Palenque, México

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Oi família, que bom receber noticias daí. Fiquei bem aliviado também de ter conseguido falar ontem por telefone. E hoje mais feliz ainda com as boas noticias.

Bem, a viagem de ontem teve um pouco menos de 700 km em estradas difíceis que não renderam.
De Antígua tomei a Panamericana em direção ao México. Fronteira em La Mesilla. A saída da Guatemala foi tranquila, mas a entrada no México nem tanto. Demorou uma hora. Embora vazia a aduana, tive que deixar um depósito em caução de quatrocentos dólares, pagar mais cinquenta de imposto, e demora bastante pra preencher os papéis e tal. Mas estava meio inseguro se entraria sem visto, embora com o visto americano. OK, é isso mesmo, brasileiro com visto americano entra normalmente. Se não conseguisse, teria de retornar a Guatemala, mas sem a moto, porque tem um tempo mínimo de 90 dias pra retornar. Imagina o vácuo em que eu ficaria.

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Já no México, tomei a Carretera MEX 190, segui até 100km antes de Textlan, e daí para San Cristobal de Las Casas por mais 201 km até Palenque, numa estrada (199) lotada de lombadas. Trata-se do território de Chiapas, com a tradição das lutas zapatistas, um estado pobre, socialmente vulnerável. Os indígenas vivem nas margens da estrada, e as lombadas nada tem a ver com a segurança da rodovia, mas serve pra eles pedirem dinheiro e vender alguns produtos. Foi um inferno, e ainda debaixo de chuva. Cheguei bem cansado. Foram 12 horas de jornada.

Palenque não é uma cidade para se ficar, pois não tem atrativos em si. Logo que cheguei já contratei uma agencia para conhecer as ruínas. Fiz uma besteira. Vim até Palenque e NÃO vou conhecer as ruínas de Palenque. Uma trapalhada, uma coisa insólita. Ontem entendi que o passeio incluiria obviamente as ruínas daqui e mais um plus. Pois bem, acabei contratando só o plus, ou seja, ruínas de Yaxchilán e Bonampak. Nunca imaginei que viria a Palenque e alguém me levaria pra conhecer outras ruínas próximas que sequer tinha ouvido falar. Mas foi muito legal, incrível mesmo. E durou o dia todo; tive que ir a Guatemala de novo. Aliás, todo este território do sul do México já pertenceu à Guatemala. Foram 13 horas ao todo. Mas fiquei sem as ruínas daqui, porque o parque fecha as seis e amanhã vou para Tampico. Pelo que já vi no Google as ruínas de Palenque, a 20 minutos de onde estou hospedado, são mais vistosas. Acontece que os Maias são considerados um povo só desde Honduras até aqui no México, mas se organizaram em várias cidades, como Tikal, na Guatemala, Palenque, e essas duas que visitei. Faziam estradas e templos de pedra, não encaixadas como faziam os incas, mas unidas por uma resina misturada com areia. As construções vão de 250 d. C. a 800 d. C, quando essa sociedade desapareceu. Não se sabe por que, talvez por epidemias, talvez por fome, ou talvez pelas guerras. Embora todos fossem maias, viviam em guerra essas cidades. As duas que visitei eram aliadas, e unidas por um túnel de 20 km, que infelizmente não podemos ver. Faziam sacrifícios humanos terríveis. Aquela cena no Indiana Jones de arrancar o coração da pessoa viva é verdade mesmo! Estive no lugar exato em que faziam isso. Os homens jogavam bola num campo especial, que pude fotografar. O melhor, quem fazia mais gol, era escolhido para o sacrifício, e ficava feliz e orgulhoso com isso, pois era uma grande honra ser oferecido aos deuses em sacrifício. Jogavam bola com o traseiro, e não com as pernas. Esse bravo maia era dopado, amarrado, furado por faca, lhe arrancavam o coração, que era oferecido aos deuses, e jogavam o corpo escada abaixo. Depois era dado aos crocodilos, considerados animais sagrados. Outros sacrifícios eram feitos por sacerdotes e reis, que furavam a língua e feriam as mãos com espinhos pra encher um pote de sangue e dar aos deuses também.

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Em Palenque viviam 80 mil pessoas, e as duas cidades unidas que falei também tinha mais ou menos isso. A floresta em que se situam essas ruínas é linda! Incrível mesmo como existiu uma civilização assim há tanto tempo, tão avançada sob certos aspectos. Cobravam impostos e brigavam pela hegemonia no comercio. Realmente, quando os espanhóis chegaram aqui em 1528, já não havia mais nada, e somente foram descobertas as ruínas em 1882. Mas o povo daqui é chamado maia pelo menos no meu guia Lonely Planet. Embora eu entenda que eram diferentes um pouco, pois falavam 95 idiomas diferentes, segundo nosso guia.

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Enfim, foi muito legal, mas não deu tempo de ver a própria Palenque.

É isso, muitos beijos.


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