Moquegua – Tocopilla – 108º dia

alt

América do Sul, Chile

Moquegua – Tocopilla (Parcial = 780 Km / Total = 44.190 Km)

Quando o lugar é desagradável, não me animo nem a esperar o café da manhã, que geralmente será a única refeição do dia, pois só vou comer alguma coisa à noite, depois de chegar. Peguei a estrada e em pouco tempo, já estava na última cidade – Tacna – antes da fronteira, onde tenho procurado queimar todo o saldo da moeda local em gasolina. Mas, no Peru, essa regra não foi cumprida porque a policia carretera já tinha se encarregado de incendiar a minha carteira.

Na fronteira, a imigração e a alfândega foram bem rápidas, em ambos os países, e logo voltei à estrada.

Muito frio e fortes ventos laterais que podem nos derrubar. Principalmente se estiver pilotando somente com uma das mãos para poder tirar fotografias.

No Chile, o pavimento e o balizamento das pistas são excelentes. Mas tive que passar por 3 desvios de matar. Cada um com mais ou menos 10 km, sobre pedras, areia e barro.

Contornando as montanhas, volta e meia tangenciava precipícios. Desde Arica, sem posto de serviços, com a gasolina no fim da reserva, cheguei a Iquique, às margens do pacífico, onde pretendia pernoitar. Mas como ainda estava cedo, perguntei ao gerente do posto se estava boa a estrada Costanera, que segue para o sul, beirando o mar. Enchi o tanque, usando a tarjeta e acelerei com o Sol já baixando à minha direita. Esperava que antes dele se esconder no horizonte, chegaria a Tocopilla. Já sonhava com um bom bife e quem sabe, meia garrafa de vinho chileno para comemorar a superação de tantas dificuldades.

A estrada segue entre as montanhas e o mar. Paisagem deslumbrante. Mais à frente, surgiu um posto de aduana e tive que parar para me identificar. Enquanto esperava, conversei com dois caras que estavam em uma camionete vermelha, que a trabalho seguiam para além do meu destino. Combinei que seguiria a camionete vermelha porque não conhecia a estrada. Meus planos começaram a desandar porque apareceu no horizonte uma grande nuvem, escondendo o Sol. A friagem crescente possibilitava que a maresia molhasse a pista. Com o início da escuridão, toda beleza da costa já não me dava as boas-vindas e até assustava um pouco. A estrada estava vazia, a caminhonete corria e eu atrás dela. Nas curvas, eu reduzia e ficava para trás e nas retas me aproximava dela. Foi uma série de pequenas doses de adrenalina. Ainda não era noite, quando chegamos a Tocopilla. E os companheiros da caminhonete vermelha me levaram até a rua onde estão os hotéis e seguiram seu caminho.

Para minha surpresa, nem hotel e nem restaurante aceitam cartão de crédito e se der sorte de conseguir trocar dólar, somente se a cédula for nova. Então, decepcionado, pois ainda não tinha o que comemorar, fui ao posto de gasolina, e jantei um sanduiche de jamon y queso com coca-cola.

PHD Artur Albuquerque
http://phdalaska.hwbrasil.com
www.phd-br.com.br


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *