Partimos cedo para continuar nossa viagem de moto, agora em direção a Jujuy, saindo do Deserto do Atacama. Nessa manhã, subiríamos novamente os Andes e atravessaríamos o Paso Jama. O Paso Jama é uma passagem através da Cordilheira dos Andes entre o Chile e a Argentina, a uma altitude de cerca de 4.300 m na fronteira. É a fronteira setentrional entre os dois países. A passagem é alcançado através da Ruta 27 (Chile) e a Ruta Nacional 52 (Argentina). A Ruta 27 atinge uma altitude de 4.810 m 100 km a oeste da fronteira.
A estrada foi aberta em 6 de dezembro de 1991, e é pavimentada em toda a sua extensão desde o ano de 2005. Está aberta todo o ano, embora ocasionalmente fechada pela neve. Ela é usado pelo tráfego de caminhões entre o norte da Argentina e Paraguai e os portos do norte do Chile.
A estação de fronteira com a Argentina está logo abaixo e passa no pequeno povoado de Jama.
Após os trâmites nas aduanas, paramos em um Posto de Servicios com boa infra-estrutura, abastecemos e tomamos um café para aplacar o imenso frio que fazia. Aproveitei e perguntei se faziam cambio, estavam pagando 8 pesos chilenos por dólar (câmbio oficial) e somente eu em todo o grupo aceitou trocar. Negociei 500 dólares, o que mais adiante aliviou bastante o grupo.
Seguimos em direção a Susques e paramos para abastecer (conforme orientação de outros motociclistas que já fizeram o roteiro).
O trecho pelo altiplano é de aproximadamente 200km, pegamos trechos com muito frio e muito vento, sendo que um dos pilotos, ao cruzar com um caminhão, chegou a ser jogado no acostamento pelo deslocamento do vento, porém conseguiu evitar o tombo.
Mais alguns quilômetros chegamos ao Grande Salar, que antigamente era uma lagoa e agora está quase seca, onde há uma imensa área plana repleta com mais de 1500km2 de extensão. A Ruta 52 corta o salar e mais adiante fizemos a travessia da bela Cuesta del Lipán, pouco antes de chegar a Purmamarca. São muitas curvas, subidas e descidas e, apesar de diversos relatos de motociclistas falarem sobre o Paso de Jama, este trecho é simplesmente maravilhoso pela grande quantidades de curvas. Neste lugar sobe-se de 2600m para 4200m de altitude.
Na altitude de 4170, local chamado de Abra de Potrerillos, existe uma placa e algumas pessoas vendendo artesanato.
A travessia da Cuesta del Lipán é bem mais demorada e complexa que a travessia dos Caracoles do Paso Los Libertadores na Ruta 7. Muito cuidado nessa travessia, pois em diversos locais, grande quantidade de pequenas pedras roladas de suas encostas e diversos trechos sem asfalto em virtude das obras, além de termos encontrado um caminhão parado em virtude de vazamento de óleo por boa parte de trecho, nos obrigavam a reduzir a velocidade, porém me lembrava demais a Rodovia Serramar que liga a cidade de Casemiro de Abreu até Lumiar (para quem gosta de curvas, um prato cheio).
Mais adiante inicia-se uma mudança de paisagem. Das serras semi áridas que passamos na Cuesta Del Lipán, muda-se o visual para formações multicoloridas e chegamos ao Cerro de los Siete Colores, colina que faz fronteira com a Quebrada de Purnamarca, e a cidade de Purnamarca está a seus pés e ambos são cartões postais dos mais conhecidos da Argentina.
A Quebrada é um vale andino de 155 km de extensão, bem no meio da província de Jujuy. É uma paisagem única no mundo. Sua gama peculiar de cores é o resultado de uma história geológica complexa, que inclui marinha, lacustres e sedimentos fluviais erguidos por movimentos tectônicos.
Próximo dali,chegava nosso destino, onde ficamos hospedados no belo Hotel Altos de Lavina, onde à noite tívemos uma vista maravilhosa da cidade de San Salvador de Jujuy.
Jantamos um primoroso Bife de Chorizo no restaurante do hotel e subimos para descansar, pois mais de 900km nos aguardavam na manhã seguinte.
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