Depois de três dias juntos – eu, minha querida esposa e nossa filha do coração -, e de ter ficado maravilhado com BH e Inhotim, era hora se continuar a viagem e eu estava bem empolgado em reiniciar a segunda parte da aventura.
Acordei bem cedo. Mônica e Marcella retornariam para Valinhos naquela manhã e eu iniciei o percurso que seria de BH até a cidade de Domingos Martins (ES). Seriam aproximadamente 550 km de estrada sinuosa, com alteração de clima e tudo mais.
Logo de manhã o trânsito já se mostrava pesado na capital mineira e eu me movi com cautela. Mais uma vez senti falta do GPS. Demorei um pouco para sair do centro da cidade e chegar até a BR- 381 que, aliás, estava muito movimentada por caminhões e confesso que este trecho tem um asfalto muito, mas muito ruim e uma sinalização praticamente inexistente.
Quando cheguei à BR-262 tudo ficou melhor. A rodovia está bem cuidada, com bem menos tráfego, mas, é bem agradável por conta da sinuosidade característica desta área mineira (sul e sudoeste) e do seu entorno com plantações de café e banana. Por muitas vezes me senti, literalmente, cortando com minha Midnight uma imensa plantação de café, o que me vez parar diversas vezes para contemplar as belezas dos vales e das plantações e fazer fotos.
Cheguei à divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Confesso que pensava encontrar uma imensa placa, um local de descanso, fazer algumas fotos, mas o que encontrei foi algo muito simples, apenas uma placa. Descansei, fiz fotos e segui viagem. A paisagem continuava bem interessante, com pés de café plantados até bem próximo ao acostamento da rodovia.
Estrada boa e sinuosa, tudo em ordem, apenas um pequeno barulho na motocicleta, que desde o inicio da manhã me incomodava bastante. Era um barulho de borracha esfregando em algo e que aumentava na medida em que imprimia mais velocidade.
Já estava me aproximando das serras capixabas e a temperatura começou a baixar rapidamente. Eram perto das 16h e comecei a ver agora um entorno bem diferente e muito bonito, muitas montanhas, pedras enormes (muito parecidas com o Pão de Açúcar). De repente me deparo com a famosa Pedra Azul, um espetáculo sem igual. Não tive dúvidas e parei para contempla-la e fotografá-la.
Segui meu caminho e quando estava no início do trecho de serras, a temperatura baixou rapidamente e uma fina névoa chegou com força. Precisei fazer uma parada adicional para colocar uma blusa por debaixo do blusão, pois já estava sentindo frio. Estava naquele momento a uns 30 km do meu destino final e, como sempre faço quando estou perto do meu destino final, aproveitei para abastecer e descansar um pouco antes de chegar até a cidade de Domingos Martins e assim chegar atento ao local pois chagaria ao escurecer.
O trecho seguinte também foi muito empolgante e bonito, uma névoa mais espessa, muitas árvores e uma enormidade de pedras que foram cortadas para dar origem aos contornos da estrada. Curvas acentuadas e asfalto molhado, me fizeram seguir com a velocidade baixa para ter mais segurança e para contemplar a beleza do local, verdadeiramente exuberante.
Cheguei com facilidade ao Hotel Recanto Europeia, que fica localizado bem no centrinho da cidade, na Av. Presidente Vargas, 666. Um Hotel simples, antigo, mas que seria o suficiente para eu descansar naquela noite. Acomodei-me e depois do banho saboreei aquele scotch delicioso. Eram 18h30min e estava cansado e com fome. Procurei um restaurante, mas como era segunda-feira e ainda muito cedo, tudo estava fechado e, para ajudar, uma leve chuva começou a cair. Estava no centro da cidade, que é muito bonito, bem ao estilo e o aconchego do centro da cidade de Campos do Jordão na serra da Mantiqueira no estado de São Paulo.
Depois de procurar um pouco e nada estar aberto, resolvi experimentar o cachorro quente da dona Cida, uma servidora pública municipal que precisa fazer um bico para sobreviver. A fome era tanta que o cachorro quente estava uma delícia. Aproveitei para conversar com ela e com os clientes que estavam todos ao redor do trailer e acabei conhecendo ótimas pessoas e também muito sobre a região.
Voltei para o Hotel e como era muito cedo para dormir, fiquei na sala de TV fazendo uma hora quando o Claudio, o rapaz da recepção, viu que eu tinha feito um remendo com fita crepe na ponta de uma das botas, pois ela havia descolado. Ele então me perguntou se eu gostaria que ele chamasse o sapateiro. Eu fiquei surpreso. O relógio marcava pouco mais das 19h. Eu disse ao rapaz que no dia seguinte sairia muito cedo, que agradecia, mas que não daria tempo. Mesmo assim ele ligou para o Tuca, o sapateiro, que depois de uns 10 minutos me encontrou no lobby, conversou e ele levou as botas e as trouxe de volta coladas e costuradas em apenas 20 minutos. Muita gentileza de ambos, Claudio e Tuca, coisas que eu não vejo mais onde moro.
Estava super cansado e fui dormir. Esta foi a melhor noite de sono dos últimos tempos, acho que dormi umas 9 horas.
Pontos Tops do dia:
- Rodovia BR 262 e todo o seu entorno, sinuosidade 10!;
- As plantações de café que avançam até o acostamento;
- O Morro da Pedra Azul (já em Domingos Martins) imperdível pare e faça fotos;
- Se tiver um tempinho, planeje almoçar ou lanchar na Pousada Pedra Azul – ótimo restaurante, lindíssima pousada (arquitetura do Zanini) com uma vista privilegiada do Morro da Pedra Azul;
- O Hot Dog da dona Cida;
- Não deixe de visitar o centro da cidade de Domingos Martins – aconchegante e bem ao estilo de cidade turística, com clima de montanha.
Pontos negativos do dia:
- Preço do combustível em Domingos Martins, abusivo!;
- Barulho na moto (borracha esfregando em algo).
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