Estou em El Calafate. Ontem tive dois fatos antes de terminar o dia que lhes descrevo, pois um deles foi fundamental no que aconteceu hoje (meu atraso no início da viagem). Primeiro, ao final da tarde minha lombar começou a apresentar dores.
Tomei um tandrilax e continuei deitado lendo. Segundo, logo após as 20h, o Estevam (mecânico que trocou o óleo da Gilda), me ligou e chamou para tomar uma cerveja em um bar juntamente com um amigo e seu irmão. Ele e seu irmão me apanharam no hotel e foi muito legal. Como estarei de volta a Rio Gallegos no retorno de Ushuaia, por duas vezes ele me “intimou” a ligar quando estiver a caminho pois sua família irá preparar um cordeiro para compartilharmos juntos. ?Mais boas amizades sendo feitas graças a minha vida de motociclista aventureiro. ??
Hoje, acordei às 4h (cedo como de costume), com muita dor na lombar. Me levantei com dificuldade e tomei 2 tandrilax, voltei a deitar. Próximo das 8h a dor diminuiu, mas continuava forte. Como carregar a mochila para a Gilda? Como enfrentar horas viajando em moto e sendo submetido a muito frio e vento forte???
Fui até a recepção, me informei de uma farmácia perto e fui andando meio torto (não conseguia ficar com o corpo na posição totalmente vertical) ?. Ao chegar expliquei minha situação e pedi uma injeção forte e que resolvesse. Embora aqui não apliquem injeções sem prescrição médica, abriram uma exceção para o motociclista brasileiro e me deram uma que surtiu efeito, graças a Deus! A dor atenuou bem, preparei a Gilda e sai às 10h30.
OBS: nas vezes que tenho esta dor no Brasil, geralmente passo o dia deitado tomando remédios e aplicando infravermelho.
Entre as cidades de Rio Gallegos e El Calafate (~320km) há um posto YPF em La Esperanza a 170 km (já fui recomendado aqui a só utilizar gasolina Shell ou YPF. Axxion só em necessidade. Outros postos, incluindo Petrobras ? nem pensar).
Este trecho foi o que enfrentei nesta viagem vento com a maior velocidade e frio mais intenso. Logo nos primeiros quilômetros, parei em um posto policial para colocar a balaclava e a roupa de chuva (aumenta a proteção contra o vento/frio). Fiquei sentado uns 10 minutos para aliviar a dor e um dos policiais tentou me fazer desistir da viagem hoje, pois o vento estava muito forte. Agradeci e continuei. PQP, não foi fácil… Orei meu terço e pedi fervorosamente a Virgem Imaculada que aliviasse aquela dor para continuarmos nosso passeio Ela concedeu minha súplica!?.
Pelo menos a posição que fico sentado na Gilda não “incomoda” a lombar, graças a Deus!!!
Chegando ao posto haviam 3 motos, uma brasileira e duas da Colômbia. Os colombianos estavam saindo e fiquei papeando com o casal de brasileiros descendentes de japoneses.
“Tiro o capacete” para estes dois aposentados: são de Campinas/SP, estão viajando há 8 meses, foram até o Alaska, retornaram (para não atravessar novamente a América Central) embarcaram a BMW GS800 e vieram juntos de avião de Los Angeles a Santiago, fizeram toda carreteira austral / cheia de trechos com rípio – e agora estão a caminho de Ushuaia e depois rumo Brasil. Show!!!??
Cheguei a El Calafate e fui direto atrás do único posto YPF da cidade. Aqui cabe mais um detalhe: a Gilda andando entre 80-90 km/h tem autonomia entre 330 e 350 km. Hoje, andando nesta velocidade quase o tempo todo, pois estava submetido a intenso vento lateral e frontal, sua autonomia caiu para ~240 km. ?
Cheguei ao posto e encontrei os colombianos se preparando para sair. O José, muito comunicativo, veio a mim e me convidou para ir até o Glaciar (dista 80 km de El Calafate, logo mais 160 km). Eram 16h, aqui escurece 21h, minha nova companheira de viagem (dor na lombar) “sob controle” e, principalmente, QUASE NÃO VENTA/ALELUIA!!! topei! Abasteci e fomos.
Bem, praticamente impossível descrever o Glaciar Perito Moreno. Resumindo em 2 palavras: MAJESTOSO e BELÍSSIMO!!!?
Sim pessoal, decididamente e verdadeiramente, “MEU DESTINO É O CAMINHO”!!! ?❤????
Meus novos amigos colombianos ?tinham visto alguns locais antes de nos encontrarmos no posto, então me convidaram e topei ficarmos no mesmo hostel (com WC compartilhado), mas muito bom e por $ 500 / R$ 33 a diária com café continental. Ótimo!!! Finalizamos o dia jantando parrilla. Fomos dormir quase 1h da manhã depois de mais este maravilhoso dia que Deus me concedeu. Ohhh gloria!?
Suas motos são Suzuki Vstrom 650, muito bem equipadas.
Hasta luego!
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