Usulutan – Escuintla – 24º dia

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Usulutan – Escuintla (Parcial = 353 Km / Total = 11.262 Km)
Já estamos nos acostumando a partir com roupas molhadas e sem café da manhã. A meta é chegar logo à fronteira para cumprir logo nossa expiação.
A mesma maravilhosa estrada nos recebeu com toda a sua pompa e beleza e características más. Limite de 80 km/h, com chuva, nenhum guarda na estrada e elegemos um coelho legal.
17 quilômetros após La Liberdad, chegamos a La Hachadura, cidade de El Salvador na fronteira com a Guatemala.

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O tramitador Erwin, por US$ 35.00, resolveu os trâmites de saída de El Salvador e entrada na Guatemala. Uma boa negociação. Mesmo assim, perdemos umas três horas e tal.

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Nos informaram que a estrada estava boa e que existia apenas um pequeno desvio de 4 km, sem asfalto.

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Antes de partirmos precisávamos colocar óleo na caixa de marcha da Harley do Roberto, que estava vazia: resultado da refrega contra os caminhões.

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Tudo resolvido e lá fomos nós. Pouco policiamento na estrada e sem limite de velocidade. Aceleramos pelas belas e boas estradas da Guatemala, com muita chuva e às vezes um pouquinho de sol. O asfalto liso, mesmo molhado nas curvas nos convidava a acelerar. As árvores, arbustos, folhagens iam passando, alternando claridade e sombra. Vez por outra as bougainville, quebrando a hegemonia do verde, esparramavam suas flores alaranjadas no céu e no chão.

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De repente, após uma curva, um pequeno túnel apaga a luz do dia e vem a insegurança da escuridão. Olho lá pra frente; é a luz novamente e o medo de uma imprevisível cratera no asfalto fica lá pra trás. Olho no espelho retrovisor e o meu amigo está fixo na ala. Como um anjo da guarda está sempre atento, e se aproxima sempre que estou na dúvida ou prestes a errar. “Vamos parar e perguntar”, repete sempre, muito preocupado em não perder tempo para estarmos no hotel, antes da noite chegar.

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Durante bom tempo na excelente estrada que serpenteava na serra a beira-mar, lá na frente, caminhões, ônibus e carros parados: era o desvio. O asfalto acaba e vem lama, cascalho, terra, buracos e água suja espargida pelos pneus dos ônibus e camionetes que nos ultrapassavam, sem dó. A Harley trepidava igual a britadeira e eu segurava e movimentava o guidão com energia e extremada atenção. Depois de mais de 4 quilômetros de concentração e luta, mais uma superação.

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Depois, mais estrada boa e chegamos a Escuintla. Com o tempo muito nublado a noite seria antecipada, então tínhamos que parar.
Cidade rudimentar como o subúrbio mais longínquo da zona sul do Rio de Janeiro. Os melhores hotéis estavam cheios. Como a tarde findava, qualquer hotel serviria.

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Todas as pessoas com quem conversávamos recomendavam que não saíssemos à noite, porque ocorria todo tipo de crime e o turista é considerado uma presa muito apreciada.
O clima que temos vivido intensamente é o mesmo do filme “A Última Esperança da Terra” com Will Smith; precisamos conseguir abrigo antes de anoitecer, porque se não a viagem vai acabar.
No desespero, acabamos ficando no pior hotel até agora. O quarto era para cinco pessoas e no subsolo. A segurança do “hotel” se resumia num grande portão, pois não havia nenhum segurança com escopeta como era comum em todos os prédios comerciais. O povo sentia medo e transferia o medo para nós.
Guardamos as motos e depois que todo material molhado foi espalhado pelas cinco camas, o assunto da conversa normalmente sempre volta à saudade da família. Além disso, o Roberto anda muito preocupado com a esposa e já comentou sobre a possibilidade de não retornar pela América Central, arredio a enfrentar toda essa meleca geral das aduanas dessas fronteiras.
Preciso preparar o espírito e o bolso para voltar sozinho. Mal dormimos, e logo acordamos com um matraquear de metralhadora. Noite turbulenta. Caraca! Foi A Pior Noite da Terra.

PHD Artur Albuquerque
Fonte: http://phdalaska.hwbrasil.com/site/ e http://www.phd-br.com.br/


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