Gêiseres del Tatio

Diário de Viagem de Moto: 10º dia na estrada – San Pedro de Atacama

Antes de romper as primeiras luzes do dia, mergulhamos na van da agência de turismo, ansiosos por desvendar os segredos que a altitude do Deserto do Atacama guardava. Foram quase duas horas percorrendo os 70 km que separam San Pedro de Atacama do Complejo Turístico Tatio Mallku, uma estrada de cascalho pontuada por buracos, curvas, subidas e descidas íngremes.

O Complexo, situado a 4.300 metros acima do nível do mar, abriga os imponentes Gêiseres del Tatio, uma das principais atrações do deserto. O sol ainda não tingia o céu quando chegamos. O local já pulsava com a chegada incessante de vans e ônibus, cada um trazendo a promessa de descoberta e fascínio. Turistas, envoltos em camadas de agasalhos, enfrentaram o frio cortante de -4ºC, preparando-se para testemunhar um espetáculo da natureza em ebulição.

O guia nos conduziu por entre os caminhos demarcados, revelando os segredos e histórias das fumarolas, mergulhando-nos em um universo de vapor e água fervente que se erguia em direção ao céu.

O espetáculo não era apenas visual; era uma sinfonia de características naturais que nos envolvia por completo. O campo abrange 10 km2 e abriga mais de 80 tipos diferentes de gêiseres, incluindo fumarolas, água, lagoas de lama fervente, lagoas borbulhantes e nascentes, cada qual mais impressionante que o outro. Aquilo nos fazia sentir parte de algo grandioso, algo que ultrapassava nossos limites individuais e nos conectava à essência da Terra em seu estado mais primitivo.

O horário de pico das atividades dos gêiseres é entre 5h30 e 7h da manhã, quando os jatos de vapor chegam até 10 metros de altura.

A lenda por trás do nome “El Tatio” – “o avô que chora” em Kunza – ganhava vida diante dos nossos olhos, enquanto aprendíamos sobre as águas que fluíam subterraneamente, alimentando este espetáculo magnífico.

Após explorar os gêiseres e registrar cada instante em nossas memórias e câmeras, o guia nos conduziu de volta à nossa van. Fomos para um lugar próximo onde um café da manhã generoso nos aguardava, dando tempo para assimilar a grandiosidade do que havíamos testemunhado.

O retorno a San Pedro foi uma jornada de contemplação, passando pelo Mirador Putana e pela Laguna Flamingos, onde aves elegantes e vicunhas pastavam em uma harmonia única com a natureza árida que nos cercava.

Chegamos a San Pedro pouco antes das 11h30. Pouco depois fomos a um restaurante frequentado por moradores do povoado, onde nos serviram um autêntico almoço atacamenho, pelo qual pagamos um valor menor que o cobrado em restaurantes turísticos do centro da cidade.

Voltamos para o hotel e esperamos a van que nos levaria para um passeio pelas Lagunas Escondidas de Baltinache, um oásis escondido na Cordilheira do Sal. Meia hora depois estávamos a caminho, levando cerca de 1h para percorrer os cerca de 60 km até o local.

Todo o caminho entre cada uma das lagoas é demarcado e o guia orienta fortemente que deve ser respeitado para a preservação do lugar. Apesar de pequenas, as suas águas de cor turquesa ou verde esmeralda das lagoas formam cenários muito bonitos.

Numa das lagoas, com alta concentração de sal, era permitido ao viajante flutuar sem esforço, como se desafiassem a gravidade em suas águas.

No retorno, uma escultura no meio do deserto, a Lhama de dos cabezas, em homenagem a um Petroglifo “A Lhama de Duas Cabeças” no setor Hierbas Buenas, nos chamou a reflexão sobre a passagem do tempo e a presença humana nesses cenários originais. Um lanche cuidadosamente preparado nos apresentou com sabores que ecoavam a riqueza cultural da região e um brinde à incrível diversidade deste deserto que tanto nos maravilha.

De volta a San Pedro, as ruas poeirentas e a atmosfera acolhedora do hotel nos aguardavam, encerrando um dia repleto de descobertas, reflexões e a beleza crua e intocada do Deserto do Atacama, prontos para o merecido descanso e para os próximos capítulos desta jornada transcendental sobre duas rodas.

O vídeo abaixo mostra imagens que registramos durante o dia.


Comentários

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2 respostas para “Diário de Viagem de Moto: 10º dia na estrada – San Pedro de Atacama”

  1. Avatar de Maria

    Maravilhas de Deus! Quantas coisas a vivenciar. Parabens!

    1. Avatar de Rômulo Provetti
      Rômulo Provetti

      Muito obrigado, Maria.
      Abraços

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