16º dia – Uyuni – Mallcu

Saímos no horário marcado passando por uma estrada de terra cheia de lama e buracos e que atravessava vários riachos de água corrente. Na medida em que nos distanciávamos de Uyuni a altitude ia subindo e com ela o frio. Mesmo com sol a temperatura era bem baixa, nos obrigando a usar bastante proteção.

A estrada ia passando por grandes vales planos a mais de 4.000 metros de altitude com terreno arenoso e vegetação baixa, um tipo de capim que é comida das lhamas. Passamos por algumas plantações de quinua, povoados bem pobres, pessoas cuidando dos animais, muitos rios atravessando a estrada e nós tendo que atravessá-los e ao redor muitas montanhas, muitos vulcões, que o Osvaldo apontava, falava o nome e dizia se estava ativo ou inativo. Vários deles com os cumes nevados. Sobre muitas destas montanhas havia nuvens escuras e chuva.

Paramos em um hotel em uma pequena cidade chamada Mallcu. O hotel foi feito colado em umas rochas e na sua frente passa um riacho de águas cristalinas. Nossos amigos montaram a mesa no gramado e nós almoçamos ali tendo como cenário aquelas imagens.

Voltamos para a estrada, que continuava subindo de forma gradual. Passamos pela Laguna Colorada, com suas águas coloridas de vermelho e cheia de flamingos cor de rosa. Por causa do vento frio e da chuva fina não conseguimos ficar muito tempo lá nem tirar boas fotos do lugar que nos disseram ser incrível com Sol.

Continuamos e a estrada foi a 4.800 metros de altitude. Começou a aparecer neve esparsa ao longo e ao lado da pista. Em determinado momento todo o vale estava coberto de neve. Paramos para brincar enquanto ainda caíam alguns pequenos flocos.

Depois de nos divertir continuamos viagem até que o Osvaldo avisou que estávamos  a 4.970 metros de altitude, o ponto mais alto do dia. Continuamos pela estrada e a neve sumiu. Mesmo na altitude a temperatura começou a subir. Chegamos num vale onde ficam os gêiseres Sol de Mañana, que tem este nome porque o sol bate muito cedo no local por causa da altitude. Um cheiro podre se espalhava por todo o local. Grande quantidade de vapor subia, muitos buracos fazendo barulho como assobio e grandes poços de lama borbulhando. O lugar é ao mesmo tempo incrível e aterrador. Não se pode ficar mais que dez minutos lá por causa dos gases.

Seguimos até chegar num vale enorme rodeado de montanhas nevadas. O piso era todo de cascalho e em alguns lugares avermelhados. A luz do Sol passando pelas nuvens escuras dava uma coloração absurda de bonita em todo o lugar. Foi dado ao vale o nome de Rocas de Dali, porque o famoso pintor fez um quadro que se parece muito com essa paisagem.

Seguimos em frente até chegar ao ponto mais ao sul da Bolívia, na divisa com o Chile e onde fica a Laguna Verde, a 4.500 metros de altitude. Chovia fino e o vulcão Licancabur, que domina a paisagem, estava encoberto pela neve e pelas nuvens. Nem todo dia teremos sorte como ontem em Uyuni. Este lugar é considerado uma das paisagens mais bonitas do mundo. Mas mesmo com tempo ruim não deixou de se apresentar maravilhoso para nós.

Começamos então a retornar para o norte, passando por uma fonte de águas termais cheia de turistas se banhando, inclusive ciclistas europeus viajando pela América do Sul.

A noite caiu e nos pegou na estrada, que estava cada vez mais difícil de percorrer por causa da lama. Mesmo com tração o carro tinha dificuldade de manter uma boa velocidade. Chegamos no hotel Cueva Mallcu às 21 horas, depois de 15 horas na estrada, cansados mas extremamente satisfeitos com o dia cheio de descobertas maravilhosas.

O hotel é bem legal, com decoração rústica como esta do quarto do Marcelo, onde tem uma rocha enorme saindo da parede. Jantamos, tomamos um banho e fomos dormir.

Números do dia:

Quilômetros percorridos: 600 km de carro
Lanche: R$ 3,73 (um refrigerante)

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