A 10 etapa foi – Um risco na parede. Saímos de Liubliana e tínhamos uma etapa com cerca de 1100 km até Marselha na França. As distâncias nos últimos dias não foram fáceis. O percurso foi feito pelo norte de Itália até Gênova, passando perto de Veneza.
É um traçado sempre em Autoestrada, cansativo, só começou a ser agradável depois de passarmos por Gênova, quando a malta circula junto do Mediterrânio. A Côte d’Azur é muito agradável, mas o trânsito é infernal.
Tínhamos decidido ir a Mônaco e lá fomos. Chovia de forma intermitente. A descida para Mónaco até ao Mediterrânio faz-se por ruas, vielas e túneis. O dia não estava fácil e o cansaço de tantos quilômetros começava a pesar.
Existem vários tipos de motociclistas: os que são artistas; os que são sortudos; e os que não sabem como fizeram aquilo. O nosso Runa, cansado que estava da monotonia, decidiu, dentro de um dos muitos túneis de Mônaco, com uma torrente de água da chuva a descer e em curva, pressionar o travão da frente, coisa que desafiou imediatamente as leis da física e o projetou contra a parede do túnel. Claro que um motociclista nunca se atrapalha, ou talvez não tivesse tempo para isso. A parede lá o segurou, não sem antes o nosso Runa lhe ter dado uma valente joelhada, só para mostrar quem manda e, em seguida, em estilo de ricochete, fez uma placagem ao Samuel, que aguentou bem o embate na sua Suzuki. Foi uma espécie de encontro do terceiro grau, sem grandes mazelas. Eu sabia que o jerrican que o Samuel levou preso na parte de trás da mala ainda viria a servir para alguma coisa. É um bom amortecedor.
Na verdade não passou de um susto, mas serviu para a malta se lembrar que não se pode baixar a guarda.
Mônaco é uma cidade-estado muito bonita com o Mediterrâneo aos pés, muita massa e cagança.
Mais tarde e depois de mais uns bons quilômetros, chegámos a Marselha. Lá encontramos o hotel que tínhamos marcado no dia anterior. Pareceu-nos, digamos, um lugar de muita convivência. Apesar de tudo, foi uma noite tranquila.
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