Na avenida principal, localizamos nosso conhecido hotel e dirigimo-nos para a recepção. Logo estávamos dentro do quarto e informamos a Luciana de nossa chegada surpresa. Também avisamos que, dado o avanço das horas deixaríamos para encontrá-los na manhã seguinte. Afinal já eram 21 horas. Alguns minutos depois, já despidos de nossa pesada vestimenta de viagem descemos para tomar um cafezinho na recepção e ali estávamos quando a Marcia olhando pela porta de vidro viu a Luciana com o Wlad e seu inseparável colete chamando-nos. O casal de doidos atravessou a cidade e veio buscar-nos de carro para irmos à sua casa.
Passamos a noite agradabilíssima ali, jantando deliciosas pizzas e papeando alegremente com nossos queridos amigos dos quais estávamos muito saudosos. Contamos muito de nossas aventuras e também ouvimos muito do que eles vinham vivendo com a nova fase do tratamento do Wlad. Falamos sobre nosso motogrupo, os Biduzidos, e as diretrizes que se apresentavam para o futuro e como esse instrumento de agregação havia sido tão importante para conquistar e solidificar amizades tão sólidas.
Embora não quiséssemos que a noite acabasse, evidentemente o cansaço venceu-nos e pedimos aos amigos que nos levassem para o repouso no hotel. Pelo caminho combinávamos o encontro do dia seguinte, planejando tomar o café do hotel e depois seguir para a casa deles, quando o Wlad irrompeu absoluto:
“Vocês vão tomar o café lá em casa ! Aqui em Minas é assim. Fazemos tudo em casa ! Nada de hotel”
Tão drástico foi o proclame, que nem pensamos em recusar, ehehe !
Na manhã seguinte fizemos a primeira refeição com Wlad, Lu e Lucas, já programando o almoço, pois o Wlad pretendia saldar uma velha dívida de fazer-nos um almoço de pescados. Logo passou uma lista de pertences e temperos para o preparo das iguarias. Luciana e Marcia puseram-se a campo, enquanto ele mesmo ia para a cozinha, transformando-a em seu laboratório. Tudo isso permeado de muita diversão e variados assuntos. As horas fluíram muito, mas muito rápido mesmo. A refeição rebuscada foi saboreada com avidez e após o café e algum descanso começamos a olhar o implacável relógio que indicava a necessidade de partir. Quatrocentos quilômetros separavam-nos de nossa casa.
Depois de outra despedida calorosa, às 14h30min deixamos a casa de nossos irmãos mineiros para pegar a péssima estrada que nos levaria à boa Fernão Dias, de rodagem fácil e rápida. Tivéramos noticias de nossos amigos que rumavam firmemente para o norte. Estavam bem e venciam juntos as retas intermináveis, enquanto nós outros as curvas sequenciais das estradas do sudeste. Já estava anoitecendo quando entramos no Estado de São Paulo e pouco depois fomos surpreendidos por um ronco fortíssimo vindo do escapamento. Marcia assustou-se, mas eu logo reconheci o barulho: O cano de descarga havia se rompido. Parei no acostamento e preparado que estava para tal emergência, lancei mão de arame e com alicate prendi firmemente o cano, que embora continuasse ruidoso já não apresentava risco de soltar-se. A noite já havia caído quando entramos na Rodovia D. Pedro I e estava muito frio quando chegamos à estrada vicinal que liga a Jarinu. Por sorte consegui reconhecer a pequena e mal sinalizada entrada para aquela cidade de onde parte uma estrada serrana muito travada em curvas que liga a Jundiaí. Pouco mais de meia hora e estávamos em casa.
Fomos entrando na casa vazia meio sem jeito, lembrando aquela velha música do Roberto Carlos, nosso cachorro nos recebeu sorrindo. Tudo estava igual como era antes… Ou não.
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