15º dia – de Iquique a San Pedro de Atacama

Eu estava com uma ótima expectativa para esse dia pois seria um pouco diferente. Iríamos juntos até Tocopilla pela “Ruta” 1. De lá, eu e o Rogério iríamos até Antofagasta para conhecer a “Mano del Desierto” e o José Maurício e o Douglas, iriam para Calama e San Pedro do Atacama onde nos encontraríamos no dia seguinte.

Mas logo de manhã vi que o dia não seria tão fácil. Levantamo-nos, tomamos um café rápido, colocamos as bagagens nas motos e saímos. Já tínhamos rodado uns 50 min e o dia não clareava. Acho que saímos cedo demais, não sei bem o que foi. A “Ruta” 1 é simplesmente fantástica. O trecho de 228 km que percorremos até Tocopilla foi todo à beira do mar. Quando clareou, vimos o que estávamos perdendo. É muito legal, subir os morros e margear as praias, sempre vendo o azul intenso do mar.

Amanhecer na Ruta 1, margeando o Pacífico

Logo após a passagem pela barreira da polícia, onde apresentamos os documentos e seguimos sem problemas, o Rogério teve que parar para trocar a lâmpada do farol. Ele já sabia que a moto dele queimava mesmo essa lâmpada, então ele tinha uma de reserva e trocou sem problemas. O pior para mim, foi pouco tempo depois, quando minha moto começou a “dançar de traseira”. “Icha! Pneu furado!”. Eu tinha colocado aqueles líquidos antifuro. O pneu perdeu estabilidade, mas não esvaziou totalmente. Logo em seguida o José Maurício chegou ao meu lado e gritou, “O pneu está furado!” Fiz sinal de ok e continuei. Não tinha muito que fazer. Diminuí a velocidade e fui embora, pensando em parar quando encontrasse uma borracharia. Andei 50 km com ele furado, e a 6 km de Tocopilla, fiz uma curva mais fechada e o pneu saiu da roda. Aí pronto, não teve jeito, tive que parar. Fui verificar e encostei a mão na roda. Quase queimei de tão quente que estava. Acho que o calor fez o pneu dilatar e sair da roda. Coloquei um “Tire Pando” também, mas não adiantou. Não colou e nem encheu o pneu. O José Maurício e o Rogério foram até a cidade procurar um reboque para a moto. Não encontraram, e a única opção foi levar um borracheiro de táxi, que tirou a roda, voltou na cidade, colou o pneu e levou de volta para montar novamente. Passamos na borracharia para pagar os serviços e recalibrar. Só fui recalibrar novamente no Brasil. Acabando isso, já era mais de meio dia, e estávamos umas 3 horas atrasados.

Pneu furado. Tocopilla ao fundo da imagem

Fomos almoçar em um restaurante bem próximo à borracharia. Enquanto esperávamos, chegou uma turma de motociclistas do Brasil. Eram quatro motos e três com as mulheres na garupa. Fiquei abismado, com a coragem, animação e resistência dos casais, em fazer uma viagem dessas com garupa. Tratava-se de uma equipe do Motoclube Tribo do Asfalto, de Joinville (SC). Conversamos muito e almoçamos juntos. Eu queria continuar com o Rogério para Antofagasta como planejado, mas devido ao grande atraso e ao tempo que os companheiros teriam para voltar ao Brasil, resolvi, mesmo contrariado, seguir para San Pedro do Atacama.

No caminho para Calama, meu GPS começou a apresentar problemas. Dava mensagem de “falha de energia externa”, e desligava. Isso me atrapalhou e mesmo perguntando no posto de combustível, pegamos um caminho errado ao sair de Calama. Percebemos o erro cerca de 40 km depois, quando conseguimos informação com um ciclista e voltamos até a cidade para pegar o caminho correto. Depois disso, o GPS funcionava às vezes sim, às vezes não, até chegar em casa.

Confraternização com o motoclube Tribo do Asfalto, Tocopilla

Chegamos a San Pedro do Atacama por volta de 17 horas. Apesar de muitas coisas boas que tivemos nesse dia, eu estava contrariado com os acontecimentos que nos atrapalharam. Estava chateado e nem queria sair para nada. O meu irmão saiu com os primos e comprou os pacotes para o passeio no dia seguinte à tarde, inclusive o meu. Não tive como recusar, paguei e resolvi aproveitá-lo.

Trecho décimo quinto dia

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