Quando nos preparávamos para sair do hotel, para nossa surpresa o Fancesco, o italiano que conhecemos no restaurante, foi até lá para nos ver saindo, o que nos deixou muito felizes. Já na estrada, começamos a sentir um gostinho do vento que nos espera pela frente, frio e forte.
As motos já iniciaram a bebedeira. Foi só apertar na casa dos 140 que elas abriram os gargalos com vontade. Já na primeira parada, o tempo começou a esquentar e logo já estávamos sofrendo novamente com o calor.
A partir de Bahia Blanca fomos observando que a vegetação à beira da estrada foi se transformando, o que antes estava verde e florido passou a ficar totalmente árido e seco, com características de deserto. O sol voltou a castigar e a estrada, com retas intermináveis, fazia com que tivéssemos miragens e em um dado momento eu (Luciano) tive certeza de ver um avestruz na estrada e quando relatei isso para os companheiros, via comunicador, o Ruy disse ter atropelado o bichao.(????).
Mais a frente, o Ruy nos chama a atenção para o mar à nossa frente e eu fiquei a contempla-lo, até Ivan contestar: Mar?? que mar o que, vocês estão delirando sob esse sol, vamos acordar para a realidade. Na medida em que avançávamos, ficava mais difícil. O calor era tanto que não dava para abrir os capacetes, pois dentro deles estava mais fresco do que do lado de fora. Um baita bafo quente.
Para colaborar, os postos de combustíveis começam a ficar escassos e com fila para abastecer. A distância entre os vilarejos agora passa a ser de aproximadamente 150 km e, neste interstício, não há NADA além de estrada reta, vegetação árida, areia e muito vento.
Estamos tendo um grande aliado, o comunicador, que além de dar mais segurança por manter uma comunicação efetiva, ajuda a nos livrar do tédio e espantar o sono. Temos conversado o tempo todo, mas em certo momento, percebi no Ivan e no Ruy um cansaço, sono, sono, sono, e já não tínhamos mais assuntos, foi onde comecei a contar piadas para ver se despertavam. Ajudou, mas não muito, pois contar piada dentro de um capacete sob o sol de mais de 40 graus, com fome, sede e sono não é para qualquer um. Achar graça delas então, menos ainda. Resolvi apelar, comecei a cantar na cabeça deles, se não despertaram pelo amor, agora vão pela dor.
O Ivan logo entrou na brincadeira e me acompanhou. O difícil era descobrir quem é mais desafinado, coitado do Ruy. Foi aí que, ele, Ruy, resolveu intervir, talvez no intuito preservar os ouvidos e começou a cantar. CARAMBA!!! O homem canta mesmo, coisa de profissional. Bem, nesta cantoria toda despertamos, mas também nos distraímos e quando paramos no posto descobrimos que estávamos na direção errada cinquenta km. Putzzz, isso me deixou danado da vida. Agora teríamos que voltar essa quilometragem toda para acertarmos a direção. Como sabíamos que teríamos mais um posto a 130 km e mais outro a 150, enrolamos o cabo com força e olha que o Vovô Ruy resolveu puxar, impondo uma tocada de 150 a 160 km/h. Acho que ele quis relembrar os tempos de Jaspion.
Tudo ia bem até que me reconduziram ao posto de puxador e eu resolvi manter o ritmo, mas logo a frente, deparei com o posto de controle da policia. Nesta hora os dois estavam bem para trás e só eu levei a chamada brava do guarda. Depois do sermão ele me mandou embora, cheio de recomendações. Ufffaaa!!
Chegamos com o pôr do sol às 22 horas no nosso destino. Foram 13 horas de viagem e mais de 900 km. Já estamos com 4800 km rodados na viagem.
Amanhã será dia de folga. Vamos tentar ver as focas e os lobos marinhos.
SUPERAÇÃO
Luciano, Ivan e Ruy
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