11º dia – Leh – Spangmik

Com a permissão na mão, finalmente poderia continuar minha viagem de moto pelo Himalaia. Sem a permissão não conseguiria alcançar o principal objetivo dessa viagem que era percorrer as estradas e as passagens de montanha mais altas do mundo, que ficam na região de Ladakh.

Acordei cedo e fazia muito frio. Foi um sufoco sair de dentro do saco de dormir e das muitas camadas de cobertores sob os quais dormi. Os quartos não contam com aquecedores, como é comum encontrar em outros países de clima temperado. Fui para o banheiro batendo os dentes, mesmo usando segunda pele e pijama. Os lábios estavam rachados por causa do frio e quando fui assoar nariz, saiu sangue.

Passei protetor solar no rosto e pescoço e também um protetor nos lábios. Peguei mais uma garrafa de água mineral na recepção, fiz um lanche, levei a bagagem para a moto e segui para o posto para abastecer. Eram 8h30. Enchi os dois galões de 5 litros que levava, pois nos próximos dias não encontraria mais postos por onde passaria, até retornar a Leh, dentro de alguns dias.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh e Pangong Lake

Peguei a estrada pela qual cheguei a Leh e que acompanha o rio Indus. Segui até a entrada da cidade de Karu, onde tem uma grande base do exército. Depois de me informar com um soldado, peguei uma estradinha de terra. Muitos homens e mulheres quebrando pedras ao longo da estrada me chamaram a atenção. Trechos da estrada estão asfaltados e bons, outros são de cascalho, terra e areia. Passei próximo ao monastério budista de Chemrey, que ainda não tinha visto fotos e me encantei. Construído no alto de uma montanha, lembra o monastério de Ki, no Spiti Valley. Parei e tirei várias fotos.

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Segui pela estrada até a vila de Serthi, onde havia um entroncamento e a estrada que eu deveria pegar estava bloqueada para obras. Um garoto fez sinal para que eu seguisse pela outra estrada e foi o que fiz. Essa era asfaltada, mas tinha muitas curvas e era estreita.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh e Pangong Lake

5 km depois cheguei a uma vila chamada Sakti, onde havia um pequeno monastério encravado nas rochas. Tinha memorizado as estradas da região e sabia que aquela estrada me levaria para uma direção completamente diferente da que eu queria ir. Parei perto de um senhor que tocava uma vaca na estrada e tentei pegar informações, mas ele não entendeu nada do que eu falava. Como não vi mais ninguém por perto, resolvi voltar até o entroncamento e pedir orientações. Chegando lá, o rapaz que ficava junto ao bloqueio não falava nem entendia inglês, mas por sinais consegui entender que deveria seguir por dois quilômetros e virar à direita. Não tinha visto a estrada que deveria pegar, mas voltei e encontrei o lugar. Havia um muro perto onde estava escrito, parece que com carvão, a palavra Pangong com uma seta embaixo. Peguei a estrada, que mais parecia um trilha, que subia a montanha. Foram 5 km com muita dificuldade, até chegar à estrada principal, que tinha um asfalto muito precário. Passava um comboio do exército por ela e eu tive que esperar todos os caminhões passarem. Depois tive que ultrapassá-los um a um, processo complicado porque a estrada era estreita, mal cabendo o próprio caminhão, e tinha muitos buracos.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh e Pangong Lake

Eu viajava em uma altitude superior a 4000 metros. Tinha rodado cerca de 80 km quando a estrada começou a subir a encosta de uma montanha em zigue zague. Passei por muitos caminhões do exército parados e centenas de soldados às margens da estrada. As montanhas ao redor estavam cobertas de neve. Fazia muito frio, apesar do sol.

às 11h cheguei à ChangLa, uma passagem de montanha a 5.391 metros de altitude. Havia uma base do exército no lugar, com um grande movimento de caminhões e soldados. Também tinha uma lanchonete no lugar, mas desisti de lanchar porque estava cheio de soldados.

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Segui viagem. A estrada percorria agora um uma região mais plana, sem vegetação e com alguma neve em alguns trechos às margens da estrada. Depois começou a descer, com muitas curvas até cerca de 4 mil metros de altitude. Parei em um dhaba na vila de Durbuk, onde pedi omelete e chá. Havia lá dois motociclistas, um deles com garupa, que iam na direção contrária à minha. Me aconselharam não ir de Pangong para Nubra Valley direto, porque a estrada estava muito ruim. Pediram informações sobre a estrada até Leh.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh e Pangong Lake

Em TangTse tive que parar em um posto de checagem e apresentar os documentos. Alguns quilômetros à frente pareceram um pouco de vegetação rala e animais pastando, um rio e lindas paisagens. A estrada piorou muito depois disso, mas segui em frente com muita dificuldade. Tive que atravessar uma grande área alagada.

Cheguei a Spangmik, uma vila que só existe entre os meses de maio e outubro porque nos outros meses fica isolada por causa da temperatura, neve e gelo. Fui direto para um lugar onde havia tendas próximas ao Pangong Lake, um lindo lago de águas azuis que fica na divisa entre a Índia e o Tibete. Negociei com o proprietário e aluguei uma tenda, onde havia uma cama e banheiro.

 

Conheci dois casais de Calcutá, que estavam em duas tendas próximas. Mais tarde fui ao jantar que estava incluído no valor da hospedagem: arroz, dal, couve flor e uma sopa rala, mas gostosa. Depois fui tirar fotos do céu, que estava lindo, mas o frio não me deixou ficar muito tempo no lugar.

Dormi dentro do saco de dormir e debaixo de 4 cobertores grossos.

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