Extorsão de policiais argentinos

O que fazer se um policial tentar te extorquir

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O mototurismo é uma atividade que tem crescido muito nos últimos anos, com brasileiros de todas as partes do país e suas motocicletas de diversas marcas, tipos, modelos e cilindradas percorrendo as estradas para conhecer lugares, pessoas e, principalmente, se divertir. E esse movimento não impacta apenas a vida dos motociclistas e suas famílias, mas também a economia dos lugares que recebem os viajantes.
Governos nacionais, estaduais e municipais, hotéis, pousadas, albergues, casas de família, restaurantes, lanchonetes, postos de gasolina, oficinas mecânicas, lojas de peças, casas de shows, ambulantes e diversos outros tipos de atividades e estabelecimentos comerciais se beneficiam do dinheiro gasto pelos motociclistas durante suas viagens.

E não é só a economia brasileira que tira proveito desse movimento. Cada vez mais atravessamos as fronteiras do Brasil para conhecer as principais atrações dos nossos vizinhos. Deserto do Atacama, Ushuaia, Patagônia, Machu Picchu, Cordilheira dos Andes e Salar de Uyuni são apenas alguns dos muitos lugares que atraem os motociclistas brasileiros, que procuram não só alcançar algum objetivo turístico com suas motos, mas realizar seus sonhos de aventura.

Entretanto, alguns problemas costumam dificultar um aumento ainda maior dessa prática em alguns países, como é o caso dos achaques sofridos pelos brasileiros de policiais argentinos, que utilizam diversos subterfúgios para tirar dinheiro dos visitantes. Aproveitando que a maioria dos viajantes se sente insegura por estar em outro país e em um ambiente estranho, acabam se submetendo a exigências descabidas e tendo que pagar “multas” em dinheiro, diretamente para para os policiais, sem receber comprovantes. Temos notícias de companheiros que tiveram que pagar propinas por não levarem mortalha, fósforo, extintor de incêndio e triângulo em suas motos ou ainda serem acusados de infrações que não cometeram.

Alguns policiais são mais diretos e pedem uma “contribución” na cara dura, como ocorreu comigo duas vezes em uma das viagens que fiz pela Argentina. Fui achacado pela policia caminera na Ruta Nacional 16, uma nas imediações da cidade de Taco Pozo no Chaco e outra em Monte Quemado, Santiago del Estero. Eu até tirei uma foto dos policiais que me exigiram dinheiro.

Na Ruta Nacional 14, um motociclista foi multado porque não tinha pintado na sua motocicleta peso e tara. E na certeza da impunidade o policial ainda forneceu o recibo, que pode ser visto na imagem abaixo.

O experiente motociclista Wanderley Parada, de Santos/SP, percorria essa mesma estrada quando foi “roubado” pelos policiais e fez esse vídeo abaixo, já bastante divulgado na mídias sociais, onde mostra sua indignação com o que ocorreu.

Outros dois motociclistas tiveram que pagar propina a policiais da cidade de Corrientes por transitarem na pista central da Avenida Pedro Ferre, passagem obrigatória para quem vem do Brasil pela RN 5 para pegar a RN 16.

Eu já passei três vezes por essa avenida e nunca vi uma placa indicando a proibição, mas sempre passei pelas pistas laterais por ter lido relatos de motociclistas que tiveram problemas nessa cidade. O motociclista Jorge Luis Tavares, de Uberlândia/MG, gravou o momento que pagaram a “multa”. O posto policial que aparece na gravação e na imagem acima fica um pouco antes da entrada da bonita ponte Gral Belgrano, que atravessa o Rio Paraná.

Mas o que fazer se for retido em uma situação como essa? Pagar ou não? E tem como reclamar?

Se sujeitar ou não ao achaque de policiais corruptos vai da consciência de cada um. Se você não cometeu uma infração, é seu direito não ser incomodado e se for, reclamar com as autoridades competentes. O problema é a quem reclamar. Abaixo eu relaciono algumas informações para evitar problemas com a polícia argentina, mas que valem para qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil:

  • Na Argentina, os problemas normalmente correm com a policia caminera – que é uma espécie de polícia rodoviária municipal – das províncias de Santiago del Estero, Corrientes e Entre Rios. Eles não têm autoridade sobre as estradas nacionais, somente sobre o acostamento, então, se te mandarem parar você deve parar, mas fique na pista;
  • Quando chegar à cidade de Corrientes e estiver percorrendo uma longa avenida, não passe pela pista central, mas pela pista lateral;
  • A legislação de trânsito na maioria dos países civilizados é igual à brasileira e a dos países do Mercosul é a mesma por tratado. Em qualquer lugar que estiver, cumpra a legislação de trânsito e mantenha sempre a velocidade abaixo da máxima permitida;
  • Leve pouco dinheiro na carteira. Esconda e distribua a maior parte do que tiver e deixe pouco à vista. Se eles virem USD 1000 na sua carteira vão querer ficar com esses USD 1000. Se tiver 10 Pesos (menos de R$5), eles vão aceitar isso. Basta dizer que não tem mais, está usando cartão, etc.
  • Leve o telefone e nome de contato do(s) consulado(s) ou embaixada(s) do(s) país(es) para onde vai viajar e, se você notar que a “negociação” não está fluindo, diga que vai registrar uma reclamação com o cônsul;
  • Leve uma cópia da legislação de trânsito do(s) país(es) para onde vai viajar impressa ou salva no celular. A legislação de trânsito argentina é esta;
  • Dê uma lida nesse artigo Documentos para uma viagem de moto pela América do Sul
  • Tenha sempre bom senso;
  • Não estresse, você está em férias;

Por fim, se passar por uma situação como essa, divulgue para seus amigos motociclistas, junte comprovantes, denuncie para a imprensa do país onde o fato ocorreu, para o consulado na sua cidade ou para a embaixada do país no Brasil. E não deixe de falar o quanto aquele país perde de divisas com os motociclistas que se sentem constrangidos e indignados com esse problema e acabam não retornando mais àquele país.


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