Rodando na noite anterior um detalhe na Ténéré me chamou a atenção: rodando na mesma velocidade de 95 a 100 km/h o giro estava a 7500 rpm. Fui checar o óleo e vi que baixou e a vida já tinha acabado. Então, nesta manhã, troquei o óleo e o filtro.
Usei óleo superior ao recomendado, pois iria rodar muito durante esta viagem de moto. Fiz uma bagunça na rua, pois ela estava na calçada.
Tinha comprado comida e lanche para ir a Bariloche, pois sabia que a cidade era cara, além de ser mais econômico comprar em mercados.
Saí cedo, e notei que todos iam para o mesmo sentido (era quinta-feria santa). Bariloche está para os argentinos como o litoral está para nós no Brasil (como se o mundo fosse acabar).
Em Neuquén, policiais pediam para rodar em baixa velocidade. Resultado: um baita de um engarrafamento (esses caras não ajudam em nada, não havia necessidade disso). Fui podando os carros e ao me aproximar pediram para parar (evite chamar a atenção, lembra?). Pediu para evitar ultrapassar carros parados (?) e no mais, foi tranquilo e me liberou. Questionei perguntando se tinha acidente à frente, ele disse que não, era feriado prolongado (não ajuda, então não atrapalhe!).
Passei por El Chocón para ver o Museu dos Dinossauros, mas por ainda ser cedo, estava fechado. Também removeram a escultura do dino que ficava na rodovia, uma pena, mas a região é bonita.
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Estava frio e eu já estava a caráter, com meias de neoprene e jaqueta para frio intenso. Notei que no trajeto havia muitos trailers e botes e que teria problemas com hospedagem. Dirigiam rápido pela estrada e eu não conseguia acompanhar.
Vi o Vulcão Lanin à direita. Para você perceber o quão grande ele é, estava a uns 100 km de distância, mas não bati foto esperando um local melhor.
Em Piedra de Águia, encontrei uma fila gigantesca para abastecer. Havia motociclistas da argentina que logo vieram conversar comigo. Abasteci e comi no posto. Depois fui à escultura que caracteriza a cidade e logo estava de volta à rodovia.
Ao chegar a Bariloche fui barrado pela policia. A cidade estava sitiada. Ninguém podia entrar porque Barack Obama resolveu passar o dia lá. Eram 15 horas e eu estava com pressa de arrumar um lugar para hospedar ou acampar. Um uruguaio de moto chegou filmando um avião pousando. Era o Air Force One. Até então eu não sabia o que acontecia. Gente boa o uruguaio. Me contou que era o Obama e sabia que ele estava vindo. Ficamos 40 minutos conversando e me contou que já foi para o Rio de Janeiro duas vezes e que morava em Punta del Leste no Uruguay e estava indo para Buenos Aires. Contou também que caiu no paso Cristo Redentor se perdendo na curva (por isso o seguro) e em Mendoza por causa de uns cachorros.
Caminho liberado, visitei a cidade, que estava lotada. Ela é bem charmosa e com muitos policiais nas ruas. Abasteci e depois fui pilotando devagar e vendo a cidade em detalhes. Paisagem linda, mas não havia neve. Lagos e montanhas espetaculares. Depois fui até o Cerro Catedral, um centro de esqui. O uruguaio me acompanhou, pois seu objetivo era o mesmo. Fiquei duas horas na cidade, andando e parando, até chegar ao lago Gutiérrez, que tem água espetacular de limpa e azul. Tirei fotos, filmei e fui procurar um camping, mas a cidade estava lotada, então iniciei a ruta 40 (enfim!). Fui curtindo a ruta, as paisagens de “cinema” e procurando um camping.
Vi uma placa (dentre dezenas) indicando um camping em Foyel a 15 km. Pensei, “vou nesse”. No camping que tem ótima estrutura, armei a barraca e fui tomar banho. O sol batia na barraca e virou uma sauna. Lanchei e coloquei a moto ao lado da barraca. Fiz fogo e percebi que iria a fumaça iria cheirar, então mudei o fogo para longe e deitei cedo. Às 19 horas já estava ajeitado. Acredite, na barraca descansa-se mais que em hotel! Durante a madrugada tive que por a jaqueta para ficar mais bem aquecido.
Percorridos 554 km
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