Esse dia parecia ser mais tranquilo. Seriam 421 km até Mendoza, com a passagem pelas curvas de “Los Caracoles” e pela fronteira com a Argentina, por isso descansamos um pouco mais e saímos por volta de 8h, após um bom café da manhã feito na hora e servido pela dona do Restaurant Apetos.
Como nossa programação de tempo já estava muito justa, resolvemos seguir direto para Mendoza e deixar nossa visita a Valparaiso e Viña del Mar para uma próxima vez.
Nessa hora, a Ruta 68 já estava desimpedida no sentido Santiago, por isso fomos pelo caminho mais curto até ela. Chegando lá, vimos ainda uma enorme quantidade de ciclistas voltando para a capital e outra grande quantidade ainda descendo sentido Valparaiso. Tinham diversas pick-ups e ônibus levando muitas bicicletas e ciclistas de volta, além de muita gente pedalando também, e entendemos melhor o tamanho dessa romaria.
Ciclistas retornando para Santiago
Outros descendo para o Litoral
Fizemos o anel viário de Santiago e seguimos para a fronteira com a Argentina. Estrada relativamente boa e bem movimentada. Já começava a subir a cordilheira novamente e paramos em Los Andes para abastecimento e um pequeno descanso.
Chegando próximo aos Caracoles, nos deparamos com uma fila enorme de caminhões. Não entendemos o que estava acontecendo e como não tinha trânsito no sentido contrário, resolvemos ir passando devagar. Foram alguns quilômetros de fila até chegarmos a um pare-e-siga. Fomos informados que houve uma queda de barreira e que a pista estava sendo limpa, mas que não ia demorar a liberar.
Por nossa sorte, não demorou mesmo. Foram uns 15 minutos e nós arrancamos na frente de todo mundo. Iniciamos a subida com trânsito livre o que facilitou o desenrolar da viagem. Passamos da curva 19, que tem um mirante com vista para grande parte das curvas abaixo, e resolvemos voltar lá para tirar algumas fotos.
Voltamos e tivemos uma visão realmente muito bonita. Nessa hora os caminhões já estavam chegando e os seus movimentos caracolados pareciam o de uma serpente sobre a terra. Curtimos muito essa visão.
Chegamos a um restaurante bem próximo da fronteira, que nos pareceu bastante acolhedor e de boa comida. Pela primeira vez vimos um self-service depois que deixamos o Brasil, e como já estava na hora do almoço, resolvemos aproveitar. Foi ótimo, pois a fome já batia e o frio era intenso. Não passamos frio, pois os equipamentos nos protegeram muito bem mais uma vez.
Almoçamos bem e seguimos sentido fronteira. A fronteira territorial mesmo é dentro de um túnel, O “Tunel Cristo Redentor de Los Andes”, mas a aduana… ficava um pouco para frente, e era compartilhada ente Chile e Argentina e estava muito cheia. Entramos na fila e demoramos quase 2 horas para conseguirmos passar. Já ouvi relato de pessoas que gastaram 8 horas para passar, não por ter problemas com documentos ou coisa parecida, mas pelo tamanho das filas e pela demora. É também a fronteira mais movimentada entre os dois países.
Após a aduana, no alto da cordilheira, chegamos aos pés do Monte Aconcágua, que é a montanha mais alta do mundo fora da Ásia, com 6.961 metros de altitude – fonte: Wikipédia. Tivemos que parar e registrar também esse momento.
Daí para frente até Uspallata, foram 84 km de uma beleza singular. A descida da cordilheira segue por grandes vales, montanhas íngremes com o solo muito colorido. Tinha hora que parecia que a estrada não tinha saída. Cada parte é de uma beleza diferente e margeamos por um longo trecho o pequeno, mas persistente Rio Mendonza, que atravessa o deserto da cordilheira e corre sentido cidade de Mendonza.
Fizemos mais uma parada em Uspallata, para abastecimento e descanso, e o posto da cidade estava cheio de aventureiros, como trilheiros em motos e jeeps, bicicletas e montanhistas. Foi uma boa confraternização.
Deste local até próximo a Mendoza, o final da descida da cordilheira é igualmente bonita. Passamos por diversos pequenos túneis e daí para frente é uma planura só. Chegamos a Mendonza por volta de 16h. A minha impressão foi muito positiva. A cidade é muito plana, e maior do que eu pensava. Com uma avenida de entrada muito larga, plana e de ruas igualmente movimentadas. A cidade é bem arborizada e com um bom trânsito. A região tem grande produção de uvas e vinhos, vi até algumas placas nas proximidades da cidade dizendo “Vendem-se uvas para produção de vinho”.
Ficamos em um bom apart hotel bem no centro, onde a Cirlene já nos esperava. Conversamos um pouco e saímos para jantar. Ela nos levou a um restaurante que tinha conhecido no dia anterior. Ótima comida e ótimo vinho. Foi muito descontraído e divertido. No dia seguinte, ela já pegaria o voo de volta ao Brasil.
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