15º dia – Leh – Karzok

Para chegar ao Tso Moriri eu tinha duas opções: passar pela vila de Kiari e pela passagem de Chumatang ou pela estrada pela qual eu cheguei a Leh, onde transpunha a passagem de Taglang La, a 5.328 metros de altitude, e depois de da vila de Debring pegar a estrada para Sumdo. Algumas pessoas com quem conversei me disseram que a estrada por Chumatang estava muito ruim e me aconselharam não seguir por ela.

Não gosto de repetir rotas durante uma viagem de moto e se optasse pela segunda opção, por Taglang La, significaria que eu passaria pelo local quatro vezes durante essa viagem. Mas as informações que recebi de várias pessoas diferentes foram tão incisivas e convergentes, que resolvi seguir os conselhos.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh

Assim como nos dias anteriores que estive em Leh, a internet não funcionou novamente na cidade e não consegui contato com o Brasil.

Por volta das 7h30 eu já tinha comido um lanche, arrumado a bagagem, acertado a conta do hotel e estava iniciando a viagem em direção ao Moriri Lake. Passei no posto e completei o tanque. Depois peguei a boa estrada em direção ao sul.

Por volta das 9h parei em um lugar ao lado da estrada cheio de árvores com folhas amareladas para beber água e fazer xixi. Lembrei que não tinha lubrificado a corrente da moto e fiz alí no lugar, usando pedras para levantar a roda traseira.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh

Passei pelo Taglang La e não parei. Depois de Debring comecei a procurar a estrada. Vi uma pequena trilha que começava onde havia duas tendas que serviam de dhaba. Eram 11h20 e tinha percorrido cerca de 120km. Parei em uma das tendas e uma senhora me atendeu. Não falava inglês, mas consegui confirmar que a trilha era a estrada que deveria pegar para o Tso Moriri. Comi biscoitos, bebi água e segui por ela.

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A estrada estava muito ruim, um pequeno trecho com asfalto maltratado e o restante era cascalho solto, que me exigia muita atenção para percorrer. Passei pelo Tso Kar, um grande lago que tinha secado completamente, ficando à mostra uma terra cinza revolvida. Às margens, uma vila com hostels e casas abandonadas.

A paisagem ao longo da estrada era marcada por montanhas arenosas e vales cobertos com uma planta seca. O frio intenso me obrigou a colocar todas as proteções que tinha disponíveis.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh

Cheguei a um trecho com asfalto novo, mas muito irregular e a moto pulou como um potro selvagem, quase me jogando para cima. Mas logo o asfalto acabou e o cascalho retornou, agora com pedras pontudas que me fizeram ter receio de cartarem os pneus da moto. Vários entroncamentos sem sinalização, e eu seguia pela que me parecia ter mais marcas de pneus.. O movimento era quase nenhum, passando horas sem encontrar ninguém, nem carro, nem casas. A estrada mais isolada que passei até então.

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Cheguei a uma vila, que identifiquei como sendo Sumdo, apesar de não ter nenhuma placa indicando. Parei em um pequeno comércio com quase nada à venda. Pedi uma garrafa de água mineral. Comi dos biscoitos que tinha comprado algumas horas antes e tirei fotos de algumas crianças que brincavam por perto e de uma senhora que parecia ter uma vida muito sofrida.

Viagem de moto pelo Himalaia - Ladakh

Depois peguei uma outra estrada muito ruim, cheia asfalto pintado dentro de buracos. Passei por um lindo lago, onde tirei muitas fotos. A estrada piorou muito antes de chegar ao Tso Moriri. Tive que parar em um posto de controle do exército, apresentar documentos e escrever meus dados em um grande livro. Fui sabatinado sobre motivo da viagem, se levava câmeras fotográficas e filmadoras, GPS, etc.

Karzok é uma vila horroroza construída ao lado de uma das paisagens mais bonitas do Himalaia. O exército cercou o lago com uma cerca e a vila é mais feia que muitas favelas. Não consegui nem tirar uma foto do lago que valesse a pena.

Parei em frente a uma construção que indicava ser um “Eco Resort”. Perguntei o preço e era o dobro do que vinha pagando nas hospedagens. Imaginei que o lugar era muito bom, mas pedi para ver o quarto e era um muquifo. Nem banheiro tinha. Segui em frente e encontrei um hostel muito mais arrumadinho por menos da metade do preço e ainda incluia jantar e café da manhã. Energia somente de 7 às 9h da noite. Banho nem pensar.

Conheci um russo maluco que misturava russo com inglês e fazia sinais muito engraçados para dizer o que queria.

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