Pela manhã, tomamos um café bem simples no hotel e nos preparamos para a estrada. No exato momento em que saíamos, começou a chover. Nada que um par de capas de chuva não resolvesse. Mesmo com o tempo fechado, decidimos continuar o passeio.
Antes de pegarmos a estrada, demos uma volta por Bilbao. A cidade basca, cheia de personalidade e com uma mistura curiosa de tradição e modernidade, nos recebeu com céu nublado. Andamos por algumas ruas e passamos por monumentos que, honestamente, não chamaram muito a atenção. Visitamos dois dos seus ícones: o imponente Estádio de San Mamés, casa do Athletic Club de Bilbao, onde paramos para algumas fotos, mesmo achando ele um tanto sem graça. O clube é um dos poucos na Europa que só joga com atletas da sua própria região.


Depois, fomos ao ponto alto do dia: o Museu Guggenheim, uma verdadeira obra de arte por si só, com sua arquitetura futurista desenhada por Frank Gehry. E que experiência! Mesmo debaixo de chuva — ora fina, ora mais intensa — conseguimos fazer ótimas fotos. O prédio em si já é um espetáculo, com suas formas curvas e metálicas refletindo a luz difusa do dia nublado. Do lado de fora, o que nos marcou foi a escultura impactante de uma aranha gigante, chamada Maman, criada pela artista Louise Bourgeois. Com mais de 9 metros de altura, ela é ao mesmo tempo fascinante e assustadora — uma metáfora sobre a força e fragilidade das mães.






Aliás, tivemos um momento curioso por lá. Desde o início da viagem, temos o costume de posicionar as motos em locais estratégicos para que elas apareçam nas fotos junto com os monumentos ou paisagens. Para isso, às vezes precisamos “negociar” com as regras, como subir uma calçada — coisa tolerada na França, desde que não atrapalhe os pedestres. Fizemos isso em vários países: Alemanha, Suíça, Luxemburgo… Mas foi justamente em Bilbao que uma guarda nos chamou a atenção assim que encostamos as motos na entrada do Guggenheim. Rápidos no gatilho, clicamos algumas fotos e saímos dali antes que a bronca virasse multa.
Saímos da cidade por volta do meio-dia, pegando a autoestrada em direção à França. Seguimos nela até nos aproximarmos de Bayonne, quando optamos por sair do caminho mais rápido e explorar as estradas nacionais e regionais, que são mais agradáveis para quem viaja de moto. A paisagem começou a mudar, ganhando um ar mais campestre e charmoso.

Fizemos uma pausa em Orthez, uma cidadezinha tranquila com cara de livro de história, que já foi capital do Béarn na Idade Média. De lá, seguimos até Pau, onde decidimos passar a noite.
Pau (lê-se “Pô”) nos surpreendeu. A cidade está aos pés dos Pirineus, com aquele charme das vilas históricas francesas: ruas de paralelepípedo, construções medievais bem preservadas e uma cena gastronômica animada. Encontramos um hotel simpático, em um prédio antigo mas bem conservado, com dois quartos espaçosos e camas confortáveis. Só o elevador é que parece uma relíquia — tão apertado que, mesmo dizendo que cabem duas pessoas, mal acomoda uma com mochila.
Mas a localização compensou tudo: estávamos no centro, praticamente em frente à catedral. À noite, a cidade ganha vida com os restaurantes e cafés cheios. Encerramos o dia com aquela sensação boa de quem está vivendo algo especial — mesmo que chova, mesmo que o elevador seja minúsculo. Faz parte da aventura.

O vídeo abaixo mostra um pouco do que registramos durante esse dia de estrada, arte, chuva e descobertas.
Números do dia:
- Distância percorrida no dia – 290 km
- Distância percorrida até o dia – 3.843 km
Despesas do dia:
- Café da Manhã em Bilbao – 3,90
- Almoço (um lanche reforçado na estrada) – 18,50
- Pedágio Bilbao – 8,10
- Gasolina Oiatzun – 17,44 Euros, 15,13 l, 1,153 / l, 309 km, 20,42 km / l
- Pedágios diversos Espanha e França – 5,35
- Jantar em Pau – 31,00
- Hospedagem em Pau – 24,70
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