De Rondônia a Machu Picchu

O planejamento que fizemos previa uma viagem de 10 dias. Éramos oito pessoas em sete motos, todos de Porto Velho, Rondônia, e era a primeira viagem do nosso moto grupo, o Equilibrium.

No dia 06 de julho saímos de Porto Velho com o propósito de cruzar a Amazônia Peruana e subir a Cordilheira do Andes para chegar em Cuzco e em seguida Machu Picchu, nosso principal objetivo.

Ainda de madrugada partimos rumo a Brasiléia, 777 Km distante de Porto Velho, na fronteira com a Bolívia. Passamos a noite naquela cidade aproveitando que os hotéis na Bolívia são mais baratos.

Logo ao amanhecer fomos para Assis Brasil, na fronteira com o Peru, distante 113 Km. Do outro lado da fronteira a cidade de Iñapari e ligando os dois países uma ponte. Passamos na Policia Federal para registrar nossa saída do país e do outro lado registramos a entrada no Peru com as autoridades daquele país. Foram necessários apenas os documentos de identidade e das motos, que tinham que estar em nosso nome.

De Iñapari a Puerto Maldonado foram 250 km atravessando a Amazônia Peruana. Vimos muitos garimpos de ouro ao longo da carretera e margeando o rio Madre de Dios, que no Brasil conhecemos como Rio Madeira. Esta atividade é a base da economia local, uma região de clima tenso e perigoso.

Chegamos a Puerto Maldonado no dia do aniversario da cidade. Havia uma grande festa com desfile e tudo mais na Plaza de Armas. Resolvemos passar a noite na cidade porque ainda faltavam cerca 600 km até Cuzco.

Machu Picchu 6

Novamente na estrada. No trajeto, passamos por vários povoados e observamos a transição da floresta para a cordilheira. Paramos para abastecer as motos e lanchar em Ibéria, Santa rosa e Marcapata.

Marcapata é uma cidadezinha incrustada nas montanhas, onde tem piscina para banhos termais com fins terapêuticos. O visual é de cair o queixo. A carretera serpenteia a montanha entre nuvens a mais de 4000 metros de altitude. Impressionante.

Seguindo os conselhos dos amigos e a voz da experiência, resolvemos pernoitar em Marcapata para fazer uma adaptação à altitude. Uma pequena mochila que estava na minha moto foi furtada durante a noite. Apesar da chateação, nada que estragasse a viagem.

De Marcapata em diante a temperatura começou a cair drasticamente, indo aos extremo neste dia. O oxigênio era rarefeito, em torno de 5%, e a altitude foi próxima a 5000 metros.

No outro dia cedo partimos em direção ao nosso destino, Cuzco. Subindo a Cordilheira, a corrente e os freios das motos foram testados ao limite, mas minha companheira de viagem foi guerreira, mesmo sendo uma Honda Shadow 600 carburada. Paramos no lugar mais alto da estrada para comer as famosa trutas com papas, o melhor peixe que já havia comido, tão simples mas uma delicia. O lugar era lindo, eu olhava os picos nevados em volta, de queixo caído, a luz do sol irradiava tudo com uma áurea avermelhada no contraste com a neve branquinha. Uma beleza.

A subida da Cordilheira foi muito emocionante. Quem anda de moto e gosta sabe como é a adrenalina, um misto de medo com alegria, um parque de diversão, curvas muito fechadas à beira de precipícios, paredões com pedras caindo do alto, decidas em alta com freios no limite, curvas fechadas com os joelhos quase encostando no chão, o maior barato.

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Para quem pretende fazer esta viagem de moto aqui vai um conselho, não economize nas luvas. Elas têm que ser boas com alguma tecnologia como Gore-tex ou algo similar. Pensei que ia perder os dedos. Minhas luvas eram de couro sintético revestido, que não funcionam durante o deslocamento da moto. O vento parecia cortar a carne. Mas este foi o único problema que tive, o resto foi só alegria.

Machu Picchu 7

O mais interessante de se fazer em uma estadia em Cuzco é ir além da história oficial e do blábláblá dos guias e conhecer o lugar pelos costumes da sua gente. Fugindo das centenas de restaurantes turísticos que existem na cidade, é possível se sentir um pouco cusquenho em uma das tradicionais chicherias e picanterias. Ou provando a famosa chicha de jora, bebida alcoólica andina fermentada, à base de milho.

Os arredores de Cuzco também permitem passeios incríveis. Além de conhecer importantes sítios arqueológicos como Pisac, Ollantaytambo e Moray, é uma ótima pedida para quem procura natureza e adrenalina. Sem contar Machu Picchu, o Caminho Inca e as excursões que aliam história e aventura. Tem que ter fôlego para conhecer a antiga cidade dos Incas, localizada a 3.400 metros acima do nível do mar. Chá de coca ajuda muito a espantar o mal estar que dá em lugares com grandes altitudes (soroche) e garantir a energia necessária para continuar.

Resolvemos fazer um city tur para conhecer melhor o lugar. Várias empresas oferecem todo tipo de passeios. Dá para conhecer o Vale Sagrado de micro ônibus com guia bilíngue. É uma ótima oportunidade para interagir com pessoas de países diferentes. Percebi que quase todos os cuzquenhos falam inglês com uma forte influência americana. De cada 100 turista, 60 são americanos.

E agora estamos tão próximos. A Rodovia do Pacífico, facilitou principalmente para os acreanos e rondonienses.

Continuado nossa viagem, fomos conhecer Machu Picchu. Pegamos o trem para Águas Calientes, cidade de acesso a Machu Picchu, uma das sete maravilha da humanidade. Não dá para descrever, você tem que ver. É incrível.

No fim da tarde me sentei no alto do monte para apreciar o pôr do Sol e refletir sobre a oportunidade que Deus me deu de conhecer tão belas obras de sua criação.

Em seguida voltamos para Cuzco, onde ficamos mais um dia antes de regressar a Porto Velho. A saudades da família já era grande.

O certo é que de tudo vi, conheci e pude fazer, o que mais me marcou foi o caminho percorrido, uma experiência fabulosa em minha vida.

“Toda grande viagem começa com o primeiro passo.”

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Os participantes da viagem foram:

  • Alexsander de Freitas, Honda Shadow VT 600
  • Alexandre Leite, Honda XRE 300
  • Daniel Coutinho, Kawasaki Vulcan 900
  • Eduardo Aranha, Suzuki Boullevard 800
  • Humberto e Esposa, BMW GS 800
  • Pedro Paulo, Honda CBR 250R
  • Wilson, Yamaha XT 660

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