San Pedro de Atacama era originalmente um centro de parada para os colonizadores espanhóis. Originou-se a partir de sua Igreja de San Pedro, construída pelos jesuítas espanhóis no início do século XVIII. Apesar dos esforços do Governo chileno, esse local permanece ainda hoje como um lugarejo bem aprazível no deserto do Atacama, foi o principal centro da cultura atacamenha e atualmente é um grande centro turístico. É terra principalmente de etnias indígenas, hoje dedicadas à agricultura e ao turismo.
Na antiga praza, sua igreja, que data de 1774, vai revelando os costumes dos seus habitantes: esqueleto de madeira de cacto, adobe e vigas de algaroba amarradas com couro.
O povoado está cheio de bancas de artesanato, onde é possível comprar tecidos, jóias ou ervas, como folhas de coca, cuja infusão pode salvá-lo da puna (ou “mal da altitude”) para visitar os Gêiseres de El Tatio. A 4.300 metros acima do nível do mar, uma das maravilhas naturais com mais visitas por ano. Ao voltar desse passeio, é possível descansar nas águas de 30°C das termas de Puritama.
Como o grupo havia tido uma viagem cansativa na véspera e minha moto e a de Elcione precisavam novamente retornar a “Gomeria” (borracharia), a manhã ficou livre. A moto de Elcione logo ficou pronta, porém na minha foi detectado um grande buraco na parte interna do pneu, o que provavelmente rasgou a câmara de ar. Por sorte, guardamos a anterior e quando levamos ao borracheiro, estava colada superficialmente, soltando com um simples puxão. Ao mostrar ao borracheiro, Tagino comentou: “servicio de boliviano” e este retrucou: “soy boliviano”. Só não caí na gargalhada porque Tagino respondeu “Você é profissional”. Esta brincadeira fez com que o Tagino tivesse que colocar a roda na moto e o “profissional” disse que não era serviço dele.
Após pegar minha moto, seguimos até a Aduana e lá vi o nosso adesivo colado anteriormente pelo Roberto “Bart”, que já tinha percorrido esses caminhos por duas vezes, e fomos ao centro para contratar a empresa “Terra Extreme” para alguns passeios. Como o grupo era grande, conseguimos excelente desconto para os passeios daquele dia e do outro.
Às 15 horas, partimos num micro ônibus em direção a Laguna Cejar. A laguna fica a 18km de San Pedro e, assim que chegamos, ficamos impressionados com o azul da laguna, que realmente encanta. Na realidade, a laguna que dá o nome ao passeio não é a mesma que você passará mais tempo perto, muito menos se banhará. Isso porque essa laguna, a Cejar, possui um índice de salinidade tão alto que chega a formar cristais pontiagudos de sal em sua borda e chão. E é muito perigoso de se cortar. Portanto, nenhuma agência permite que você entre nela. A laguna onde todos se banharam e divertiram, foi a Laguna de Piedra, ao lado da Cejar.
Como contei anteriormente, todas as minhas roupas estavam no bauleto extraviado e não consegui comprar calças, cuecas e calção em San Pedro, somente um casaco de lã de Alpaca que me ajudou tremendamente na passagem pelo Paso de Jama (Contaremos adiante).
Seguimos adiante até os Ojos del Salar. Conforme nos aproximávamos, fomos percebendo duas depressões no solo, uma a pouca distância da outra, como se fossem realmente dois olhos no chão. Elas são formadas por duas poças d’água no chão, da rara chuva que acontece no Salar e recebem o degelo das montanhas por subterrâneos.
Saímos de Ojos del Salar e fomos para a nossa última parada do passeio: Laguna Tebenquiche. Formada com uma fina camada d’água, forma diversos espelhos onde as pessoas vão montando figuras e fotografando É um show à parte, pois combinando com o pôr-do-sol, as cores do deserto vão mudando, Esta lagoa, como a maioria do Atacama, depende do degelo que desce das montanhas e vulcões. Apesar de possuir uma borda enorme, o espetáculo realmente fica por conta do tom alaranjado que toma conta do horizonte ao final da tarde, é um show à parte da natureza, imperdível!
Ao lado do ônibus, Gaston, o nosso guia alemão originário de Hamburgo e reside há um ano e meio em San Pedro, já tinha organizado uma mesa com petiscos e garrafas de pisco sour (bebida a base de limão), onde todos confraternizaram e tiraram as últimas fotos daquele belo espetáculo da natureza.
Retornamos ao hotel e, após um bom banho, partimos em direção ao Kintor (recomendado pelo Gaston), que tem culinária baseada em condimentos da região, carnes variadas, aves e tempero delicioso e com música excelente.
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