Duas motociclistas que determinam seus limites

Elas gostam de quebrar paradigmas, tanto na hora de escolher os modelos das suas motos quanto no uso que fazem delas. Já viajaram para alguns dos destinos mais desejados por motociclistas de todo o mundo e têm metas muito mais ousadas para o futuro. Pilotando motocicletas da marca Harley-Davidson,
elas mostram que viajar de moto é muito mais que um mero devaneio, é uma realidade e uma paixão que levam muito a sério.

O currículo de viagens de moto de Cláudia Fujarra e Valéria Aranha faz inveja a muito motociclista que se diz experiente. Cláudia é motociclista há 28 anos e Valéria há 36. Tiveram motos de várias marcas e sem se conhecer fizeram várias viagens pelo Brasil, cada uma seguindo seu destino. Se encontraram em 2003 e fizeram a primeira viagem longa em 2004, para Buenos Aires, passando por Punta del Este e Montevideo. Na oportunidade Claudia tinha uma Kawasaki Vulcan 800cc vermelha e Valéria uma Suzuki Marauder 800cc preta.

Em 2005 compraram as suas primeiras motos da marca Harley-Davidson, duas Sportster 883 com as quais foram, em 2006, até Santiago do Chile, atravessando a Cordilheira dos Andes e percorrendo mais de 9.000 km de estradas do Brasil, Argentina e Chile.

Em 2007 elas trocaram suas motos pelas Harleys modelo Fat Boy e com elas atravessaram o Deserto do Atacama, num total de 9.700 km. Em 2008 atravessaram a Patagônia Chilena / Argentina e conheceram os Lagos Andinos. No mesmo ano foram para os Estados Unidos para participar das comemorações dos 105 anos da Harley-Davidson e aproveitaram para percorrer 4.000 km das estradas americanas. Em 2009 voltaram para os Estados Unidos para participar da famosa festa de Daytona e percorrer mais quilômetros das estradas americanas.

Também em 2009 elas trocaram as Fat Boy por duas Harley-Davidson Rocker, com as quais fizeram no ano seguinte a sua maior viagem (até agora): foram do Rio de Janeiro até Ushuaia, a cidade mais austral do mundo e conhecida como “O fim do mundo”, com um total de 15.414 km de estradas percorridas.

Somente com motocicletas da marca Harley-Davidson elas têm mais de 100 mil milhas (160 mil km) rodados, distância checada pela própria Harley-Davidson através do programa de milhagem da qual participam. E também demonstram muito domínio sobre as motocicletas vencendo torneios de marcha lenta, que é um teste de destreza e habilidade na condução da moto em baixa velocidade. Quantas pessoas você conhece que podem mostrar um currículo motociclístico como este? Eu conheço poucas.

E não são só com as viagens que elas mostram ser motociclistas diferentes da maioria. Também na escolha dos modelos de motos que utilizam em suas viagens elas gostam de quebrar padrões estabelecidos. A primeira Harley, a Sportster 883, não é considerada uma moto estradeira e para viagens de longa distância. No entanto elas fizeram duas longas viagens com aquelas motos. E a Rocker, que é uma belíssima moto mas usada pela maioria dos seus proprietários como moto de exibição e para “ir na padaria da esquina comprar pão” como escutaram de muitas pessoas por ocasião da compra, elas mostraram que não é modelo ou tamanho da moto que determina a distância a ser percorrida, mas o motociclista e a sua disposição para a estrada. A moto, como diz a Valéria, “tem que representar o estilo de vida e acompanhar os seus sonhos”.

E a disposição é de suma importância para permitir a um viajante passar muitas horas diariamente sobre a moto e enfrentar as várias situações de risco que se apresentam na estrada. Com tanto tempo na estrada elas já passaram por várias situações que podem ser consideradas perigosas, mas a de maior apreensão e medo, segundo Valéria, foi quando estavam retornando de Ushuaia, percorriam um trecho de rípio e ocorreu uma ventania tão forte que chegou a deslocar as motos para várias direções na estrada.

Além da satisfação de vencer desafios, conheçer novas culturas, interagir com os cenários, liberdade, introspecção, força e muita felicidade, viajar de moto significa tudo e inclui o reconhecimento de que somos e nos sentimos pessoas especiais quando fazemos aquilo que gostamos e que muitos têm vontade de fazer mas não podem.

Para Valéria, um momento inesquecível e que guarda com muito carinho em sua memória foi quando estiveram no 14º Encontro Harley-Davidson de Mendoza, na Argentina, e receberam uma homenagem e uma placa com seus nomes e os dizeres: “DESAFIÓ Y VENCIÓ AL FIN DEL MUNDO”.

Perguntada se gostaria de mandar uma mensagem para as mulheres, motociclistas ou não, ela responde com um conselho que vale para todos, homens e mulheres: “Pilotar uma motocicleta é algo muito perigoso, entāo é importante que isso seja uma decisāo da própria pessoa. Partindo dessa decisão siga em frente, nāo importa o que os outros achem, saboreie cada passo da sua descoberta ao pilotar a moto, conheça sua moto, conheça um pouco sobre mecânica e a cada km rodado sua paixāo será fortalecida.”

Planos para o futuro? É claro que elas têm. Em junho deste ano pretendem participar do Laconia Bike Week nos Estados Unidos e estão fazendo planos para uma viagem até o Alasca, pilotando, é claro, suas Harley-Davidson. Vontade e preparo não lhes falta. Elas estão buscando patrocínio para tornar este sonho uma realidade. Alguém duvida que elas não irão realizar mais este feito?

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