Humaitá, AM a Igapó-Açú, AM

Humaitá, AM a Igapó-Açú, AM – 430 km

De roupa limpa, corpo acostumado à rotina e de ânimo renovado, levantamos às 4h30, reapertamos a bagagem que agora tinha mais 15 litros de combustível, 6 litros de água, 2 pacotes de bolacha e 4 refeições liofilizadas. Após um café rápido na cozinha do hotel, iniciamos a segunda fase da viagem, que seria atravessar de Humaitá a Manaus via BR-319, a Rodovia Fantasma.

A idéia era seguir até onde fosse possível e dormir em uma das torres da Embratel, onde possivelmente teríamos um mínimo de estrutura para o pernoite, mas em meu íntimo eu sabia que seria capaz de vencer a estrada e chegar na localidade de Igapó-Açú a 430 km de Humaitá, que segundo algumas informações desencontradas, poderia haver algum apoio com estrutura mínima.

Quando deixamos o hotel pegamos à direita e passamos por um desvio do trevo que estava sendo reformado pelo BEC, Batalhão de Engenharia e Construção. Ainda estava escuro e o ar com uma leve brisa fria, fazia sentir novamente a ansiedade do encontro com o desconhecido.

Seguimos por volta de 40 km por um misto de resto de asfalto, buracos e estrada alisada por uma patrola que transformou o terreno em uma estrada arenosa e perigosa. Era mais prudente pilotar pelo que restou do antigo acostamento.

Depois deste trecho inicial, deixamos a BR-230, que continua até Labrea, AM, paramos para as devidas fotos na placa indicativa da rodovia e por mais uns 20 km a estrada estava perfeita, até começar um misto de asfalto, buracos e poaca. Chegamos na localidade de Realidade, a 100 km de Humaitá, e em uma loja de móveis o Sr. Alaor vende gasolina a R$ 4,00, mas dali mesmo já é possível avistar do lado esquerdo da estrada as instalações de um futuro posto para muito breve.

Continuamos nossa jornada após completar o tanque. Não consegui avistar a fazenda dos Catarinas, local sempre comentado pelos viajantes que passam pelo BR-319. Talvez a tensão me fez ficar muito atento à estrada e acabei passando sem conhecer este local.

Comecei a ver as torres da Embratel e os postes de madeira com a fibra ótica. Depois de uns 50 km de Realidade, não há mais nada, a não ser a torres.

E somente uns 30 km antes de chegar em Igapó-Açú, novamente pode-se avistar algumas poucas propriedades com casas bem simples.

Encontrei no caminho com 3 equipes de manutenção da Embratel, 2 camionetes do Ibama, 1 corsa, 1 montana e uma moto CG.

De dezenas de pontes que passamos, somente 5 ou 6 estavam bem deterioradas, mas nada que impedisse a passagem, talvez com um pouco de mais precaução.

Os últimos 120 km antes de Igapó-Açú parecem ou são os mais demorados. Vale lembrar que mesmo sabendo que já estamos chegando, é prudente manter a atenção e conter a velocidade, pois em alguns trechos o asfalto volta, e da mesmo forma que vem, desaparece seguido de enormes crateras.

Com o corpo acostumado por 6 dias e 2200 km de estrada de terra, consegui manter um bom ritmo de viagem com segurança e às 18 horas estava no povoado de Igapó-Açú, onde avistei e fui direto para a balsa. Conversando com o pessoal me aconselharam que era melhor ficar naquela margem e dormir no Restaurante e Pousada Beira Rio, que teria toda estrutura necessária e que eu não conseguiria chegar até outro lugar no mesmo dia.

Na pousada fui recepcionado por Seu Raimundo e Dona Mocinha, pessoas que são uma lenda local e venerados por todos viajantes que passam pela região. Me instalei em um quarto com cama de casal e um bom mosquiteiro para proteger-me dos pernilongos.

Logo meus amigos chegaram. Tomamos banho em chuveiro com água bombeada direto do rio, uma delicia, para quem iria dormir no meio da estrada, sem banho e com uma comida industrializada. Ter um prato de comida quente e fresca foi inacreditável. Mesmo toda a simplicidade do local que mantinha um gerador para fornecer luz, nos sentimos em um lugar fantástico, difícil encontrar a espiritualidade e o calor humano que recebemos ali.

Hotel Beira Rio 25,00, Jantar + refri + água R$ 13,00

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