Viagem de moto até o Deserto do Atacama

16º dia – San Pedro de Atacama – San Salvador de Jujuy

Viagem de moto até o Deserto do Atacama

Hoje eu percorri estradas que passavam por lugares maravilhosos. No conjunto, talvez as mais bonitas até agora. Tanto que tirei um total de 464 fotos durante esse dia. Também encontrei com mais brasileiros, que mostraram como ainda encontramos pessoas solidárias, capazes de gestos maravilhosos.

Acordei cedo, arrumei a bagagem na moto e fui abastecer no único posto da cidade. Ao chegar ao posto, encontrei dois motociclistas de Uberlândia, que estavam retornando ao Brasil depois de acompanhar o Rally Dakar por alguns dias. Eram o Gustavo e o Betinho. Conversamos rapidamente e identificamos que nossas rotas eram coincidentes. Eles saíram e eu continuei abastecendo a moto e o galão reserva, que hoje efetivamente teria que ser utilizado. Poucos minutos depois chegou outro motociclista, que veio conversar comigo em espanhol. Perguntou se eu vi dois motociclistas. Eu ri e falei a ele que podia parar de tentar falar espanhol que eu era brasileiro. Nos cumprimentamos. Era o Duda, companheiro de viagem dos outros dois. Conversamos e ele saiu a procura dos amigos.

Saí de San Pedro de Atacama às 9 horas, por uma estrada impressionante com retas muito longas que me faziam subir sem parar. Na medida em que percorria a estrada e subia a altitude, sentia cada vez mais frio.

Já a partir de San Pedro comecei a ver algumas montanhas muito bonitas. Destaque para os vulcões que ficam na divisa entre Chile e Bolívia, com o Licancabur (ou Licancahur) aparecendo onde quer que fosse. Ele tem quase 6.000 metros de altitude. Ao seu lado o vulcão Juriques, com suas encostas avermelhadas, completa a berleza da região. Alguns dos vulcões pelos quais passei ainda estão ativos.

Passei por uma placa que indicava uma estrada para a Bolívia. Me deu vontade de dar um pulo lá para ver a tal lagoa verde.

Depois de percorrer a estrada por mais ou menos uma hora e meia, começou a aparecer uma vegetação que deixava a paisagem dourada. Era um tipo de capim com pequenas moitas arredondadas. Este era o Paso de Jama que tanto havia ouvido falar.

Este capim serve de alimentação para os animais símbolo desta região, as llamas e vicunhas, que logo depois começei a ver pastando. De início poucos, depois dezenas, pastando tranquilamente próximos à estrada.

Este filme eu fiz com algumas imagens que gravei desde a saída de San Pedro de Atacama.

http://videolog.com.br/549496

Continuei subindo e a paisagem alternava entre o árido, lagoas e salares e a tal vegetação dourada, que proporcionavam visões lindas dos Andes. Foi o dia em que mais cores eu vi durante toda a viagem.

Voltei a encontrar os “berlandenses”, desta vez na estrada. Seguimos em direção à Argentina, cada um no seu ritmo. Logo depois passamos pela fronteira entre o Chile e a Argentina.

Já em território Argentino, paramos na aduana. Inicialmente entramos em uma fila grande, mas depois fomos informados de que por já termos preenchido os documentos quando entramos no Chile, não era necessário preencher novamente. Fomos direto para o interior do prédio onde nos liberaram rapidamente.

Como os novos companheiros seguiam num ritmo diferente do meu, continuei minha viagem solitária, parando para ver a paisagem, tirar fotos, descansar e fazer alongamentos. Logo depois de passar a aduana Argentina comecei a sentir uma forte dor de cabeça. Resultado da falta de oxigênio. Alguns trechos tinham altitudes próximas a 5000 metros. Nas paradas que fazia não podia fazer muito esforço que me cansava muito rápido. Em alguns momentos tive receio de passar mal. Mas fora a dor de cabeça, foi tudo muito tranquilo.

Como nos dias anteriores, a excelente qualidade da gasolina proporcionou mais um recorde. A luz de reserva do combustível acendeu com 195 km. No brasil o máximo que havia conseguido antes era um pouco mais de 160 km se mantivesse velocidade em torno de 100 km/h. A autonomia acima eu consegui a 120 km/h.

Um dos momentos mais fantásticos da viagem até agora foi quando cheguei ao salar das fotos acima. Chama-se Salina Grande. E realmente é enorme, apesar de existirem outros muito maiores. Branco até onde a vista alcança.

Fiz este filme quando andei sobre o sal, em direção ao lago.

http://videolog.com.br/549575

Continuando a viagem, a estrada agora tinha cada vez mais declives, de modo que comecei a descer a Cordilheira dos Andes. E a paisagem intercalava entre o árido, vegetação rala ou consistente do capim dourado.

Passamos por uma pequena cidade chamada Purmamarca. Bonita e movimentada. É uma espécie de refúgio para mochileiros e hippies da Argentina, e as motos chamaram muito a atenção. Deu vontade de ficar lá esta noite.

Apesar de ter programado chegar a Salta ainda hoje, conversando com os amigos de Uberlândia resolvemos pernoitar na cidade Jujuy (fala-se Rurui), porque já estava ficando tarde e poderíamos ter problemas para encontrar hotel, além da moto do Duda estar com problemas com a corrente.

Achamos quartos em dois hotéis diferentes próximos, onde nos dividimos. Mais tarde nos encontramos para comer uma pizza. Uma das passagens mais emocionantes da minha viagem aconteceu nesta noite. Conversamos bastante durante o jantar, que aconteceu em duas pizzarias diferentes.

Depois de um dos dias mais emocionantes da viagem, voltamos aos hotéis para dormir.

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