Alter do Chão, PA a Moraes de Almeida, PA

Alter do Chão, PA a Moraes de Almeida, PA (passando por Belterra) – 610 km

O horário previsto para saída era as 7 horas, mas atrasamos um pouco. Queríamos passar por Belterra, onde teria ainda alguns traços da ideia do Henry Ford de construir uma cidade aos moldes americanos para industrializar a borracha do látex. Chegamos na cidade e ninguém sabia de nada, então abastecemos e tocamos em frente, perdemos mais ou menos 1h30 vindo pela estrada de terra e procurando informações.

Continuamos até encontrar a BR-163 que está quase 80% pronta até chegar em Ruropolis. O estranho é que sempre que as pontes de concreto estão prontas o asfalto não, e quando o asfalto está pronto as pontes não, depois são os nossos colonizadores os burros… Outra coisa é o fato de que os trechos onde sempre há mais problemas na época de chuva ou onde há subidas tão íngremes que os caminhões têm ser puxados, são os últimos lugares onde chega a estrutura. Sem comentários.

Tranquilamente continuamos até chegar em Ruropolis onde a BR-163 se encontra com a BR-230, onde já havíamos passado, paramos no mesmo posto para abastecer e fazer um lanche. Lá, após ver por várias vezes uma LR Defender 110 branca com placa da Europa na estrada, cheguei cumprimentando em inglês, ele respondeu meu bom dia em francês, respondi em francês que so falava português, espanhol e inglês, dai ele chamou o amigo que estava dentro do carro e falava um pouco de inglês, perguntei onde iam e desaconselhei-os a entrarem na Bolivia por Corumbá, mostrando no mapa para entrarem por Cáceres, que mesmo com todos os problemas de violência de fronteira, ainda a ocorrência era menor.

De novo na BR-230, agora velha conhecida, continuamos até a vila do Km 30, onde tínhamos deixado os pneus on, e onde a BR-163 deixa a BR-230 e segue Brasil a dentro.

A ideia era seguir até Trairão, que haviam me dito que era depois de Caracol, onde era a ideia inicial, mas era o contrário, Traira era antes de Caracol.

Em Trairão paramos para abastecer. Eu aproveitei para lubrificar a corrente e acabei ficando pra trás. Logo após sair avistei a chuva, e já senti que seria forte pois o ar ficou bem gelado, parei para colocar a jaqueta de chuva.

Uns 500 metros depois, ainda no asfalto, a chuva veio forte e logo veio a terra, ou melhor dizendo, o barro. Depois fiquei sabendo que nesta região chovia a 3 dias. Fui obrigado a tirar os óculos que estavam com a lente fumê, mas como eu tinha tirado a pala do capacete, no grande trecho vindo de Santarém, a água escorria toda em meu olhos. Foram momentos de pilotagem só por instrumentos…

Avistei uma carroceria largada na lateral da estrada, parei e aproveitei para colocar a pala no capacete e trocar a lente dos óculos, por uma mais clara. Que diferença. Logo estava conseguindo andar a 50km/h no barro graças aos pneus 100% off. Alcancei os três gauchos que estavam com on/off na chegada de Caracol.

Não avistei meus amigos, que acreditei terem seguido, pois devo ter perdido pelo menos uma hora para trás. Perguntei no posto e o frentista viu duas motos passarem – também lá passam centenas de motos !!! Os gauchos acharam melhor dormirem por ali, mesmo ainda sendo 14 horas, mas o tempo para o sul estava preto.

Segui o caminho para encontrar meus amigos, pensei que seguiriam para Moraes de Almeida a uns 180 km de distância, pois ainda era cedo. Os primeiros quilômetros estavam fáceis, pois estavam secos, dai caiu uma chuva violenta que me acompanhou até Moraes de Almeida, onde só cheguei às 20h30, molhado que nem um pintinho, rs…

Mas a historia não foi tão simples assim: primeiro, ao sair do caminho para desviar dos caminhões que desciam a 0 km uma descida. A moto começou a frear a frente sozinha, eu colocando marcha e a roda da frente travando, até não conseguir seguir mais, porque o paralamas dianteiro entupiu de barro. Fiquei parado a uns 30 cm dos caminhos que desciam de lado com todas as rodas travadas. Fiquei apreensivo e pronto para correr. Como eu havia amarrado as ferramentas com 3 enforca gato, ou presilha plástica bem larga, não consegui cortar com o canivete que eu tinha. Para minha sorte, uma carreta conseguiu parar e me emprestou um alicate, tentei tirar o parafuso do lado do freio e não consegui. Só consegui tirar de um lado, forcei o paralama pra cima e limpei um pouco com o canivete. Consegui continuar por uns 200m até o final da descida, onde novamente a roda travou no paralamas. A tensão não deixou eu lembrar das ferramentas originais, e só lembrei delas quando pedi uma chave 10mm emprestada para o dono de uma Bros. Tirei o paralamas com a chave de boca, pois os parafusos alen já tinha caído. Sem o paralamas continuei a viagem, mas a chuva e a grande quantidade de fumaça ou neblina dificultavam em muito a pilotagem, ainda mais que todo barro agora vinha pra minha cara e para frente da moto. Quando cheguei no asfalto, já era noite, e eu não conseguia ver nada, devido ao excesso de barro no farol, limpei com a luva mesmo, e dai pude continuar, mas a tensão era grande.

Chegar ao hotel foi uma árdua conquista, todo molhado, cansado, com sede e fome. Tirei toda a roupa, coloquei pra secar e fui jantar um espetinho do outro lado da rodovia, voltei e cama.

Detalhe não há sinal de nenhuma operadora de celular, então não consegui contato com os amigos.

Hotel Ipê Brasil 55,00, lanche posto Ruropolis R$ 4,00, suco km 30 R$ 2,00

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