Neste dia, a pilotagem começa na vastidão e solidão das grandes retas da Ruta 16 e termina a 2.461 m.s.n.m. em Tilcara, na Quebrada de Humahuaca, patrimônio da humanidade (Unesco), na província de Jujuy. O céu nublado amortizou o forte calor, usual quase o ano todo na região.
Após Avia Terai, já se sente o isolamento do Chaco chegando aos poucos, pois vão sumindo as plantações e para alguma necessidade, somente nas pequenas vilas e poucas cidades, bem espaçadas entre si. Mas há combustível. Após Monte Quemado, até choveu por uns 10 minutos, amenizando um pouco mais. O asfalto não está bom após esta cidade, por uns 30 km. Requer cuidados, pois há grandes buracos na pista, assim como com animais soltos pelo caminho. Destaco a fauna do Chaco, grandes gaviões de penacho e milhares de pombas.
Ali no posto YPF, encontrei os primeiros motoviajantes, em regresso de SPA. Um de Porto Alegre, já sênior, em viagem solo, com uma G 650 GS e logo chegou um casal de SP (Santo André) de F 800GS. Felizes pela oportunidade, trocamos idéias da viagem e seguimos em frente.
No final da Ruta 16, inicia-se a subida aos vales temperados de Salta e Jujuy, já com montanhas, curvas e descidas, pelas Rutas 9-34, em autopista e com mais movimento. Muitas obras e desvios ao cruzar por S.S. de Jujuy e em seguida, a transição na subida ao entrar na Quebrada, do verde dos campos para as montanhas de pedra multicoloridas, somente com os grandes cáctus (cardones) nas encostas, que vivem entre os 1800 e os 3000 m.s.n.m.
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No posto YPF de Tilcara, encontrei os motoviajantes do 4 RidersAtacama, de SP, em ida a SPA. Aqui, a moto sendo carburada, já acusou a altitude, morrendo em neutro.
Já havia decidido ficar um dia em Tilcara, para aclimatar e conhecer as atrações da cidade. Fiquei uma noite no Hotel Tilcara Turismo, bem no centro a R$ 66 – diária com café e garagem coberta. À noite, jantar no La Peña de Carlitos, na esquina da praça principal. Restaurante muito bom, com música típica ao vivo após as 21h30 e preços honestos. Ótimo churrasco de lhama, salada, purê e cerveja Salta negra no ponto, tudo por R$ 31. O ambiente é multicultural, os músicos fazem todos os presentes dizerem de onde vem. Vários países representados, sendo eu o único brasileiro. Aqui um detalhe. Tenho o idioma espanhol fluente, por conta de muitas viagens e atividades de comércio exterior realizadas. Para quem não é fluente, recomendo levar um dicionário de viagem, pois irá facilitar muito o dia-a-dia e contatos. Já li relatos onde o motoviajante não sabia pedir para encher o tanque ou um suco…, mas enfim, não é impedimento.
Na segunda noite, me mudei para o Hostal Waira, a duas quadras morro acima da rua principal. R$ 29 a diária em pequeno quarto com banheiro e pátio aberto nos fundos, em ambiente mais informal. O dono tem moto GSA, andou muito pela Argentina e batemos bons papos sobre motos e outros temas, regados a uma Salta pilsen gelada, tortilla e empanadas de queijo, mirando os cerros de colores da região.
Neste dia, conheci o Pukará, com seu jardim botânico de altura, o Museu Arqueológico de Tilcara (muito interessante, com oito salas e peças demonstrando o passado pré-colombiano de toda a região noroeste da Argentina, Chile, Bolívia e Peru).Fiz um mini-trekking para a garganta do diabo, mas voltei antes de chegar, pois não estava com calçado apropriado (chinelos na ocasião) e deu um ventão de dar medo, estando sozinho e a trilha subia muito em um caminho estreito e entre paredões de pedras.
Nota: já conhecia as cidades de Salta e Purmamarca de outra viagem (não em moto). Por isto, passei batido nesta. Para quem não conhece, recomendo fortemente as duas. Para aclimatar na ida, Purmamarca a 2.192 m.s.n.m é também ideal. E Salta, na volta é excelente opção de parada vindo desde SPA . É linda cidade, com sua praça principal de entorno em estilo colonial e muito bem conservado, com boa comida, bons vinhos, segura e de povo hospitaleiro.
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