23º dia – de Temuco a Bollenar

Levantamos bem cedo também, pois sabíamos que o trecho programado para o dia seria de aproximadamente 723 km até Valparaiso, passando por Santiago.

A Ruta 5 é a principal estrada do Chile. Todo o trajeto foi em pista duplicada e bem conservada. O trânsito estava bem carregado em alguns trechos e com muitos caminhões.

Um pouco à frente da cidade de Los Angeles, a 196 km de Temuco, fomos visitar o “Salto del Laja”. É uma cachoeira bem grande, muito próxima à rodovia e de fácil acesso. É um ponto turístico com uma estrutura de barraquinhas que vendem alimentos e souvenires. Valeu a pena parar para descansar um pouco e conhecer mais esta beleza da natureza.

Souvenires

A viagem estava monótona e cansativa pois as paisagens eram muito parecidas, sempre planas e fazia muito calor. Paramos em um posto para abastecer e conhecemos um peruano que também estava voltando de Ushuaia em uma Honda Tornado 250cc, abarrotada de bagagem. Estávamos conversando, quando passou um senhor e disse para termos cuidado com os ciclistas. Não entendi muito bem o recado, mas aceitei o conselho, mesmo porque já tomava o mesmo cuidado de sempre.

Abastecimento – conselho

Já próximo à cidade de Santiago, lá pelas 16h, chegamos ao único pedágio do trecho e era gigantesco. Deveria ter pelo menos umas 20 cabines de cobrança para cada sentido da via, e estava tudo lotado e congestionado. Pensei: “vai atrasar nossa viagem”. Enquanto esperava, vi um letreiro luminoso com algumas informações e uma delas dizia, “Ruta 68 interditada a partir das 17h”. Não preocupei muito, pois devia ser uma estrada secundária fechada para alguma manutenção.

Demoramos muito para passarmos o pedágio, e quando saímos, já era próximo das 17h. Passamos direto por Santiago e pegamos a estrada para Valparaiso. Poucos quilómetros depois, fomos parados pela Polícia Rodoviária Federal do Chile – “Los Carabineros”, e fomos informados que a rodovia estava interditada para a romaria anual da festa da Imaculada Conceição que acontece nessa data. Aí é que eu fui conferir, e era justamente a Ruta 68, que liga Santiago a Valparaiso. É uma rodovia enorme, de pista dupla e pelo menos umas três faixas em cada sentido.

Essa romaria não é a pé como estamos acostumados, mas sim de bicicleta. Havia milhares de ciclistas nesse trecho de aproximadamente 116 km, promovendo um trânsito realmente intenso que justificava a sua interdição. Comentei com os companheiros: “que falta de sorte chegar aqui justamente em um dia tão movimentado e com a principal rodovia de acesso interditada”. Aí me lembrei do conselho que recebemos sobre termos cuidado com os ciclistas.

Pedimos informações aos Carabineros e eles nos orientaram a seguir pela Via Cuesta Lo Prado, saindo da Ruta 68 bem onde a gente estava. Que bela surpresa foi essa rota! Pista simples, mas bem pavimentada e sinalizada. Subimos uma serra enorme e com uma vista belíssima. Logo depois na descida, as curvas pareciam com as da Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina, só que em uma região muito árida e parecia que não tinha mais fim.

Cuesta Lo Prado – curvas em cotovelo
Bela vista – curvas

Continuamos vendo muitos ciclistas na região e chegamos a Santa Inez, onde os Carabineros nos orientaram novamente para aonde seguir. Andaram conosco uns 10 km para nos indicar o caminho. Eles foram muito atenciosos e agradecemos muito a eles por isso.

Fomos pelo caminho indicado, mas como o trecho não estava no GPS nos perdemos. Já eram umas 23h, não tínhamos mais referências, a gasolina estava acabando, estávamos com fome e não tínhamos hotel para passar a noite. Chegamos à pequena cidade de Maria Pinto e não vimos hotel nem posto de combustível.

Resolvemos seguir adiante e parece que por milagre todos os nossos problemas foram resolvidos. Chegamos a um posto, onde abastecemos tomamos um lanche e pegamos informação sobre um hotel. Era bem próximo, na localidade de Bollenar. Com alguma dificuldade, conseguimos localizar o hotel “Restorant Apetos”, que na realidade era uma pequena pensão aonde fomos bem recebidos pelos proprietários, conversamos um bom papo, jantamos e passamos a noite.

Confraternização

Eu e o Rogério fomos para um quarto em que o aquecedor a gás de água do chuveiro não funcionou. A água estava gelada e todo mundo já tinha ido dormir. Esse banho ficou para amanhã.


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