Hoje comecei a segunda parte do roteiro traçado pelo Jorge Meirelles. O objetivo é Andorra, porém passando por um roteiro sugerido por ele que conhece bem a área.
Muitas vezes amigos sugerem cidades, locais especiais ou roteiros de dar água na boca e não entendem, como nós motoqueiros, trocamos o charme, o conforto e a segurança dos grandes circuitos por estradas sinuosas, na maioria das vezes em montanhas, com raros postos de combustível, passando por vilarejos quase desconhecidos para, ao final, sujos, cansados e com os olhos brilhando, prometer repetir o circuito recém terminado. Só quem é do ramo entende e por isso digo que foi uma sorte encontrar o apoio do pessoal do Motoclube do Porto e, em especial, o do paciente e fraternal Jorge Meirelles. Assim como esta viagem, ficará também gravada entre minhas melhores lembranças a irmandade que encontrei entre os “motards” portugueses. Os gajos carregam n’alma o mesmo espírito aventureiro que fizeram este país, contra todos os fatos, tornar-se uma das maiores potências marítimas na época das grandes navegações.
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Isto posto, voltemos à perna entre Miranda do Douro e Riaños. A primeira fase, aquela em território português, me impressionou pela perfeição do conjunto: estradas para quem gosta de pilotar, paisagens de tirar o fôlego, vilas e cidades onde se respira história e uma gente que nos recebe com a alegria de reencontrar um irmão d’além mar. Depois de tudo isso, imaginei que a segunda parte, já agora em território espanhol, muito dificilmente estaria à altura da primeira, afinal, e como fosse pouco, eles não tem o Douro, pensei. Mais uma vez precipitei-me, já na entrada da Espanha começa uma região de barragens cujos lagos refletem ruínas deixadas por antigos habitantes. E foram tantos os que se sucederam ao longo dos milênios que tornou-se fácil identifica-los pela sua influencia nas relíquias históricas deixadas pelo caminho: romanos, mouros, visigodos, saxões, bretões, gauleses, etc.
Como sempre, muitas paradas para fotos ou, simplesmente, para entrar e fazer parte de um cenário, mesmo que por poucos minutos, afinal é o que ainda fazemos no grande espetáculo chamado vida.
Com tudo isso, o tempo de viagem foi aumentando e resolvi acelerar o passo. A melhor saída para fazê-lo era buscar uma autovia e “enroscar o cabo” mantendo 120 km/h e de vez um quando um “outlaw” para acompanhar os mais apressados. Nesse momento o Tomtom Macoute entrou em parafuso e me informava que não havia estrada sob as rodas da Brigitte. Enlouqueceu totalmente, só o mantinha ligado para controlar a velocidade, já que montei todo o roteiro baseado no Atlas de Carreteras Michelin. A estrada que ele jurava de pés juntos não existir é a A6, duas pistas com 3 faixas de rolamento cada uma com velocidade de 120 km/h, que liga Madrid ao Atlântico, ou seja trata-se de um boçal.
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No km 160 da estrada, peguei a N625, margeando o rio Esla, evitando entrar em León e que me levou a Riaño por pista única, asfalto muito bom, como em todas as estradas até agora, e no final (já sendo chamada de N621) um trecho com uma gostosa serrinha e a chegada num belo lago aos pés do Parque Nacional dos Picos de Europa, onde, para não perder o hábito, parei para umas fotos e acabei batendo papo com um motard de Bilbao que parou para fazer fotos também.
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