naval do Chile. Originalmente, as máquinas de tração funcionavam a carvão; hoje, é eletricidade. No alto, há visão em 180 graus da costa e inúmeras lojas turísticas para a venda de artesanatos e outras lembranças.

A arquitetura das construções nas imediações da praça Echaurren e rua Serrano destaca a madeira pintada em cores múltiplas, quase sempre bem conservadas, principalmente do fim do século XIX e início do século XX, quando Valparaiso sediava o maior porto do Pacifico. A igreja matriz e o mercado do porto complementam a trilogia que dava vitalidade à cidade, entre os séculos XVI e XIX.

Ao sair, um desdentado guardador de carro indicou a rua de descida. Uma furada, pois além de estreita e sem saída, era muito íngreme. Não foi possível fazer curva com a motocicleta em movimento e alguns pedestres de momento ajudaram a girar a moto e a aprumar morro acima. Embora frio, o suor escorreu.

O atrativo não natural de Valparaiso é a arquitetura colonial espanhola entrelaçada com outros estilos europeus não hispânicos, notadamente o vitoriano, adaptado com êxito à topografia do lugar, influenciado por imigrantes britânicos durante o século XIX. Tudo incrustrado nas encostas de colinas que circundam a cidade e lhe dão, à distância, aspecto colorido e irregular similar às favelas da cidade do Rio de Janeiro. A mistura arquitetônica em parte foi forçada em consequência do terremoto que destruiu áreas grandes da cidade em 1906 e que originou construções mais estáveis do ponto de vista sismológico.

Outro atrativo de Valparaiso é a casa La Sebastiana, atualmente sede da Fundação Pablo Neruda, onde viveu o poeta chileno premiado com o Nobel de Literatura em 1971, morto em 1973. Até 1991, estava desocupada e foi restaurada nesse ano. Valparaiso é parte do patrimônio cultural mundial.

O regresso para o hotel foi às 17h30, para descansar e preparar-se para o jantar da noite. Desta vez, o escolhido foi um restaurante peruano, com menu variadíssimo. Ceviche, frutos do mar e Pisco sauer compuseram a escolha. Um show.

Amanhã, é dia de estrada, rumo a Los Andes e à conquista do terceiro e último paso da viagem, Los Libertadores, tendo como meta de pernoite a cidade de Mendoza, outra vez já na Argentina.

Buenas noches.

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