Nazca – Moquegua – 107º dia

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América do Sul, Peru

Nazca – Moquegua (Parcial = 733 Km / Total = 43.410 Km)

Tomei um café da manhã agradável, em um ambiente repleto de turistas alemães. Sentei na sela do meu cavalo e galopei para a estrada. O céu estava sem nuvens e a minha expectativa era de calor. Ledo engano. Quando adentrei o deserto, estava bem frio e a minha camisa começou a gelar. Desisti de esperar que o Sol me aquecesse e parei para vestir o casaco de couro e trocar as luvas.

Com o motor ligado para não arriscar uma nova partida, a fim de poupar a bateria já enfraquecida, fiquei alguns minutos contemplando o deserto. A planície se perdia no horizonte e todo aquele mundo inerte parecia jazer imóvel a uma eternidade. Sublimando os poucos transeuntes e a estrada, apenas o vento quebrava o silêncio milenar e perturbava a paz. Acariciava aquela imponente terra adormecida, ousando agitar a sua imensa cabeleira de areias.

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Segui em frente, devagar para continuar em sintonia com aquela serenidade. Mais adiante, percebo que no horizonte se descortinou uma extensa neblina, que aos poucos foi apagando o Sol. A 600 m de altitude, ficou mais frio ainda. A cena seguinte ficou por conta das montanhas. O motor da Electra rugia sereno, como se nada pudesse impedi-lo de avançar e a vibração deste som me dava uma imensa energia adicional. Na estrada, em movimento, parecia que nenhum mal nos poderia alcançar.

Começamos a subir. Curvas e mais curvas contornando a lateral da cordilheira. Ao lado, abismos profundos que mal eu ousava olhar. Como meninas curiosas, as grandes montanhas de areia vinham do deserto aproximando-se da praia só para ver de perto a beleza do mar. E a estrada, num rasgo de ousadia, passava abusada sobre os seus pés. A impressão que se tem é de que basta qualquer tremorzinho ou um vento mais forte para a estrada se apagar.

No Peru como na Colômbia, há muita gente cuidando da estrada, por onde deve correr o principal fluxo de mercadorias e de esperança de progresso para todo lugar.

Com raríssimas placas indicativas de cidades e de distância, a solução é perguntar às raras pessoas que surgem na estrada e confirmar o sentido da direção na bússola do GPS para não errar. Com a satisfação de não ter sido parado por ninguém, chego cedo a Arequipa, onde tinha planejado pernoitar. Sem a perturbação da Policia Carretera, fica mais fácil decidir seguir em frente.

Após mais ou menos 13 horas de estrada, chego a Moquegua com o Sol abaixo da linha do horizonte, com o marcador de combustível mostrando a preocupante palavra “Lo”. Consigo um posto que aceita a tarjeta e acho o Hotel Colonial.

PHD Artur Albuquerque
http://phdalaska.hwbrasil.com
www.phd-br.com.br


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