Nosso segundo dia em San Pedro foi aproveitado ao máximo, porque infelizmente teríamos que partir no dia seguinte. Embora não pareça, um dia perdido no roteiro estava fazendo uma diferença e tanto, iríamos deixar para trás pontos turísticos imperdíveis,
pois para se ver tudo, só mesmo permanecendo ali por mais uma semana, são catalogados nada menos que 33 locais de grande interesse turístico!
Localizada no extremo norte do Deserto de Atacama, a localidade de San Pedro encontra-se a 2.500 metros de altitude e compõe uma extensa área de grande interesse arqueológico e turístico, um verdadeiro oásis dentro do deserto mais seco do mundo.
Enquanto nossas motos continuavam no seu merecido descanso à sombra dos chañares retorcidos, deixamos a pousada para mais uma etapa do “descobrimento” de San Pedro.
Nesse dia o grupo acabou se dividindo… Foi o caso do Alysson que já havia estado no Atacama numa viagem de carro e preferiu conhecer outras atrações ainda não visitadas naquela oportunidade. Meu irmão, que no período da manhã tinha optado por explorar a própria cidade, deixando de conhecer conosco os Gêiseres Del Tatio, acabou se arrependendo quando viu nossas fotos daquele lugar e desta vez decidiu acompanhar a maioria. Já meu filho Hudson resolveu descansar no período da tarde e dormiu até as tantas…
Povoado de Machuca
Após a visita aos Gêiseres Del Tatio, aproveitamos para conhecer também o povoado de Machuca, cuja atração principal é sua secular igreja construída em adobe e coberta simplesmente com um tipo de palha e que assim tem permanecido desde o século XVI, certamente pela ausência de chuva naquelas paragens. O pequeno povoado de Machuca, recentemente passou por uma revitalização para incentivar o turismo e principalmente a permanência dos campesinos, que tiram dali seu sustento na criação de lhamas para produção de queijo ou abate, artesanato e alguma cultura de subsistência. Dessa forma podem ser observadas algumas das casinhas de pedra e adobe, com a mesma cobertura de palha, ostentando placas coletoras de energia solar e outras transformadas em pequenas lojas de suvenir.
Valle de La Luna
A aproximadamente 15 quilômetros do povoado de San Pedro está localizada a Cordillera de La Sal e nela um dos ícones do turismo atacamenho, o Valle de La Luna com sua impressionante formação de rocha, sal e areia petrificada, cuja origem é atribuída às sucessivas dobras provenientes do fundo de um antigo lago, que cobria todo o vale. Ali não existe o menor sinal de umidade ou mesmo de vida, sendo considerado um dos locais mais inóspitos do planeta. Pela grande extensão do vale e inúmeras formações geológicas, foi um dos locais onde mais nos detivemos, lá permanecendo até o entardecer. Grande parte das incursões foi feita a pé juntamente com um grupo de espanhóis, com quem dividíamos o mesmo guia; nos pontos mais distantes nos locomovemos num veículo locado pelo grupo até culminar com a escalada de uma gigantesca duna, de onde pudemos contemplar um belíssimo e inesquecível pôr do sol, um programa que praticamente tornou-se obrigatório a todos que visitam aquele vale. Destacam-se nesse percurso: o Anfiteatro, as Três Marias, o Vale da Morte e a Grande Duna.
Socaire / Lagunas Miscanti e Miñiques
Enquanto explorávamos o Vale da Lua e redondezas, nosso companheiro de viagem Alysson, continuava a percorrer outra reserva na localidade de Socaire, distante cerca de 90 quilômetros de San Pedro e que possui como atrações maiores as Lagunas Miscanti e Miñiques, duas belíssimas lagoas localizadas ao sul do povoado de Socaire, numa região montanhosa, onde se destacam dois cerros de igual denominação das lagoas (Cerro Miscanti com 5622 metros e o Cerro Miñiques com 5910m), além de alguns vulcões. As lagoas estão numa altitude em torno de 4.000 metros e são responsáveis pela flora e a rica fauna encontrada no seu entorno, composta de aves como, flamingos, pequenas águias, patos e gaivotas andinas e animais como a vicunha e o zorro. A maior das lagunas é a Miscanti com um espelho d’água com cerca de 15 km², já a Miñiques possui apenas 10% dessa área e é alimentada pela primeira através de um lençol subterrâneo. A aldeia de Socaire é um verdadeiro cenário preparado para se fotografar, localiza-se a 3.500 metros de altitude, o que permite oferecer o principal mirante do Salar de Atacama. A povoação tem ainda um grande atrativo turístico através do seu rico artesanato em que se destacam os elementos primitivos da cultura atacamenha, além dos tecidos costumeiramente coloridos e produtos em lã. A centenária igreja de Socaire, com seu campanário singular e a tradicional cobertura em palha é outra atração para onde apontam as câmeras de todo visitante.
De volta a San Pedro, no final do dia, nos reunimos novamente no restaurante Adobe, um dos pontos preferidos por turistas do mundo inteiro. A casa absolutamente não foge à regra do comércio local, por trás daquela aparência rude das paredes de adobe, dos móveis rústicos e decoração despojada, oferece um cardápio de nível internacional que deixou saudades. A luz dos lampiões e de uma fogueira central aquecendo o ambiente, completa um ambiente único e aconchegante. Ali, entre um pisco sauer e outro, revisamos nosso roteiro para iniciarmos o retorno na manhã seguinte, conferimos as fotos obtidas naquele dia em todas as câmeras e nos deliciamos com as iguarias da casa. Observando mais detidamente aqueles freqüentadores, apesar da diferença da língua e cultura, era notória a similaridade de expressões, parecia uma grande família numa festa… Algo só mesmo explicável pelo mesmo espírito aventureiro e o interesse comum naquele local único.
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