Santiago de Compostela – Braga

Depois de 4 dias de reflexão respirando o ar daquela cidade mística, era chegado o momento de voltar à minha eterna companheira: a estrada. Na saída, surpreendi-me com duas bicicletas que chegaram ontem à noite. A turma tem bicicletas de todos os tipos e desconfio que conseguem até carregar mais bagagem do que eu, mas essas duas tinham pneus de moto ! Enormes…

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Resolvi entrar em Portugal por Braga, terra do bisavô dos meus filhos e a uma distância relativamente curta de Santiago. Esta é minha primeira viagem à Europa e estava ansioso por conhecer Portugal, por isso escolhi o caminho mais rápido. E Portugal não me decepcionou, bem ao contrário. Fiquei o tempo inteiro prestando atenção naquelas tradicionais placas de boas-vindas para fazer as fotos tradicionais, mas qual o quê, estamos falando de Portugal. Um dos povos mais hospitaleiros que conheço e, como fosse pouco, consideram-nos irmãos. Então, para quê placas de boas-vindas… para quê cerimoniais… Apenas uma placa com o nome PORTUGAL, indicando que “a casa é sua e o Brasil é nosso irmão”. Meus amigos, jamais pensei me emocionar tanto ao entrar neste belo país. Fiquei em pé nas plataformas da Brigitte e esmurrei o ar como se fosse o Loco Abreu convertendo aquele penalty histórico. Agradeci, de todo o coração, o maravilhoso idioma que nos legaram e, lógicamente, pedindo perdão pelas imortais cavalgaduras eleitas para nossa Academia Brasileira de Letras.

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A chegada a Braga foi outra surpresa, embora seja a cidade mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa, consegue ser uma cidade moderna, com largas avenidas e passagens subterrâneas para veículos, privilegiando o pedestre. Por outro lado preserva seu Centro Histórico, mantendo prédios, ruas e calçamentos que me fizeram recordar o Rio de Janeiro do final dos anos 40 e inicio dos 50: Ruas Ramalho Ortigão, Ouvidor, Uruguaiana, Santa Luzia, Senado, Tabuleiro da Bahiana, Galeria Cruzeiro e tantos outros que os jovens arquitetos de então moveram céu e terras e conseguiram derrubar.

Voltando à Braga, a Catedral da Sé, construída no século XI, guarda tesouros de grande valor histórico, entre eles a cruz utilizada na primeira missa rezada no Brasil pela esquadra de Cabral. Essa cruz deu origem a um incidente diplomático quando por ocasião da inauguração de Brasília. Pela primeira e única vez a cruz saiu do museu, emprestada que foi para a inauguração de Brasília. Ao ser recebida de volta, a companhia seguradora percebeu que não era a cruz original (que foi fotografada, radiografada, pesada, etc. antes de sair do museu). Depois de meses de muita troca de ofícios, cartas, memorandos, telefonemas, etc., eis que o Brasil admite que houve um engano e envia a cruz original… Acontece, afinal cruzes tem mania de se parecerem umas com as outras.

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