Saindo de Abancay, já recuperados e surpreendentemente bem mais animados, paramos para abastecer, quando ouvimos o ronco de uma moto. Era o Carlos, harleyro de Abancay com uma Shadow e dono de uma Fatboy. Andamos juntos por poucos quilômetros e nos separamos com destinos distintos.
Depois de muitos quilômetros, sem café da manhã e já com fome (o Ruy, porque eu ainda não podia ver comida pela frente…) passamos por um hotel bem transado no meio do nada e resolvemos entrar pra sondar. Grata surpresa! Um hotel rústico bem projetado e o Ruy tomou um belo café numa varanda de frente para um jardim com céu azul para completar o cenário perfeito.
Com inveja, fiquei só no meu chazinho de aniz ainda com o estômago embrulhado.
Foram 320 km até Nazca, mas ainda no Altiplano Andino, nos deparamos com uma vista magnífica. Após mais uma longa subida para os 4.000 m de altitude, nos deparamos com um visual daqueles de tirar o fôlego. Olhando lá pra baixo a estrada parecia um autódromo mesclado com montanhas e algumas plantações que desafiavam a aridez da região.
Tocado pela beleza das paisagens e emocionado pelo momento magico que a natureza estava nos presenteando, agradeci a Deus e ao amigo Ruy por ter me chamado para esta aventura. Não fosse ele eu estaria certamente em casa assistindo algum programa de televisão ou me distraindo com meu notebook. Viver o que estamos vivendo não é um presente, é uma dádiva.
Paramos num pueblo de beira de estrada para comprar água e fizemos (quase) uma foto com as gatinhas locais. Só não conseguimos porque queriam “propina” (nossa gorjeta) mas fomos cercados por uns carinhas que ficaram doidos com nossas motos e surpresos ao saberem de onde estávamos vindo. Deixei que tirassem fotos montados na Fatboy e temos certeza que esse momento vai ficar na memoria deles o resto da vida (Ruyzão vai enviar as fotos das gatinhas e dos carinhas).
Após Puquio, almoçamos num restaurante muito simples mas com uma truta bem saborosa e barata – dez Soles (um dólar vale 2.60 Soles e um Real vale 1,20 Soles).
Até o entardecer, seguimos num cenário de muitas lagoas e algumas retas planas que nos permitiram tocar mais forte e ganhar tempo. Foi quando começamos a descer o Altiplano Andino e assistindo um verdadeiro milagre. Era o sol se pondo sobre o Pacifico, trazendo uma explosão de cores e tons como se estivesse nos presenteando com esse espetáculo pela nossa chegada ao outro lado do nosso continente.
Entretanto, para alcançarmos esse momento, foram mais de 1.000 km só de curvas. Eram de todos os tipos, fechadas, abertas, subindo, descendo, cotovelos de mais de 180 graus (MUITOS!…), com água, com areia, com terra, de baixa, de alta, enfim uma verdadeira experiência e desafio de pilotagem ainda mais sob ação de temperaturas e altitudes extremas.
Chegamos em Nazca, cidade com todos os problemas urbanos já conhecidos: táxi (bibi! Era buzinação direto), engarrafamento, poluição, barulho, ninguém de capacete e motoristas que não respeitam moto, etc.
Achamos um hotel com garagem (Bris Hotel) próximo à Plaza de Armas. Jantamos uma pizza e fomos dormir com a alma ainda sob efeito desse dia abençoado.
Nota: amigos harleyros, para ninguém esquecer que estamos de Harley-Davidson, a pedaleira do descanso de pé do mata-cachorro da moto do Ruy ficou em algum lugar na estrada…rsrsrs
Redação PHD Fernando
Informação: PHD identifica “Proprietários de Harley-Davidson”, grupo criado pelo Chico de Blumenau em 2002.
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