9º dia – Puerto Madryn – Puerto San Julian

Foi um dia em que quase tudo conspirou para que a viagem transcorresse muito bem. Estradas boas, céu azul o tempo todo, temperatura amena do início até o meio do dia (depois fez calor), a moto passou a ser muito econômica, muitas pessoas simpáticas pelo caminho e o tão temido vento da Patagônia veio para ajudar. Enfim, ocorreu um alinhamento dos planetas e a viagem foi muito boa nesse dia. Tanto que fiz 396 km mais que havia planejado.

Logo de manhã a Sra. Maria del Carmen, proprietária da pensão onde estava, bateu à porta para verificar se eu havia acordado, pois estava quase na hora que havia falado para ela que iria iniciar a viagem. Disse que iria preparar o desayuno. Desci com a bagagem e ela estava terminando de por à mesa um café com torradas, manteiga, média luna, café com leite, biscoitos e geleias. Pediu licença para sentar à mesa comigo e perguntou qual era o café da manhã do brasileiro, pois uma moça que esteve em sua casa uma vez disse que o brasileiro come muitas frutas, vários tipos de pães, bolos, pão de queijo, presunto, queijo, etc. Respondi que quando está em um hotel, viajando, o brasileiro tem à sua disposição isso tudo mesmo, mas em casa o lanche comum é um pão francês com manteiga, leite, suco e/ou café que algumas pessoas substituem por uma fruta, iogurte ou um pão com queijo e presunto. Para uma pensão, o que ela estava me servindo era mais que suficiente.

Viagem de moto até Ushuaia - Argentina

Em seguida saí em direção ao destino do dia que era Comodoro Rivadávia, distante 570 km de Puerto Madryn. No início peguei uma pista simples e com o asfalto completamente marcado pelas passagem dos caminhões, formando uma espécie de trilha, que incomoda bastante a pilotagem.

Mas é um trecho curto, que leva a uma pista duplicada e muito boa. Essa estrada cobre praticamente toda a distância entre Puerto Madryn e Trelew. A partir daí volta a ser pista simples. Os primeiros 60 km o asfalto depois de Trelew estão muito ruins. Estão construindo uma outra pista ao lado, provavelmente para duplicar, e parece que esqueceram de dar manutenção na antiga. Depois melhora e em seguida aparecem alguns trechos com as “trilhas”. Passei por alguns pontos com obras, um deles com desvio por uma estrada de terra, mas foi tranquilo passar, pois está bem compactada. Até consegui ultrapassar um caminhão a mais de 100 km/h nesse trecho.

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Eu planejei viajar somente até Comodoro Rivadávia nesse dia, com possibilidade de passar em Punta Tombo para ver a pinguinera, mas ainda preocupado com a questão do combustível, resolvi não parar e seguir viagem. Ao chegar a Comodoro ainda eram 13h30, muito cedo, então resolvi seguir para Puerto San Julian, uma cidade distante mais de 300 km, onde eu também havia mapeado os hoteis e sabia onde poderia pernoitar.

Esse foi o dia dos acenos e cumprimentos com farol. Muitos motoristas saudando a minha passagem. Na parada para abastecer em Florentino Ameghino, fui abordado por muitos argentinos para conversar sobre a viagem. Um deles, Sr. Roberto Scabini, morador da cidade de Rio Grande na Tierra del Fuego, disse que o que eu precisar posso procurá-lo. Me passou seu telefone e disse que pertence a um moto clube da cidade. O posto estava bastante cheio de gente, mas a lanchonete estava “cerrada por reparaciones”. Sorte que levo minhas barrinhas de cereais e uma garrafa de água.

Vi muitas pequenas emas, que a toda hora estão no entorno da estrada e muitas delas no asfalto, mortas por atropelamento. Vi também, mas em menor quantidade, perdizes, carneiros, cavalos e guanacos.

Viagem de moto até Ushuaia - Argentina

A temperatura estava amena quando saí de Puerto Madryn, depois começou a esfriar e deu vontade de parar para trocar a jaqueta, mas resolvi seguir com a de verão. Decisão acertada, pois depois de Fitz Roy começou um calor intenso.

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O vento foi muito tranquilo o dia todo e quando ele resolveu aparecer, veio de trás, exatamente depois de Fitz Roy, o que aumentou o calor, pois a moto e eu não recebíamos o vento frontal e o calor gerado pelo motor subia para minhas pernas. Em determinado momento eu estava em uma velocidade de 120 km/h e experimentei levantar os braços e não recebi a força do impacto do vento frontal, foi uma sensação muito diferente.

Em Puerto San Julian, fui ao primeiro hotel que estava na minha lista. 400 pesos. Pedi para olhar um quarto e era razoável. perguntei se aceitavam dólar e não aceitavam. Resolvi ir para o segundo da lista, mas vi na outra esquina um hotel que estava também mapeado, mas por último a verificar. Parei e peguntei. Muito melhor, mas mais caro: 520 pesos. Resolvi ficar assim mesmo, pois achei que compensava a diferença. Além disso, a economia no combustível ajuda com as outras despesas. Hotel Bahia.

Mais tarde saí para comer um bife de chorizo com papas fritas em um restaurante próximo.

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