Saímos de Marselha e arrancamos para Saragoça. Mais uma grande etapa. Nos últimos dias de retorno da viagem de moto pelo Leste Europeu percorremos entre 800 a 1000 km por dia. Arrancamos direito a Barcelona e chegamos na altura mais imprópria: atravessar Barcelona em hora de ponta é um desafio.
As autoestradas estavam paradas e era impossível avançar. Com as malas das motos torna-se muito difícil passar pelos corredores. Assim, optamos por sair, entrar na cidade e tentar atravessá-la pelas ruas e vielas.
Foi um teste daqueles. Não havia um espacinho por onde passar e a cada rua que chegavamos, o trânsito nos parecia ainda pior. Fiz cerca de 20 itinerários alternativos no GPS, uma perfeita loucura, com a moto quase sempre parada chegando aos 110 graus. O calor que vinha do motor da Ducati dava para assar sardinhas a uma distância de 5 metros.
Depois de muitas voltas e reviravoltas, conseguimos atravessar aquele inferno.
A estrada para Saragoça deu para arrefecer e ganhar algum ânimo. Bom piso, quase sempre duas faixas e com curvas largas que permitiram à Kawa esticar as rodas.
Antes de chegar a Saragoça, a cerca de 100 km, paramos num restaurante para camioneiros e aproveitamos para repor as energias, jantar e assistir ao jogo entre a espanha e Portugal. Aqueles espanhóis realmente… Não merecem o Ronaldo.
À saída, ainda no rescaldo do “estes espanhóis são uns ingratos” fomos surpreendidos por um caminhoneiro Português que rapidamente entrou na conversa, “de fato, não merecem”
Mas como o Mundo é realmente pequeno, palavra puxa palavra, chegamos à conclusão, imagine-se, então o homem ainda era da família do Pedro. Epá somos todos primos caneco.
Depois de restabelecidos, seguimos pela estrada dos caminhões até Saragoça. Os comboios de veículos pesados estavam a perder de vista. Sorte que as retas nos permitiram ir ultrapassando.
O Pedro, confiando na autonomia da sua crosstourer bem se tramou e teve de fazer uma parada de emergência numa bomba de gasolina. Foi o suficiente para o grupo se partir. Mas como os celulares são como os canivetes suíços, conseguiram dar com o hotel através do GPS do dito.
Chegamos ao Hotel estourados, mas com mais uma etapa de regresso feita.
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