12º dia – Villa Union – Charata

O roteiro do dia previa seguir para Presidência Roque Saenz Peña. Seriam longos 1100 km. Passaríamos por três capitais de Província: La Rioja, San Fernando Del Valle de Catamarca e Santiago del Estero.

A cidade de Villa Union é base para conhecer o Parque Nacional Talampaya. Pelas fotos que eu vi, é um lugar muito bacana. Próximo também existe a cidade de Chilecito, que dizem ter uma estrada muito bonita.

Achei que era possível ver alguma coisa do Talampaia da estrada, mas tem que seguir muitos quilômetros para dentro, então, aquele parque ficou para outra viagem.

Continuamos nossa longa jornada, em um calor de derreter asfalto.

Fomos abastecendo a cada 150 km em média, para relaxar um pouco do calor, mas sempre evitando os postos que ficavam dentro das cidades, ou seja, optamos pelos que ficam à beira da estrada. Um recurso que já citei e que uso constantemente é o de visualizar pontos de interesse no GPS – neste caso, combustível – que estão na rota atual.

O mapa para GPS Mapear, na Argentina, é bem atualizado, com muitos pontos de interesse, então sempre confiei como base principal para os meus roteiros naquele pais. Para evitar entrar em San Fernando del Valle de Catamarca, Capital da Província de Catamarca, escolhi um posto no GPS que ficava depois da cidade.

Chegando no posto, ele estava fechado para reforma. Tivemos que voltar para uma pequena cidade, pois o próximo posto estaria a mais de 100 km.

Enquanto estávamos abastecendo, passaram em frente ao posto duas camionetes Hilux da organização do Dakar.

Abastecemos e seguimos em direção ao banco La Nacion, para sacar dinheiro, novamente meus pesos argentinos estavam acabando.

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Quando cheguei ao caixa automático, as duas pick-ups estavam lá. Fui em direção ao motorista de uma delas, que estava fora do carro, comecei a conversar com ele e a olhar as modificações que a Hilux tinha recebido para entrar nos padrões do Dakar. Muito legal, difícil dizer o que poderia ser original, tudo era diferente. Questionei sobre sua participação na organização e a quanto tempo fazia parte. Eles faziam parte da equipe responsável por tomadas terrestres. O motorista já havia participado de pelo menos uns 15 Dakar competindo em moto, falou que conhecia os pilotos brasileiros e que gostava muito de viajar de moto.

Eles seguiram seu caminho e nós o nosso.

O céu anunciava que viria uma tempestade. Como iriamos atravessar uma serra, pensei que poderíamos nos distanciar da chuva, mas em 5 minutos a chuva e o vento começaram muito fortes. Paramos para colocar as roupas de chuva, mas o vento dificultou nossa tarefa.

A chuva nos acompanhou forte até próximo à serra. Do outro lado não havia chuva e sim o calor que nos fez cozinhar dentro das roupas de chuva.

Paramos em Los Altos para tirar as roupas de chuva, abastecer e fazer um lanche.

Agora estávamos seguindo em direção a Santiago del Estero. A estrada com longas retas, muito monótona, só aumentou o cansaço e a vontade de chegar logo.

Em Santiago del Estero, cidade que seria o dormitório do Dakar dali a um dia, fomos recebidos pela população como pilotos do Dakar, todo mundo queria conversar, tirar fotos, muito engraçado, mas sempre contávamos a verdade, que estávamos viajando. Mesmo assim, as pessoas mantinham o interesse, porque éramos do Brasil, de tão longe.

De Santiago del Estero seguimos em direção a Taboada. Passamos pela pequena cidade e o GPS nos mostrava para seguir em direção a Suncho Corral, mas uma surpresa nos aguardava.

A estrada para Sancho Coral era uma pista única de concreto com 3 metros de largura e 33 km de extensão.

E vocês sabem quem que tinha que sair da pista quando vinham caminhões no sentido contrario?

Este era o perigo: sair da pista, pois a estrada lateral ou era formada por cascalho ou por um pó tão fino, que a moto afundava e tornava impraticável pilotar neste piso.

Acontece que, por falta de analise de riscos, acabamos por optar continuar acelerando ao sair para a pista lateral, sendo que o certo é sair quase parando, parar e esperar o veiculo que vem no sentido contrário passar.

Havia tempo suficiente para optar por parar, pois a estrada é quase sempre em linha reta e a velocidade dos veículos não deve ultrapassar os 60 km/h.

Logo no primeiro contato visual com a estrada, lembrei-me da historia contada pelo Iuri: “ele estava com seu amigo Rafael nessa estrada, quando seu amigo perdeu o controle da moto ao sair da estrada atrás de um veiculo, que desviava de um caminhão.” Resultado: moto avariada e uma lesão no ombro, que o fez abandonar a viagem, uma pena.

Depois de Suncho Corral, a estrada era bem plana, mas com muitos animais à beira, principalmente porcos, que a meu ver, são mais imprevisíveis, ainda mais agora ao pôr do Sol. Como nos dirigíamos para leste, o sol agora estava atrás de nós.

A noite caiu e ainda tínhamos muito a percorrer. Optamos por continuar, pois desta forma, conseguiríamos estar em Foz do Iguaçu, no Brasil, amanhã. Não gosto de viajar à noite, mas às vezes se faz necessário, quando queremos atingir um objetivo.

A luz da G650GS é muito boa, gostei, mas senti falta de um pouco mais de luz nas laterais, principalmente em uma estrada com tantos animais andando pelo acostamento.

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Para meu filho estava tudo bem, pois eu tinha colocado na moto dele os faróis de LED da Komy que, segundo ele, estão aprovados.

Até que chegamos a uma região com retas maiores que 30 km. Isso dá uma sensação muito ruim quando há veículos vindo em direção contrária.

Diminuí a velocidade para cerca de 60 km/h, quando me senti mais seguro. Dessa forma, iríamos demorar muito para atingir nosso objetivo. Até que dois caminhões nos ultrapassaram. Como eles estavam andando a 100 km/h, fomos seguindo eles por muito tempo, pois eles nos protegiam da luz contraria e afastavam todo e qualquer animal da pista.

Sempre que passávamos por alguma cidade, eu procurava no visual e no GPS por hotéis, até verificar que havia um na cidade de Charata. Pensei: é ali que eu vou dormir.

Uns 20 km antes de Charata, na cidade de General Pinedo, um policial nos parou, e me pediu os documentos – dei a ele a copia colorida e plastificada da minha habilitação – ele deu uma olhada no escuro, perguntou de onde estávamos vindo e para onde iriamos e pediu: “Uma colaboracion para una Coca-Cola!”.

Eu já passei por inúmeras situações, em que dei um valor irrisório para policia, apenas para não perder tempo de viagem, mas acho que porque eu estava cansado, sem muita vontade de seguir em frente, ergui a cabeça, olhei para ele e disse: Não compreendo!

Ele me devolveu a minha habilitação.

Fui ao hotel, que constava no GPS, um hotel que com certeza deve quase ser um cinco estrelas, muito bonito e chique, custo de 400 Pesos e aceitava cartão de crédito. Apesar do horário, achei melhor dar uma olhada nas outras opções.

Na saída, encontrei com dois paraguaios, pai e filho. O filho estudou agronomia no RS e conhecia muito o Brasil. Ficamos conversando e pedi pro pai dele me pagar o hotel, mas não teve jeito, rs…

Entrei no centro da cidade, que tinha um movimento intenso de pessoal de todas as idades andando pelas ruas, com muitos restaurantes lotados.

Visualmente não localizei nenhum hotel, até que parei para perguntar para uns cinco policiais de trânsito que estavam parados na beira da calçada. Eu perguntando sobre hotéis e eles querendo conversar sobre futebol, a moto, brasil, etc. Pessoal muito bacana. Indicaram-me dois hotéis, um eu descartei e parti para segunda opção.

Como não estava conseguindo achar e estava andando com o capacete aberto, perguntei a um menino que estava pilotando uma Bizz, sem capacete, ele só me disse “me siga”… E me levou até o hotel.

O hotel, além de ser bom, era barato, 250 pesos, mas não tinha garagem e deixar as motos na calçada não seria uma opção viável em uma cidade tão movimentada.

Acabei voltando ao primeiro hotel, o Catange Hotel. Acho que fomos dormir muito mais que 2 horas da manhã.

Saída: Villa Union, Argentina
Destino: Charata, Argentina
Km percorrida: 1.000 km
Km acumulada: 6.220 km


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