Escuintla – Tapachula – 25º dia

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América do Norte, México

Escuintla – Tapachula (Parcial = 276 Km / Total = 11.538 Km)

Já estávamos acordados bem cedo. Preparamos tudo para sair batido da Guatemala. O Roberto foi examinar o nível da caixa de marcha de sua Harley e estava vazio. No chão, o óleo vazado.

 

Saímos do “hotel” e às 06:30h estávamos tomando café no restaurante do bom hotel Sarita, onde tentamos e não conseguimos pousar. Em seguida começou a caça ao azeite.

 

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No rumo de Mazatenango, paramos em vários postos tentando comprar óleo para caixa de marcha. No caminho, os passageiros dos carros sinalizavam apontando para o óleo da moto que estava sendo derramado pelo caminho. O vazamento ficava cada vez pior, deixara de pinga e o fluxo de óleo já estava contínuo.

 

Em Siquinala, paramos numa Azeitera e conhecemos o proprietário, Sr. Braulio Santos, que quando soube que éramos brasileiros, ficou todo sorrisos e confessou sua paixão por morar e trabalhar no Brasil. Disse que já ouve o sonho americano e agora a realidade é o sonho brasileiro.

 

Compramos mais óleo e resolvemos procurar um mecânico. Achamos um quebra-galho que procurou nos ajudar, mas não conseguiu. Derramando óleo em abundância na pista até chegarmos a Mazatenango.

 

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Pedi a um mototaxi que nos levasse até a Honda. O mecânico Ronaldo pediu para colocar a Harley dentro da oficina e fechou a porta, explicando ao Roberto que procedia assim com medo de assaltos, muito comuns a qualquer hora do dia ou da noite, naquela cidade. Então, pensei: e eu cara-pálida que estou com a minha moto na calçada? Procurei colocar ela atrás de um carro para tirá-lo da visão da rua. Dos mecânicos ao engraxate, todos comentavam sobre a rotina de assaltos a mão armada pelos Maras. Usavam carros e motos para interceptar os veículos na estrada.

 

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O Roberto foi comprar um refrigerante e uma banana na tenda e foi atendido através de uma grade, no local da janela. Fui lá depois e a senhora recomendou, também a mim, muito cuidado por ali e na estrada. Falei com o segurança do banco, ao lado, que confirmou toda a história. Então, comecei a ficar preocupado e não via a hora de partir para a estrada.

 

O mecânico da Honda, Ronaldo, descobriu a pane na caixa de marcha. Mas levou um tempão para resolvê-la em virtude da dificuldade de acesso aos parafusos e à falta de ferramentas. A pane não foi causada pelo impacto em um degrau do asfalto, como a gente suspeitava, e sim porque os parafusos da caixa estavam frouxos e o derrame do óleo aumentava a medida que eles se soltavam. Por sorte, não perdeu nenhum. Custo do serviço; US$ 25.00.

 

Como de costume pedimos informações antes de partirmos, e todos nos recomendaram atravessar a fronteira com o Mexico através de El Carmen, pois as duas passagens de fronteira ao norte estava dominada pelos contrabandistas e narcotraficantes.

 

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Elegi um coelho rápido, pois nós também queríamos voar para longe dali o mais breve possível. Cada vez que se aproximava uma moto ou um carro suspeito, a minha arma era o acelerador da Harley.

 

Chegamos na bifurcação para El Carmen e o acesso estava fechado. Acabamos seguindo mais para o sul, saindo do país por Tecun Uman. Como se nota, nem sempre os informantes locais estão com as informações atualizadas.

 

Na aduana, poderíamos ter dispensado os serviços do tramitador. Mas, como o Roberto não queria perder tempo, contratamos um que combinou sua propina de 30 quetzales (1 dolar = 7 quetzales). A saída da Guatemala foi rápida e fácil.

 

Fizemos a entrada no México, realizando a migração em Ciudad Hidalgo, fácil e rápido. Concluído o serviço, o tramitador Daniel cobrou, cinicamente, um outro valor de propina; agora de US$ 50.00 e tivemos que engolir a roubalheira porque não tínhamos tempo para problemas.

 

Fizemos a aduana de entrada na cidade próxima, Viva Mexico, após Tapachula. Na aduana, pagamos com o cartão Visa a taxa de importação temporária da moto (US$ 42.00) e uma caução para trânsito no país (US$ 400.00), que nos será devolvida, automaticamente, quando sairmos, se não acontecer nada.

 

Com exceção do Mexico (caução), em média os custos totais das migrações/aduanas estão em torno de US$ 100.00, assim como o nosso custo diário (alimentação, pousada e gasolina), até agora.

 

Papelada no bolso, subimos nas motos e retornamos para Tapachula a fim de pernoitar. Finalmente conseguimos um hotelzinho melhor.

 

Nas nossas conversas antes de dormir tem sido recorrente o tema saudade da família e o Roberto comentou que enquanto pilotava a sua moto na estrada não para de pensar em sua esposa. E concluiu que está sendo egoísta, curtindo a paixão de viajar de moto para o Alasca ao invés de estar junto de sua esposa, dando o apoio que ela merece. Eu também me sinto um pouco egoísta. Mas isso é um efeito colateral para a realização de um maravilhoso sonho, que é a viagem de moto ao Alasca.

 

A noite está calma, tudo está sereno; nos libertamos do fantasma dos Maras. Doravante será livrarmos as rotas dos narcotraficantes e a estratégia já está definida, com base nas informações de viajeros anteriores: amanhã rumaremos para o Golfo do México e subiremos pelo litoral.

PHD Artur Albuquerque
Fonte: http://phdalaska.hwbrasil.com/site/ e http://www.phd-br.com.br/


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