Levantamo-nos cedo e saímos por volta 07h30. Estava frio, por volta de 5° C. Como não tinha café da manhã no hotel, resolvemos sair logo e tomar café assim que achássemos um local na estrada.
Esse também foi um dos trechos de destaque da viagem, pela beleza do local. Retornamos 15 km pela Ruta 240, pegamos a X-50 por 28 km margeando o Rio Maniguales, até chegarmos novamente à Carretera Austral, perto de uma vila de mesmo nome do rio. Praticamente todo o trecho estava florido de lavanda dos dois lados. O colorido era muito intenso, mas não sentimos cheiro algum das flores.
A estrada estava muito boa e o brilho do sol batendo no topo das montanhas me encheu de alegria, quase euforia pelo belo dia que meus olhos viam. Só pude agradecer a Deus pela oportunidade única.
Chegando à Vila Amengual, demos uma passada rápida pelas poucas ruas, mas não achamos local para comer. Continuamos em frente.
Poucos quilômetros depois passamos por uns barracões parecendo uma fazenda. Tinha um pequeno pátio e uma placa muito interessante na entrada – Servimos Comida. Pela fome do adiantado da hora, demos meia-volta imediatamente e entramos para ver. Esperamos alguns minutos e não apareceu ninguém. De repente vimos uma senhora vindo apressadamente. Ela pediu desculpas pelo atraso, nos levou a um pequeno restaurante e nos perguntou o que queríamos. Pedimos café da manhã. Foi bom demais! Ela mesma fez tudo quentinho na hora e nos trouxe umas empanadas fritas, café, leite e mel. Ela nos ofereceu alguns ovos fritos também, que aceitamos de bom grado. Comemos bem, e como já estava quase na hora do almoço, nem precisamos mais almoçar. Pagamos por pessoa bem menos que o preço de uma refeição, o que foi muito vantajoso.
Seguimos mais alguns poucos quilômetros satisfeitos pela refeição e chegamos ao “Parque Nacional Queulat”, onde fica o glaciar “Ventisquero Colgante”. Pagamos aproximadamente R$40,00 por pessoa para entrar no parque. Seguimos até uma clareira onde fica a casa da administração, com banheiros e um pequeno museu.
Havia diversos turistas, mas um casal nos chamou a atenção. Estavam de bicicleta e começamos a conversar. Eles disseram que vieram de Buenos Aires, na Argentina, que estava distante mais de 2.160 km e estavam andando sobre sua aventura. Aí eles nos mostraram as bicicletas de um casal de ingleses que não vimos e disseram que eles estavam dando a volta ao mundo de bicicleta. Isso sim que era aventura.
Dali pegamos uma trilha para um lago formado pelo degelo do glaciar. Que trilha legal! Passa na famosa ponte suspensa sobre o Rio Ventisqueros. Um rio de águas leitosas e muito turbulentas. Chega a um embarcadouro à beira do lago. Estava saindo uma turma de barco para visitar a cachoeira de perto e não havia mais lugares disponíveis para nós. Não tínhamos muito tempo e resolvemos só admirar a paisagem de longe mesmo, mas o lago e o glaciar eram belíssimos.
Seguimos na Carreteira Austral – que estava muito boa, mais uns 130 km até Vila Santa Lucía, pegamos a Ruta 235 e a estrada W-905 e Ruta 231, sentido fronteira com a Argentina. Esse trecho foi pesado. Rípio muito solto em alguns trechos, muita serra que tinha hora que você achava que a estrada não tinha saída. Passamos por uns lagos muito grandes e bonitos e alguns ciclistas, inclusive mulheres, pedalando sozinhos naquelas montanhas dificílimas para isso. Fiquei admirado.
Próximo à fronteira, chegamos ao Rio Futaleufú, simplesmente o rio mais bonito que já vi na minha vida. Águas limpíssimas de degelo, uma tonalidade verde esmeralda puríssima, uma correnteza com bravura e turbulência incríveis. Vimos uma turma que estava fazendo “Rafting”, mas já tinham tirado os barcos da água e estavam em um pequeno caminhão. Com certeza lá é um local ideal para isso, apesar da água que deve ser muito fria.
Ficamos ali um pouco admirando a bela paisagem, tiramos algumas fotos e atravessamos a fronteira novamente, sentido Trevelin, na Argentina. A estrada continuou bem difícil até lá. Chegamos bem cansados e com fome.
Já era quase noite quando chegamos. Fomos a um restaurante que nos atendeu muito bem. Comemos uma boa refeição e perguntamos a Sra. dona do estabelecimento por um local para ficar. Ela nos indicou uma mulher que alugava umas cabañas e se prontificou a ligar para ela. Na hora de combinarmos a estadia ela perguntou quantos dias iríamos ficar. Dissemos que era somente uma noite. Ficamos com muito pesar quando ela nos disse que o “Parque Nacional Los Alerces” que fica ao lado da cidade, era provavelmente o mais bonito da Argentina, e que precisaríamos pelo menos uns cinco dias para conhecer. Foi uma pena, mas o nosso tempo não permitia. Ela foi lá nos buscar e na hora de sair…. surpresa. O pneu traseiro da minha moto estava furado.
Não tive outra opção. Tiramos os bauletes, colocamos no carro da mulher das cabañas, fui rodando um pequeno trecho com o pneu furado até um posto onde ela nos levou e deixei a moto para arrumar no dia seguinte.
A cabaña era muito boa. Tomamos um banho e fomos dormir logo, pois estávamos muito cansados.
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