9º dia – Uyuni – San Pedro de Atacama

Novamente na estrada e no trecho que faria o maior estrago durante nossa viagem de moto pelo Altiplano Andino. Saímos após às 8hs da matina em direção a San Pedro de Atacama e, neste dia, tivemos grandes dificuldades. Tivemos que rodar por rípio por aproximadamente 400km, lembrando que, com exceção de Vítor, todos estávamos com garupas.

O frio nesta manhã estava absurdo (a moto de Vitor indicava a sensação térmica de -15ºC) e a estrada margeava o Salar. Logo, alguns pararam para buscar proteção. Alessandro criou com fita colante envolvendo sua manete, um escudo de forma que o vento cortante não afetasse suas mãos (lembrando que sua moto possui aquecedor de manoplas), outros colocaram 4 pares de luvas, também foi usado o subterfúgio de colocar roupas de chuva para conservar o calor.

Mais adiante, uma obra na estrada obrigou todo o grupo a entrar em um desvio que passava por dentro de estrada de areia. Ali, quase todos caíram no “areião”. Passei com muito cuidado e patinando a moto e, ao sair desse trecho, notei que minha moto rebolava demais. Ao parar, constatei que meu pneu traseiro estava furado. Parei a moto e tentamos normalizar o pneu com os produtos disponíveis, mas sem sucesso. Alessandro tinha uma bomba que adaptamos no acendedor da caminhonete de Tagino e consegui colocar um pouco de ar para seguir até San Cristóbal, onde conseguimos um borracheiro. Isto nos atrasou bastante e partimos após meio dia em direção ao Chile. O rípio, mesmo com algumas costelas de vaca e bolsões de areia, não impediu que mantivéssemos uma velocidade constante entre 100 a 120km/h.

Trecho com paisagens indescritíveis, vulcões, salares, formações rochosas, um roteiro inesquecível.

Viagem de moto Uyuni - San Pedro de Atacama

Logo chegamos a Avaroa, local onde fica a Aduana boliviana. Fomos prontamente atendidos pelo responsável, muito simpático, onde pagamos uma pequena taxa de 15 soles por cada um e tiramos algumas fotos, além de colar nosso adesivo.

Uns 2km adiante, chegamos a Ollague, lado chileno da aduana. O atendimento para a migração foi rápido, porém na transição das motos, muita burocracia. Demoramos inicialmente pois estavam almoçando, depois o casal responsável era muito mal humorado e fez com que tirássemos todos os bauletos e examinou também toda a bagagem da caminhonete. Além disso, Alessandro virou para mim e informou: “Você está com sorte”. Virei e minha moto, que se encontrava parada, acabara de estourar o pneu (em San Pedro de Atacama, verificamos que o serviço havia sido mal feito em San Cristóbal, pois o prego que furara o pneu deixara um rombo dentro dele). Como já passava das 15 horas, resolvemos levá-la na caminhonete até Calama, a 192km dali, pois não havia nenhuma estrutura no local.

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Continuamos seguindo por lindas paisagens e grande parte do trecho encontrava-se em obra, obrigando as motos a desviarem por estradas de areia. Aí, novos tombos esperavam o grupo, porém sem maiores conseqüências. Porém, faltando 15km para chegada à Calama, a moto de Elcione, que também tinha trocado o pneu em San Cristobal, furou o pneu. Passamos Diacuí (sua esposa) também para a caminhonete e seguimos até um posto de gasolina em Calama. Neste posto, um passante puxou assunto a respeito de minha moto (KTM) e aproveitamos para pedir informações a respeito de borracheiro (passava das 18h30min), informou que seria difícil pela hora. Estava de caminhonete e seu destino àquela hora era San Pedro de Atacama, onde fora convidado para uma festa, propôs nos levar. Perguntei por pagamento e ele se negou a cobrar. Seu nome, Hector Fredo, motociclista e me contou que tinha há muitos anos atrás tomado um tombo de moto no Paso de Sico e por sorte, passaram de caminhonete e o socorreram e ali era uma forma de retribuir o que anos atrás tinham feito com ele.

Seguimos então e ao chegar a San Pedro, uma das pousadas que havíamos reservado estava fechada. O Tagino saiu então para contratar outro local e quando retornou, um dos bauletos que estava afixado em minha moto não se encontrava nela (eu não havia travado ele na moto). Não sabemos se foi roubado ou caiu da moto que estava sobre a caminhonete quando passávamos nas estradas com muitos buracos. Lá estavam todas as minhas roupas (calça reserva, cuecas, camisas, etc.).

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