Para chegar ao Tso Moriri eu tinha duas opções: passar pela vila de Kiari e pela passagem de Chumatang ou pela estrada pela qual eu cheguei a Leh, onde transpunha a passagem de Taglang La, a 5.328 metros de altitude, e depois de da vila de Debring pegar a estrada para Sumdo. Algumas pessoas com quem conversei me disseram que a estrada por Chumatang estava muito ruim e me aconselharam não seguir por ela.
Não gosto de repetir rotas durante uma viagem de moto e se optasse pela segunda opção, por Taglang La, significaria que eu passaria pelo local quatro vezes durante essa viagem. Mas as informações que recebi de várias pessoas diferentes foram tão incisivas e convergentes, que resolvi seguir os conselhos.
Assim como nos dias anteriores que estive em Leh, a internet não funcionou novamente na cidade e não consegui contato com o Brasil.
Por volta das 7h30 eu já tinha comido um lanche, arrumado a bagagem, acertado a conta do hotel e estava iniciando a viagem em direção ao Moriri Lake. Passei no posto e completei o tanque. Depois peguei a boa estrada em direção ao sul.
Por volta das 9h parei em um lugar ao lado da estrada cheio de árvores com folhas amareladas para beber água e fazer xixi. Lembrei que não tinha lubrificado a corrente da moto e fiz alí no lugar, usando pedras para levantar a roda traseira.
Passei pelo Taglang La e não parei. Depois de Debring comecei a procurar a estrada. Vi uma pequena trilha que começava onde havia duas tendas que serviam de dhaba. Eram 11h20 e tinha percorrido cerca de 120km. Parei em uma das tendas e uma senhora me atendeu. Não falava inglês, mas consegui confirmar que a trilha era a estrada que deveria pegar para o Tso Moriri. Comi biscoitos, bebi água e segui por ela.
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A estrada estava muito ruim, um pequeno trecho com asfalto maltratado e o restante era cascalho solto, que me exigia muita atenção para percorrer. Passei pelo Tso Kar, um grande lago que tinha secado completamente, ficando à mostra uma terra cinza revolvida. Às margens, uma vila com hostels e casas abandonadas.
A paisagem ao longo da estrada era marcada por montanhas arenosas e vales cobertos com uma planta seca. O frio intenso me obrigou a colocar todas as proteções que tinha disponíveis.
Cheguei a um trecho com asfalto novo, mas muito irregular e a moto pulou como um potro selvagem, quase me jogando para cima. Mas logo o asfalto acabou e o cascalho retornou, agora com pedras pontudas que me fizeram ter receio de cartarem os pneus da moto. Vários entroncamentos sem sinalização, e eu seguia pela que me parecia ter mais marcas de pneus.. O movimento era quase nenhum, passando horas sem encontrar ninguém, nem carro, nem casas. A estrada mais isolada que passei até então.
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Cheguei a uma vila, que identifiquei como sendo Sumdo, apesar de não ter nenhuma placa indicando. Parei em um pequeno comércio com quase nada à venda. Pedi uma garrafa de água mineral. Comi dos biscoitos que tinha comprado algumas horas antes e tirei fotos de algumas crianças que brincavam por perto e de uma senhora que parecia ter uma vida muito sofrida.
Depois peguei uma outra estrada muito ruim, cheia asfalto pintado dentro de buracos. Passei por um lindo lago, onde tirei muitas fotos. A estrada piorou muito antes de chegar ao Tso Moriri. Tive que parar em um posto de controle do exército, apresentar documentos e escrever meus dados em um grande livro. Fui sabatinado sobre motivo da viagem, se levava câmeras fotográficas e filmadoras, GPS, etc.
Karzok é uma vila horroroza construída ao lado de uma das paisagens mais bonitas do Himalaia. O exército cercou o lago com uma cerca e a vila é mais feia que muitas favelas. Não consegui nem tirar uma foto do lago que valesse a pena.
Parei em frente a uma construção que indicava ser um “Eco Resort”. Perguntei o preço e era o dobro do que vinha pagando nas hospedagens. Imaginei que o lugar era muito bom, mas pedi para ver o quarto e era um muquifo. Nem banheiro tinha. Segui em frente e encontrei um hostel muito mais arrumadinho por menos da metade do preço e ainda incluia jantar e café da manhã. Energia somente de 7 às 9h da noite. Banho nem pensar.
Conheci um russo maluco que misturava russo com inglês e fazia sinais muito engraçados para dizer o que queria.
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