De Dionísio Cerqueira a Corrientes

Na manhã do dia 20, acordei cedinho, tomei o café da manhã no hotel, arrumei a bagagem na moto e segui viagem com destino à cidade de Corrientes, na província de mesmo nome.

A passagem pela aduana foi tranquila,
o passaporte facilita a burocracia, e às 8 horas eu já estava na estrada. Meu plano era trafegar pela RN14 e depois tomar a RP17, que leva até El Dorado, uma cidade bem agradável no final da RP17. Esta rodovia provincial (RP) corta uma reserva indígena e não tem muitos serviços ao longo dela – posto de combustível, nem pensar, encontrei apenas um na altura do km 65, se não me falha a memória.

O primeiro abastecimento na Argentina causou um susto, o preço é salgado – cerca de 5 reais o litro. A gasolina é boa, mas não fez uma diferença que justificasse os 2 reais a mais por litro. Eu sempre escolhia o tipo Super, que é o intermediário, mas tem uma boa octanagem, 95 contra 87 da brasileira comum. Minha moto tem um problema: o tanque, de apenas 10 litros, me permite fazer em média apenas 200 km até entrar na reserva – o que nas estradas argentinas significa pânico, pois não há abundância de postos de combustíveis – soube de estradas onde há um intervalo de 250 km sem abastecimento, por isso, levei um galão de 5 litros na bagagem para garantir uma maior autonomia.

Cheguei a El Dorado às 10 horas da manhã e parei em um posto Shell na saída da cidade, ainda em zona urbana, quase no trevo da RN 12, por onde eu seguiria. A maioria dos postos de combustíveis, lá chamados de “estacion de servicios”, tem wi-fi gratuito e isso me permitia a cada parada mandar alguma postagem para casa.

Por volta de 10:30 saí de El Dorado em direção ao sul, rumo a Posadas, distante uns 200 km pela RN (Ruta Nacional) 12, uma estrada boa e bem sinalizada que vai acompanhando o curso do rio Paraná, na divisa da Argentina com o Paraguai. Após uns 30 km, o trânsito estava sendo desviado para uma estrada vicinal de terra, coberta por cascalho – uma dificuldade para passar com a moto custom carregada. A poeira cobria a visão e eu enxergava uns 3 metros à frente, balizado pelo carro que ia adiante. Imagino que aquela gente toda, vinda de um tráfego intenso de uma pista dupla agora desviado para uma trilha, estava seguindo o veículo da frente como uma fila de formigas – era impossível ultrapassar porque havia trânsito nos dois sentidos. Isso se estendeu por 20 km até sairmos novamente na RN12 completamente cobertos de pó. Parei um pouco para limpar minhas roupas e a moto e também praguejar um pouco diante da filmadora.

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Feito isso, segui para Posadas, por onde passei por volta de 12h30. Não parei, pois havia feito um bom lanche no último abastecimento e resolvi seguir direto ao objetivo, que era Corrientes, cerca de 320 km de distância. Posadas é capital da província de Misiones, uma cidade fronteiriça de porte médio que tem ligação com a cidade de Encarnacion, no Paraguai, através da ponte internacional San Roque González, sobre o rio Paraná.

Encontrei o primeiro posto de combustível neste trecho a cerca de 70 km de Posadas e faltando uns 6 km para o pedágio (peaje). Abasteci, fiz um lanche, lubrifiquei a corrente e segui viagem. O dia estava muito bonito, com sol e algumas nuvens para fazer uma sombrinha de vez em quando. A estrada é reta e monótona, assim como a paisagem.

Moto não paga pedágio na Argentina (assim como no Uruguai) e a passagem pelos postos de pedágio se faz quase sempre pela extrema direita das cabines, onde tem um corredor exclusivo e por onde se deve passar muito devagar.

Entrei na cidade de Corrientes às 18h30 e o tráfego era intenso. Em um sinal vermelho, perguntei a um motociclista sobre o endereço onde eu queria chegar, calle La Rioja, e ele prontamente ofereceu-se para me guiar até a rua. Despedimo-nos quando já estávamos trafegando pela La Rioja, próximo ao número onde deveria ir, foi uma boa ajuda em boa hora.

Cheguei ao Bienvenida Golondrina Hostel por volta das 19 horas, retirei as bagagens e levei a moto para o estacionamento, que fica a meia quadra de distância do hostel. Tomei um bom banho e fui dar uma volta pela cidade, quando me dei conta que meu relógio acusava o horário de verão brasileiro e não a hora local – eu estava 1 hora adiantado, gostei disso ☺.

O Bienvenida Golondrina é um casarão antigo, muito bem localizado no centro de Corrientes, quase chegando na avenida que margeia o rio Paraná, a Costanera. Gostei muito de minha estada ali, o ambiente é agradável e o casarão muito bonito.

O preço é razoável para uma cama, 150 pesos (50 reais) e o estabelecimento oferece café da manhã, estacionamento e wi-fi, além de um computador disponível aos hóspedes. O atendimento é muito bom, o pessoal da recepção está sempre disponível e de bom humor. Fiquei em um quarto compartilhado onde havia apenas uma cama ocupada entre as 4 disponíveis, ocupei a segunda. Sob a cama havia uma enorme gaveta onde coloquei todos os meus pertences, passei um cadeado e fui dar uma volta para conhecer os arredores. À noite lavei alguma roupa empoeirada na estrada de terra, minha jaqueta inclusive, e na manhã seguinte estava tudo seco – fazia calor, muito calor.


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